prologue

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2026, Sede do FBI, Washington;

Niall encarava a multidão a sua frente. Eles tem dificuldades para encontrar seus lugares, para permanecer neles e principalmente manter as bocas fechadas.

Em poucos minutos, aquilo se tornou o caos. Não demoraria até que o diretor subisse até lá e desse um basta ao projeto que mal se iniciou.

Com um suspiro cansado, o rapaz de cabelos castanhos e sotaque forte dá um passo a frente, os polegares se enganchado nas laterais do cinto, onde o distintivo reluz na fivela em seu brilho dourado com a camisa preta de manga curta agarrando-se aos músculos de seu corpo bem moldado, ostentando as iniciais da maior força policial e investigativa de todo o mundo. Sob a luz rarefeita do palco do auditório, com olhos espertos e ao mesmo tempo meigos e um sorriso deslumbrante não parecia difícil aos futuros agentes enxergar o motivo de Horan estampar todos os cartazes e anúncios do FBI.

Ele aparentava a excelência, a forma gloriosa de um policial. Bonito, imparcial, rígido e correto. O tipo de cara que te salvaria de todos os perigos sem desmanchar o topete.

— Fiquem quietos ou irei mandar todos de volta para a academia e acreditem que meu relatório não será nada favorável a vocês, companheiros. — Cortou o burburinho com sua voz alta e carregada, os jovens rapazes e moças com ambições de crescer dentro da corporação arregalaram os olhos, e partiram em busca de seus assentos, em silêncio e afoitos.

Ele esperou, pacientemente. Os saltos de seus coturnos bem lustrosos tilintavam contra o assoalho de madeira conforme caminhava de forma calculada, examinando cada um.

Nunca era fácil motivar alguém nesta fase, muito menos quando ele próprio se sentia bastante desmotivado.

Não era a mesma coisa sem ele aqui.

Há duas semanas, quando o capitão Bassett veio até ele com o pedido de que ministrasse uma palestra motivacional aos novos recrutas sua primeira reação foi recusar, afinal, Niall estava há mais tempo do que se lembrava na parte burocrática, seduzir os recrutas era função dos agentes. Aqueles que viviam os perigos das ruas e as atrocidades mundanas, porém, ele não pôde recusar.

Quando chegou em casa passou horas e horas encarando o pé descascado da mesa, o sofá remendado graças as garras afiadas de Penny e ouvindo a respiração suave, quase na mais completa paz de Hailee no outro quarto. Niall empurrou a porta com cuidado e admirou a noiva dormindo serena e profundamente, as cortinas afastadas permitiam que a luz lunar invadisse seu quarto e caísse sobre seu corpo e ela era uma visão e tanto.

Casamento.

Filhos.

Felicidade.

Foi impressionante como essas três palavras ao passarem por sua mente automaticamente deram-lhe o rumo para o que fazer. Não era exatamente correto ou aconselhável, mas ele se arriscou a ir ao seu superior com essa proposta que depois de muito relutar acabou por aceitar.

Niall sabia que a melhor forma de chegar a esses garotos não era com filmes mostrando a excelência do FBI, homens fortes pegando em armas ou mulheres rendendo bandidos e fazendo a justiça acontecer. Não era nada disso, infelizmente nas outras salas era tudo o que eles viam. O FBI era vendido como a mais absoluta perfeição, com seus agentes que estavam mais para máquinas de combate resolvendo casos insolucionáveis e isso apenas enraizava uma ideia completamente errada. Horan acreditava que as coisas eram assim e talvez acreditaria até hoje se não tivesse visto o que viu, melhor, se não tivesse vivido tudo aquilo de perto.

Às vezes o lado feio das coisas precisa ser mostrado.

O silêncio entre os recrutas finalmente chegou.

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