— Louis! Louis! Pare com isso. Você vai matá-lo. — Alguém gritava distante enquanto minha mente vagava pelo limbo, eu não sentia absolutamente nada, nada além do meu punho se chocando contra a carne esponjosa, o sangue manchava meus dedos e o impacto dos ossos era incômodo, mas não o suficiente para me parar. Nada me pararia, não enquanto ele estivesse vivo.
(...)
— Eu juro por Deus que não entendo o seu problema. — A diretora, Srta. Smiths repetia, andando em círculos por sua sala. Meus pais estavam a caminho, a polícia estava lá fora e o garoto que eu nunca tinha visto antes estava a caminho do hospital dentro de uma ambulância.
— E-Eu não fiz por mal. — Solucei angustiado, torcendo meus dedos sobre o colo — Eu juro! Quando eu olhava pra ele, não era o Jack que eu via, era outra pessoa, não foi por querer, não queria machucar ninguém. Me perdoa, por favor.
— É sempre a mesma desculpa. — Ela se sentou em sua cadeira, a mesa entre nós e seu olhar cortante caindo sobre mim — Quando você apenas gosta disso, não é, Louis? Você gosta de ferir os outros. Te faz se sentir superior? Te ajuda a esquecer que você é na verdade um fraco?
Desvio a atenção dos meus dedos para encara-la diretamente. Até então ninguém me olhou daquele jeito antes. Um olhar de repulsa e medo.
— Por que está dizendo isso?
— Porque eu conheço seu pai e sei que você está se tornando exatamente igual a ele. — Srta. Smiths colocou as mãos sobre a mesa e abaixou o rosto, alinhando-o ao meu, a voz baixa e fria, sussurrante ao dizer: — Um maldito psicopata.
Por um instante fiquei magoado, no seguinte enfiei o lápis em sua mão.
(...)
— Eu não quero ir! — Resmunguei me agarrando ao travesseiro e correndo para dentro do armário. Minha mãe que já tinha a mala pronta em mãos revirou os olhos, dando mais um trago em seu cigarro, ela estava aborrecida comigo e tinha mais uma das minhas muitas irmãs na barriga.
Porém, meu pai dizia ainda ter um pouco de paciência e pediu que ela já fosse descendo com as minhas coisas. Quando ela saiu, me arrastei mais fundo pra dentro do closet.
Mark entrou, calmamente, afastando os casacos do caminho e chutando meus sapatos, ele parou exatamente a um milímetro de me pisotear.
— Não me diga que é um covarde. — Resmungou, severo como sempre foi.
— Não sou... — Retruquei ofendido, embora apavorado, enfiei o rosto no travesseiro — mas eu não quero ir. Se eu pedir desculpas talvez eu possa ficar...
— Pedir desculpas? — Mark cuspiu enraivecido — Mas você mesmo disse que ela havia nos chamados de psicopatas, quer mesmo se desculpar com alguém que ofende você e o seu pai? Que tipo de verme é você?
— Não me chama de verme. — Gritei chutando sua canela.
Em um piscar de olhos ele se abaixou, com o punho fechado na parte de trás dos meus cabelos me arrastou para fora do armário e me jogou na cama. O cinto já estava em sua mão quando ele começou a se aproximar, normalmente eu teria medo, fugiria, choraria, me acuaria, mas por algum motivo o meu corpo queria reagir. E foi exatamente o que eu fiz, tão rápido quanto ele podia ser, puxei o abajur e o acertei na cabeça, meu pai cambaleou e caiu.
Pulei em seu peito, socando-o sem parar.
— Eu não sou um verme! Não sou! Não sou! — Berrava possesso, golpeando constantemente.
Até que ele segurou meus punhos e levantou o rosto, o sangue escorria em abundância de seu couro cabeludo, mas por algum motivo desconhecido ele me olhava com orgulho e sorria.
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ANDRÔMEDA
HorrorLouis Tomlinson era um dos mais renomados detetives do FBI e tudo isso graças a sua ficha impressionante de casos resolvidos, porém nos últimos dois anos o brilhante detetive se via preso no mesmo caso: Um assassino em série que vinha propagando o t...