│20│norma

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"Talvez não haja nada
depois da meia noite
Que possa fazer você ficar
E agora estou em pedaços
E agora você sabe disso"
5Seconds of Summer - Jet Black Heart

...

O volante está coberto de sangue quando afasto minhas mãos dele. Estou diante da casa de Anne, a lua cheia brilhando as minhas costas, mas existe uma sombra sobre mim quando atravesso o jardim, esmagando suas rosas sob minhas botas enlameadas.

Não há ninguém na sala ou na cozinha, o silêncio denunciando que foram todos se deitar. Eu deveria fazer o mesmo, deveria, no entanto me mantenho obstinado, subindo até o segundo andar onde o nosso quarto de hóspedes tem a porta entreaberta, conforme me aproximo consigo visualizar Harry deitado na cama, os olhos quase que totalmente fechados, Spencer em seu colo, segurando uma mamadeira vazia e completamente apagado, apenas o ruído baixo da TV rompendo com a plenitude.

Parei ao lado da porta, deixando apenas parte do rosto visível.

— Harry, Harry! — Chamei baixo, esperando que ele ouvisse.

Logo seus olhos se abriram e ele se arqueou um pouco, como se tivesse se assustado.

— Lou... — Disse rouco, esfregando os olhos.

— Vem aqui.

Harry assentiu, deitando Spencer na cama e pegando a mamadeira. Os seus passos contra o piso eram praticamente inaudíveis e o pijama estava mais justo na barriga, ele vinha como a personificação da inocência. Eu me deixei levar tantas vezes pelo teatrinho de dono de casa dedicado e inofensivo que me esqueci completamente que Harry era capaz de muito mais.

Assim que ele fechou a porta e me seguiu quando me afastei, eu perdi o controle. Era como se não tivesse poder sobre mim mesmo e contra a minha vontade meu punho se fechou e eu acertei seu rosto.

O som de Harry caindo no chão e a mamadeira rolando pela escada retumbou por toda a casa. Finquei os dedos na parte de trás de sua cabeça, o puxando para cima pelos cabelos e o jogando contra a parede. Ele estava exatamente como eu esperava, apavorado e confuso, lágrimas caindo por seus olhos sem a companhia de qualquer soluço e a boca sangrando pelo impacto do soco.

— Louis, o que é isso? — Sibila, a respiração descompensada — Você está m- — O empurro com mais força contra a parede, propositalmente batendo suas costas, automaticamente a mão vai em direção a barriga e a encontro no caminho, virando seu pulso, é evidente em seus olhos o instante em que ele está prestes a gritar, então tapo sua boca, tendo os olhos vidrados de horror fixos em mim.

— Não ouse chorar sua vadia imunda, se soubesse o que eu tenho vontade de fazer com você agora. — Digo em tom baixo, Harry se agita, tentando se soltar e o prenso mais firme, as lágrimas caem em abundância sobre minha palma — Você deve ter achado tudo isso hilário, me julgando todos esses anos e me tratando como se eu fosse um monstro enquanto você fazia bem pior. Foi divertido zombar de mim? Me ver como um trouxa que acreditava em tudo o que você dizia? — Pego o papel do bolso, o balançando diante de seus olhos — Está vendo isso? Me explica essa merda direito!

Afasto a mão e ele inspira ruidosamente.

— Eu não... Eu não sei do q- — Ele não consegue falar, chorando sem parar e cambaleando.

— Eu não deixei você chorar. — Grito, Harry se encolhe — Por que aqui diz que esse homem é o pai da Evangeline?

O cacheado passa os olhos avermelhados sobre o papel, embora eu divide que ele consiga entender algo agora.

— Não sei, deve te-ter sido algum erro. Não sei.

— O único erro foi você abrindo as pernas para outro enquanto já estava comigo.

ANDRÔMEDAOnde histórias criam vida. Descubra agora