❌ESTE CAPÍTULO POSSUE VIOLÊNCIA EXTREMA (EM TODOS OS SENTIDOS) ❌
Eu não deveria ter chorado, eu não deveria ter sido dilacerado
Eu não poderia dizer nada disso
Mas de agora em diante, eu tenho uma doença incurável
Você é meu início e meu fim, isso é tudo
Meu novo encontro e minha despedida
Você foi meu tudo
OUTRO: Tear - BTS. . .
Do lado de dentro do clube é escuro, as luzes brilham e caem sobre nós, iluminando e levando às trevas novamente os rostos dos corpos que se aglomeram nos bares, mesas e pistas. Em cabines apertadas mais de meia dúzia de pessoas se espremem para conseguir uma cheirada promocional antes que o traficante aumente o preço, em outras cabines coisas mais pesadas rolam, agulhas se afundam em braços marcados, cristais deslizam entre dedos nervosos e notas amassadas são rapidamente enfiadas em bolsos junto a anéis de casamentos e a poupança para a faculdade do filho.
Sei de tudo isso porque já perdi as contas de quantas vezes estive neste lugar, de quanto tempo perdi dentro daquelas cabines me drogando, me enervando da vida. Esse lugar é o que eu chamaria de fundo do poço, a maioria que passa por aqui está caminhando para o destino final, um pé na cova, esse é o impulso que resta.
Quem me apresentou esse clube continua aqui e é atrás dele que eu vim hoje.
Entrar não foi difícil, eles realmente não gostavam de se opor quando um grupo grande de esquisitões aparecia na porta, não gostavam de confusão ou chamar a atenção, então só saíram da frente. Se eu estivesse sozinho poderia ter encontrado alguma resistência, a essa altura não estava com paciência para planos mirabolantes, a polícia, o FBI, todo o mundo estaria atrás de mim e isso me obrigaria a pensar dez vezes mais, assim, estava satisfeito por poder me manter irreconhecível dentro do grupo.
Uma vez dentro, ordenei que se espalhassem. O avistei em uma cabine, estava com uma agulha, como nos velhos tempos.
— Leve-o para o quarto. — Disse a Cassandra, ela assentiu seguindo a direção contrária a minha.
Os meus longos anos perdidos aqui me deram certos privilégios como saber que a melhor forma de driblar os seguranças que guardavam as suítes era se esgueirar pela porta do DJ que sempre se mantinha como a pessoa mais chapada do recinto, ele tocava November Rain, a parte final escandalosamente alta e tenebrosa que o deixava alheio a tudo que acontecia ao seu redor como eu entrando na porta às suas costas, passando pelo pequeno camarim fedido e saindo no corredor estreito. Sem câmeras. Pessoas importantes frequentavam esse inferninho e faziam coisas bem erradas e não tinham o menor interesse em serem desmascaradas sobre isso, então, sigilo absoluto.
Caminhei forçando os olhos sobre os números dourados nas portas brancas, eu sabia o número só precisava lembrar... 19. Isso, 19! Uso de um grampo que fisguei do cabelo de Cassandra no momento em que entramos aqui e destranco a porta, adentrando rapidamente, fechando novamente em seguida. O lado de dentro é como sempre foi, apático, sem graça, exceto que ele notavelmente se mudou para cá, uma poltrona espaçosa de couro ocupa metade da sala, a TV é outro exagero, a adega está lotada de uísque – o que ele bebe desde que o conheço – me sirvo de uma dose, não encontro papéis, nada que remeta ao trabalho ou ao que ele faz, quanto a isso segue cuidadoso. Bebericando do meu drinque, continuo a vasculhar o quarto, há uma parede separando a sala da suíte e é bem ali que dou de cara com uma figura familiar.
Paro a uma distância segura – como se um quadro pudesse me machucar, bem de certa forma, pode – engulo com amargor, sentindo o nó crescer na garganta. É como um fantasma do passado, mas um fantasma bem vivo. É estranho concluir que essa imagem pertence a alguém de verdade, eu quase consigo associar o rosto a pessoa, na verdade ela não se parece com ele, nunca pareceu. O seu rosto me remete a uma garota pequena, os olhos ocultados seriam grandes e expressivos, porém ágeis e atentos como os de uma raposa e castanhos, enegrecidos ao cair da noite. Com um brilho de malícia.
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ANDRÔMEDA
HorrorLouis Tomlinson era um dos mais renomados detetives do FBI e tudo isso graças a sua ficha impressionante de casos resolvidos, porém nos últimos dois anos o brilhante detetive se via preso no mesmo caso: Um assassino em série que vinha propagando o t...