𝟏𝟏 - estou sempre aqui

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No outro dia bem cedo, Eleonor nos instruiu em nossos discursos. Teríamos que falar sobre melhorias que gostaríamos de propor caso sejamos escolhidas para sermos a próxima princesa.

Um dos critérios para uma boa avaliação era quanta segurança nossas palavras conseguiriam passar para o povo de Honóris.

Passei a manhã toda trabalhando no discurso, e quando comecei a sentir meu cérebro fritando, resolvi que era hora de uma pausa.

Fui para o salão ver o que as outras estavam fazendo. Algumas assim como eu, já estavam trabalhando em seus discursos, outras liam e algumas conversavam animadamente.

Minhas primas em especial pareciam bem estranhas. Cada uma em um canto do salão com caras suspeitas. Nem me dei o trabalho de perguntar o que era.

Não precisava nem pensar muito para saber que aquilo era obra de Christopher.

Até pensei em ir perguntar para ele, mas mudei de ideia. Não precisava de mais dor de cabeça.

— Prima! — eu estava saindo do salão, quando Talita me impediu.

— Pois não?

— É que... — ela hesitou por alguns instantes. — Sei que parece bobo, mas Christopher não falou mais nada depois da noite em que me deu as flores. Acha que devo ter feito algo errado?

Eu amava Talita e estava fazendo o máximo para favorecê-la, mas ela precisava saber que não era a única na competição.

— Claro que não! — coloquei uma mão em seu ombro. — Ainda somos dezesseis, ele deve estar ocupado com outras coisas ou outras meninas.

Fiz o máximo para não soar rude e espero que ela tenha pegado a mensagem.

— Quinze. — corrigiu.

— Como? — perguntei sem entender.

— Você disse "ainda somos dezesseis". Mas você não conta. — falou simples.

— Certo... — tossi para disfarçar enquanto me virava aos poucos. — Eu já vou.

Construí essa imagem de "menos uma na competição" e pelo visto, até que me anunciem no jornal como favorita, todos aqui continuarão me enxergando assim até o final.

Talita não tinha feito de propósito, mas dessa vez aquilo doeu um pouquinho.

Fui até meu quarto tentando esquecer o que ela me disse e quando entrei, Lúcia estava limpando a penteadeira.

— Lúcia. — choraminguei. — Podemos ir até os estábulos?

— Quando eu acabar, podemos sim.

— Obrigada. — me joguei na cama e fiquei esperando ela terminar de limpar como uma criança comportada.

Até me ofereci para ajudar para irmos logo, mas Lúcia não deixou de jeito nenhum, então continuei esperando sem atrapalhar.

Fomos juntas até os estábulos e corri para abraçar Brutus como se não o visse há um mês.

— Vai falar o que está te incomodando ou vai esperar eu perguntar? — disse Lúcia.

— Você acha que eu sou uma competidora à menos? — perguntei enquanto alisava Brutus agachada.

— Claro que não! — negou imediatamente. — Inclusive, acho que a senhorita tem um enorme potencial.

— Eu preferi transparecer essa imagem desde o começo e nunca me importei com o que pensariam, mas por algum motivo, hoje isso começou a me incomodar.

𝐂𝐎𝐋𝐋𝐈𝐒𝐈𝐎𝐍 𝐎𝐅 𝐒𝐎𝐔𝐋𝐒 - 𝘊𝘩𝘳𝘪𝘴𝘵𝘰𝘱𝘩𝘦𝘳 𝘉𝘢𝘯𝘨Onde histórias criam vida. Descubra agora