𝟎𝟓 - confiança quebrada

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Durante a tarde, teríamos uma pequena aula de crochê. Era algo que o príncipe gostaria que sua futura esposa soubesse e para todas terem chances iguais, foi programada uma aula com todas no salão.

Nunca tinha feito crochê em toda a minha vida e pude escutar a voz de minha mãe na minha cabeça dizendo "eu avisei" pois ela sempre quis me ensinar mas eu sempre recusei.

Durante a aula, me senti mais tranquila ao ver que haviam meninas mais desengonçadas que eu. Uma delas até se furou com a agulha sem querer.

Depois da aula, foi nos instruído que teríamos até o fim do dia para terminar o bordado e aquele que ficasse mais agradável aos olhos do príncipe, ganharia.

Passei a tarde inteira tentando. Tentando mesmo. Mas não conseguia fazer nada que ficasse de fato bonito.

Quando chegou o momento que teríamos que entregar, acho que só não fiquei em último porque algumas meninas não conseguiram fazer nada. Lídia ficou em primeiro e com isso, ganhou uma tarde com o príncipe.

— Quem dá tanta importância para um bordado afinal? — reclamei tentando me reconfortar porque eu sabia que se tinha alguém que dava tanta importância, era minha mãe.

— Eu dou. — me virei e vi Christopher. Arregalei os olhos na hora, não estava esperando e algumas meninas em volta soltaram suspiros de surpresa.

— Então sinto muito tê-lo desapontado. — falei meio desconcertada depois de forçar um sorriso.

— Não me desapontou, não imaginei que a senhorita soubesse bordar de qualquer jeito.

— Imagino que tenha tirado essa conclusão de todos os boatos que ouviu, estou certa?

"Como ela tem coragem de falar com o príncipe assim?" foi uma das coisas que eu escutei em volta.

Mas eu não me importava. Não deixaria ele me tirar por menos assim.

— Eu poderia eliminá-la nesse instante, está ciente disso? — falou próximo ao meu rosto.

— Então o faça. — respondi confiante.

— Bom. — ele se afastou. — Todas para seus quartos! — sorriu e foi embora.

Fiquei alguns segundos parada sem entender o que havia acabado de acontecer.

Ele sempre fazia isso. Quando a situação começava a ficar desconfortável ou sair dos eixos, ele sorria de forma fingida e se retirava.

Quando decidi ir para o meu quarto, sou surpreendida ao ver Lídia me esperando na porta.

— Oi, o que faz aqui? — perguntei meio surpresa.

— Queria ver seu quarto, vamos entrar? — sorriu.

— Claro. — abri a porta e dei passagem para ela entrar primeiro.

As moças que me ajudavam com a limpeza e as roupas estavam dando uma organizada, mas Lídia as pediu para saírem.

Assim que elas viram as costas, Lídia fecha a porta.

— Pode falar. — falei já sabendo o que estava por vir.

— Eu vi o seu showzinho agora a pouco, ficou maluca?

— Pelo contrário, nunca estive tão sã!

— Para o seu azar, sua mãe me pediu para avisar qualquer deslize seu. — se aproximou devagar. — Se esse seu jeito esquisito atrapalhar minhas chances com ele, as coisas não ficarão boas para você.

— Prometo me comportar. Era isso que queria ouvir?

— Ótimo. — ela sorriu aliviada e saiu do quarto.

𝐂𝐎𝐋𝐋𝐈𝐒𝐈𝐎𝐍 𝐎𝐅 𝐒𝐎𝐔𝐋𝐒 - 𝘊𝘩𝘳𝘪𝘴𝘵𝘰𝘱𝘩𝘦𝘳 𝘉𝘢𝘯𝘨Onde histórias criam vida. Descubra agora