Xie Lian é um padre de origens desconhecidas que mora numa pequena igreja abandonada de uma aldeia remota.
Hua Cheng é um vampiro constantemente perseguido que já não tem fé na humanidade.
Mas serão eles apenas isso? O que duas criaturas diferentes...
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Há muito, muito tempo atrás, Xie Lian era muito mais do que ele se poderia denominar agora. Há muito, muito tempo atrás, Xie Lian era o dono do mundo.
Dono do mundo era um exagero, obviamente. Mas ele pertencia a um tempo e lugar pacíficos, num reino pacífico de vida pacífica, onde as suas tecnologias, crenças e métodos se envolviam e intercalavam para formar essa paz constante e prosperidade que os movia rapidamente para mais tecnologia, mais avanço, mais fé, e mais métodos.
Atualmente, o reino de Xie Lian poderia ser chamado de reino do diabo, das bruxas, de tudo e mais alguma coisa. Poderia, porque é um reino que já não existe.
Com um suspiro, Xie Lian abriu os olhos, vendo-se sozinho debaixo de um céu coberto por nuvens negras. A sua pele estremeceu ligeiramente perante o vento leve que soprava contra as suas vestes molhadas, após muito tempo mais ou menos limpas e em tons brancos depois de ele ter mergulhado no rio para encontrar QingXuan.
...Xie Lian deixou os lábios encolher-se num beiço choroso ao pensar no menino alegre que tinha pedido a sua ajuda.
Mais uma vez, não posso ajudar ninguém. Não consegui ajudar ninguém.
Estou sozinho.
Como um anjo caído, um vulto familiar apareceu sobre os olhos do padre. Claramente preocupado, ele perguntou:
— Dianxia. Você está bem?
O que é que ele poderia dizer? Parece que, pela primeira vez em muito, muito, muito tempo, o universo deixou que o destino contradissesse os seus pensamentos negativos. Alguém á sua frente conhecia o seu verdadeiro eu e não parecia minimamente incomodado com isso. Alguém conhecia o seu verdadeiro eu e não o odiava por isso.
Mas isso não impedia Xie Lian de se odiar a si mesmo. Silenciosamente, ele sentou-se, abraçou os joelhos e escondeu o rosto entre eles para chorar sem poder ser visto.
Ele sentiu Hua Cheng senta-se a seu lado. O que ele fez para merecer tanta gentileza? Porque um vampiro insistia em continuar do seu lado, a tratá-la com um respeito desmerecido?
— Eu não tenho nada para oferecer... se queres o meu sangue, podes simplesmente levá-lo; de qualquer forma, não é como se eu fosse morrer ou algo do género...
Um suspiro pode ser ouvido:
— Eu não desejo sangue, muito menos a sua morte. Vossa Alteza-
— Eu não sou mais "Vossa Alteza"!!! – gritou ele, entre lágrimas – O que estás a tentar fazer, brincar com a minha cara?! Com o meu passado?! Eu sei muito bem que sou uma piada, não preciso de ninguém para me forçar a aceitar um facto que já sei que é real.
