23 | ROLEZINHO DA PERDIÇÃO

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Certo, essa não era a sessão de estudos que eu esperava.

— Mais alto!

— Marinette, vai devagar!

Ofego, consigo sentir meu pescoço suado.

— Quer parar? — Digo.

— Já faz trinta minutos!

Então finalmente percebo que minhas pernas já estão doendo e meu coração bate muito acelerado. Adrien solta um suspiro audível e se joga na cama-elástica de braços abertos.

— Finalmente.

— Lembrando — Tomo fôlego quando me sento — Você que deu a ideia.

— Minhas ideias são estúpidas.

Solto uma risada infantil.

— São mesmo.

Consigo ver seu rosto suado, a pele dele parece brilhar. Acho que adrien é a única pessoa do mundo que faz com que o suor não pareça nojento. Ew, censuro meu próprio cérebro, pareço uma adolescente apaixonada.

Assim que saímos da escola, Adrien me perguntou se podíamos ir algum lugar antes de começar a estudar pra valer, fiquei preocupada com minha média, mas no fim pensei comigo mesma, por que não? Então acabou que estamos em um fliperama no shopping, implorei para irmos no pula-pula, e como sou bastante persuasiva, Adrien não se opôs, mas agora vejo o quão pesado peguei com ele.

— Podemos estudar agora se você quiser-

— Não! — Adrien levanta-se num salto, como se não estivesse morrendo há apenas alguns segundos atrás — Quero me divertir primeiro.

Então eu apenas dou de ombros, esticando a mão para que ele se levante.

— Aonde vamos agora? — Eu pergunto assim que atravessamos a rede de proteção do brinquedo.

— Você gosta de videogame?

Acho que eu sorrio mais macabro do que o coringa, mas não consigo disfarçar minha animação.

Passamos no caixa para comprar algumas milhares de fichas, e Adrien paga todas como se dinheiro fosse água. Me preocupo com o quanto gastamos, porque Adrien também não me deixa pagar nada. E tipo, eu sei que o pai dele é rico, mas não acho que ele cague dinheiro.

— Tudo bem se você gastar tanto assim? — Pergunto após vê-lo inserir quatro fichas em um jogo de apocalipse zumbi.

— Não se preocupe, quando a fatura me render algumas ligações eu posso pensar em moderar. — Ele diz com um sorrisinho de canto — Você pode me pagar com a sua companhia.

O modo como ele diz me faz rir involuntariamente.

Por isso sou sua amiga.

Espero que Adrien ria da minha gracinha, mas ele está sério, e com isso penso se disse alguma coisa errada.

— Você me vê assim? — Ele finalmente diz — Como seu amigo?

Não entendo aonde quer chegar, então apenas digo o que eu acho que deveria dizer.

— Sim…

— Não faça isso.

— Por que não?

— Porque eu não me vejo assim, pare de pensar em mim dessa maneira.

O que ele disse? Não me vê como amiga? Meu rosto esquenta, mas antes que eu possa racionalizar, ouço mais um tiro do videogame, indicando a morte de mais um zumbi.

Rejeitados | MLB • AdrinetteOnde histórias criam vida. Descubra agora