• Bloqueio •

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Kim

- Não, e olha, sabe o que é mais engraçado? É que eu estava pronto pra tentar te entender e passar por cima de tudo se você dissesse que me amava. Mas você não me ama, pra você eu sou apenas parte de uma investigação falida que no final não serviu pra nada além de me trazer dor e sofrimento. - eu travei. Quando o assunto é dizer o que eu realmente sinto eu sempre travo. Vejo ele se soltando do meu aperto e indo embora sem eu conseguir fazer nada, a dor que sinto nesse momento é indescritível.

Perder o Chay é uma dor que eu carrego comigo. Eu só queria proteger ele dessa merda toda de máfia, família doente, sequestro, violência, essa vida não é pra ele, ele é uma pessoa frágil, sensível e inocente, contamina-ló seria pior que um crime. Se eu soubesse que não teria jeito de livrá-lo dessa vida, eu jamais teria me afastado, nunca teria ó abandonado.

Tudo que eu mais queria, era ter a capacidade de dizer o que eu sinto pra ele, de falar o que ele mais queria ouvir e o que eu mais quero dizer, "Eu te amo", mas eu simplesmente não consigo por em palavras o que se passa dentro de mim. Essa vida e tudo que aconteceu durante todos esses anos me fizeram incapaz de demonstrar sentimentos como afeto, carinho, amor... Quando eu era pequeno me lembro bem de tudo isso ser diferente, eu era carinhoso e afetuoso com os meus irmãos e principalmente com a minha mãe, apesar do papai nunca me tratar mal, eu sentia que o meu jeito o incomodava de certa forma. Quando a mamãe se foi eu não conseguia mais ser o mesmo. Não consegui falar por um ano inteiro, fiquei mais fechado, me afastei dos meus irmãos e desaprendi à falar a frase "eu te amo". Khum sempre foi o meu porto seguro, apesar de eu tentar afastá-lo ele sempre ficou, eu era até um pouco maldoso com ele, não porque eu queria, mas sim para que ele se afastasse de mim, mas ele continuo lá e está ao meu lado até hoje, mesmo com algumas implicâncias e trocas de farpas, mas sempre ao meu lado, jamais me abandonou e eu me sinto feliz por isso.

Descobri a música ainda pequeno, mamãe sempre dizia que eu tinha a voz de um anjo, depois que ela se foi, me agarrei a música como uma tábua de salvação. Mas o papai achava tudo uma perda de tempo, dizia que eu precisava me ligar mais aos negócios da família, que ele via um futuro promissor para mim ao lado de Kinn, já que Khum não estava apto para função devido aos inúmeros traumas que sofreu, mas nem amarrado eu iria fazer parte daquilo, não era isso que mamãe queria para mim e não era isso que eu queria. Aos 15 anos, Kinn me presenteou com um violão escondido do nosso pai, ele me pegou de surpresa já que ele se manteve afastado desde do momento em que eu decidi que não queria aproximação. Mesmo que ele não fosse teimoso e insistente igual ao Khum, ele sempre continuou zelando por mim, me dando cobertura todas as vezes em que eu fugia para as aulas de canto e pagou por todas elas com a mesada que recebia do nosso pai. Quando completei 17 anos, decide que não ficaria mais naquela casa, eu não queria ter nada haver com a máfia, mesmo sempre carregando a minha tauros comigo, afinal fui sequestrado 3 vezes e mesmo que eu tente, não é como se fosse possível sair desse mundo por completo.
Óbvio que papai não aceitou bem, mas tive uma pequena ajuda de Kinn que conseguiu fazer com que o papai me deixasse ir, mesmo que a contragosto.

Entrei na faculdade, fiquei famoso pela minha música e não pelo meu pai, criei o WIK e continuei na minha bolha antisocial. Apesar de ser popular, me mantive recluso quando o assunto era vida pessoal e sentimental. Só tenho dois amigos pessoais King e Can, nunca namorei ou deixei alguém entrar na minha vida, mesmo saindo com alguns caras e mulheres pra mim nunca passou de sexo. Não conseguia deixar de ser indiferente aos sentimentos alheios, pra mim o amor era uma fraqueza, quando estamos apaixonados nos tornamos vulneráveis, a pessoa se torna o nosso ponto fraco e isso pra mim estava fora de cogitação.

"Até ele aparecer"

Mesmo antes dele abrir aquele linda boca pra responder qualquer questão idiota sobre os meus clipes eu já ó observava, senti algo estranho no momento em que meus olhos caíram sobre ele e por instinto preferi me afastar. O meu eu que tava afim de dar uns pegas nele, não se importaria de ser tutor dele por uns três dias, até eu pegar ele e depois sair da sua vida como se nada tivesse acontecido como já é de costume, mas o meu eu que enxergou algo a mais naquele garoto entrou em estado de alerta e afastou esse pensamento como medida de segurança, algo me dizia que ele era diferente e esse seria um caminho perigoso.
Infelizmente descobrir que ele era irmão do guarda atrapalhado e despreparado que dá noite pro dia se tornou chefe dos guardas do meu irmão, aguçou um lado meu que eu nunca consegui deixar de lado. A curiosidade.

"Maldita hora em que eu me aproximei dele por causa de uma investigação, hoje em dia eu não teria ó perdido."

Eu me apaixonei por ele, por cada mísero detalhe dele. Não me pergunte quando, porque eu não saberei responder. Talvez fosse no dia em que ele tocou na frente do meu prédio, ou quando se declarou pra mim, ou até mesmo naquele festival em que eu o vi pela primeira vez. Só sei que eu ó amo, sim Kimhan você o ama. Mas dizer isso? Essa é uma missão impossível. O bloqueio não me permite, sempre travo quando o que eu quero na verdade é dizer que ó amo com tudo que a dentro de mim. Mas eu não consigo, eu não consigo e isso me fez perdê-lo, a minha incapacidade de dizer o que eu sinto.

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