•Infelizmente eu não sou ele•

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   Macau

Já faz dois dias desde o aniversário do Chay e tem dois dias que eu não consigo vê-lo.

Naquela noite do aniversário dele fui procurá-lo ao perceber que ele havia saído, procurei por todos os cantos até chegar na parte de trás do jardim. Ele estava sentado ao lado da mãe, eu ia sair de fininho pra não atrapalhar o momento dos dois, até que eu não pude deixar de escutar o Chay chorar, me fazendo virar de novo na direção deles.

Eu sei de todo o sentimento que ele nutre pelo Kim, mas ouví-lo falar tão intensamente do amor que sente pelo meu primo de certa forma me destruiu um pouco. Eu sei que eu não fui enganado, e ele também me contou do beijo que eles tiveram, mas saber é diferente de presenciar esse amor nítido no olhar e nas palavras do meu pequeno, eu me senti um intruso, um parasita que não devia estar ali, esse lugar não é meu.

Nesse momento estou largado na minha cama, não tenho ânimo nem mesmo de levantar da cama, nesses últimos dois dias. Vegas e Pete tentaram de tudo, bateram na porta, tentaram conversar, fizeram a minha comida preferida, até me encheram com os novos lançamentos de jogos, mas eu estava me sentindo tão mal comigo mesmo que nada disso funcionou. Chay me liga constantemente, mas eu só consegui dizer que estava gripado e precisava ficar uns dias afastado pra não passar pra ele.

Tudo que eu mais queria agora era estar com ele, estar jogando com ele e perdendo de bom grado só pra ver aquela dancinha fofa da vitória que ele sempre faz, abraçar ele enquanto assistimos ao um filme, beijá-lo, sentir o seu perfume gostoso de baunilha e morango que só ele tem, mas eu não consigo, eu sinto que por mais que ele tenha aceitado a namorar comigo, de certa forma eu estou ó pressionando para ficar ao meu lado.
Eu sinto que eu sou um peso, um peso na vida do Chay, na vida do Hia, do P'Pete, um inútil assim como o meu pai falava, não fui capaz nem de fazer o homem que eu amo me amar de volta.

Depois de um tempo na minha seção de autodepreciação ouço minha porta ser lentamente aberta e P'Vegas entrando por ela.

- E aí Mack? Até quando você pretende fugir e se esconder debaixo dessas cobertas? Cadê o Macau Theerapanyaku que eu conheço?

- Deve tá por aí.

- Macau, eu sei que você guarda tudo pra si, mas eu sou seu irmão e você e Pete são tudo que eu tenho, são as pessoas mais valiosas na minha vida, eu tô preocupado com você.

- Relaxa Hia, eu tô bem só tô com preguiça de sair da cama. - sorri pra ele sem humor.

- É o Porschay?

- O que tem ele?

- Me diz você.

- Olha, tá tudo bem, eu só não tô afim de sair esses dias.

- Macau, eu te conheço e sei quando você se sentindo inseguro. Isso é por causa da ligação ou sei lá o que, que existe entre o Kimhan e o Porschay?

- Hia, ele ó ama. Eu nunca vou superar o amor deles, infelizmente eu não sou ele, eu não sou o Kim! - não consigo mais segurar o choro e me jogo nos braços de Vegas.

- Ei, ei, você não precisa ser ele quando você pode ser o Macau Theerapanyaku. Eu já te disse o cara foda que você é, você não precisa se igualar ou superar ninguém. O Porschay sabe quem você é, ele te ama e se importa com você. E se ele não for o cara certo pra você, eu acredito na sua capacidade de encontrar a pessoa que vai te amar e valorizar como você merece.

- Mas eu ó amo Hia, eu ó amo muito.

- Eu sei, mas às vezes amar é também deixar ir. Eu sei que eu não sou a pessoa mais indicada pra falar isso, mas depois de conviver com o Pete eu descobri mais sobre o amor. Se o Porschay tiver que ser seu, ele será, mas se não... você é autossuficiente o bastante pra se curar e quando for a hora certa você vai encontrar a pessoa certa.

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