•Meu mundo caiu•

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Kim

   Sai da casa de Macau como se eu tivesse levado uma surra, nunca me senti tão machucado e acabado assim, é como se eu estivesse morto mas tivesse esquecido de me deitar. Ando sem um rumo certo, só saio andando como se nada e nem ninguém estivesse por perto, só eu, sozinho, de novo.

   Mas tudo que eu tô passando agora é unicamente culpa minha, se eu não tivesse sido tão egoísta e covarde eu não estaria nessa situação. O Chay tem razão, ele merece alguém melhor do que eu, eu não fui capaz de fazê-lo feliz, muito pelo contrário, eu roubei o seu brilho, ó machuquei, eu não lhe mereço e nunca vou ser digno de tê-lo na minha vida novamente. Mas a dor que eu sinto agora é tão grande que parece que o meu peita tá pegando fogo, eu não sei se eu consigo viver sem o meu anjo, ou pior, viver vendo ele nos braços de outro, só de pensar nisso é como se meu estômago se revirasse.

   
  Estou tão desnorteado que nem percebo quando alguém grita, só me dou conta que um carro vinha desgovernado em minha direção quando eu sinto alguém me puxar assim caindo em cima de mim no meio da rua.

- Eii, você quer morrer?? - o desconhecido fala ainda em cima de mim.

- Nesse momento até que não seria uma má idéia.

- É cada maluco que aparece viu. Vem, levanta. - Diz se levantando e estendendo sua mão para que eu levantasse também, mas eu não à pego me levantando por conta própria.

- Eu não te pedi pra me salvar, pedi?

- Mas é um mal agradecido mesmo viu, nem um obrigado? - ele me questiona incrédulo pela minha reação pouco amigável.

- Valeu! - disse e virei as costas pro ser irritante atrás de mim.

- Ah, vá a merda! - ele se vira também e sai andando. Eu sei que ninguém tem culpa das merdas que eu fiz e das consequências que teve, mas eu sinceramente não tô afim de fingir simpatia com ninguém hoje.

Acho que se o carro tivesse passado por cima de mim, era um favor que ele estaria me fazendo.

Me sento em um banco num parque qualquer que fica de frente para um rio, nem sei onde fica. O sorriso dele quando a gente ia pra um lugar assim e ficava lá tocando violão e cantando era tão lindo. Agora esse sorriso não é mais direcionado para mim e sim para Macau.

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Meu celular não parava de tocar, já era noite e eu continuava no mesmo lugar, as marcas de lágrimas secas em meu rosto e os meus olhos inchados denunciavam o quanto eu havia chorado. Eu perdi o meu anjo pra sempre e o único que causou isso foi eu.

Mas uma vez o meu celular toca, já não aguentando mais o barulho irritante do toque decido ver quem era, ao olhar na tela vejo o nome e a foto de Tankhum aparecendo no visor.

- Kim?

- Hum.

- Kimhan, graça aos deuses! Por que não me atendeu antes? Quer me matar do coração seu desnaturado?

- Ele me deixou de vez Khum, ele me trocou por Macau.

- Eu sei meu amor, onde você está?

- Eu não sei...- um silêncio no outro lada da linha e logo Khum retornou.

- Já sei onde você está, estou indo praí não se mova, eu já estou chegando. - ele desligou o telefone e eu continuo ali, sozinho.

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Alguns minutos se passaram e eu pude sentir braços cobertos por um casaco de paetê me abraçando, era o Tankhum.

- Oh meu menino, eu tô aqui, o seu P'Khum tá aqui pra você.

- Ele não me ama mais Hia. - falo choroso, só Khum consegue ver esse meu lado vulnerável, bom...ele e o meu anjo.

- É claro que ele te ama, ele só tá confuso. Mas o meu bebê Chay ama o meu bebê Kim.

- Ele está com Macau agora, eu ó perdi de vez.

- Eii, ele só precisa de um tempo pra colocar as emoções no lugar, agora vem cá. - ele se senta no banco e eu deito a minha cabeça em seu colo, igual como eu fazia quando eu era criança e me machucava ou o papai brigava comigo.

- Eu ó amo tanto, tanto que chega dói.

- Eu sei meu amor, eu sei.

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Depois de um longo tempo, eu enfim consegui parar de chorar e até acabei pegando no sono no colo do Tankhum, me levantei devagar e ele me olha com aquela olhar terno que só ele tem.

- Ele me ligou. - ele quebra o silêncio.

- O que?

- Chay me ligou e me pediu pra ir atrás de você.

- Porque ele fez isso?

- Você saiu tão desnorteado da casa daquele guinomo que esqueceu o carro, ele viu pela janela quando você saiu sem rumo e ficou preocupado.

- Ele só não queria sentir culpa se alguma coisa acontecesse comigo. - disse com um pesar na voz.

- Não fala assim pirralho, ele te ama e muito. Você sabe que ele só tá fugindo dos verdadeiros sentimentos dele, assim como você também fez. Dá um desconto pra ele.

- Eu realmente mereço o desprezo dele, eu o abandonei, agora ele só tá retribuindo o favor.

- Não é assim e você sabe, você agiu de forma errada? Sim, mas você se afastou para protegê-lo e se proteger também, porque você se acostumou tanto com essa escuridão que você criou, que quando viu a luz que ele estava trazendo pra sua vida, você se assustou.

- E com isso eu acabei apagando a luz dele também.

- Mas só você pode acender ela de novo, lute pelo nosso Chay. Ele só quer que você prove que o ama e tá com medo de se machucar novamente.

- E se ele não me quiser Khum? Ele já está com Macau.

- Você sabe que o Chay não ó ama.

- Mas ele merece recomeçar e ser feliz.

- Vocês dois merecem e até aquele smarf merece. Você e o Chay vão recomeçar juntos e o Macau merece alguém que o ame de verdade, ele já sofreu muito por falta de amor, não merece virar stepe.

- Desde quando você defende o Macau?

- Não estou defendendo, eu sou o mais velho Kim, vi como o tio Gun tratava os filhos, não é porque eu não gosto dele e daquele ladrão de Pete, que eu sou cego e vou dizer que o menino é um monstro.

- Será que algum dia o Chay vai me perdoar?

- Claro que sim, agora vamos sair daqui, você precisa tomar um banho, comer alguma coisa e descansar. - levantamos e começamos a andar em direção ao carro.

- Khum. - o chamo.

- Sim?

- Posso.. dormir com você hoje? - pergunto um pouco sem jeito, mas eu preciso dele.

- Como nos velhos tempos?

- Como nos velhos tempos.

- É claro, Kimzinho. - não acredito que ele me chamou pelo apelido que me deu na infância.

- Não me chama assim Khum, eu não sou mais criança.

- Você amava quando eu te chamava assim, para de besteira. Vamos Kimzinho? - ele me estende a mão.

- Vamos Tantan! - ele sorri ao ouvir eu chamá-lo do jeito que eu ó chamava quando era criança.

Sem Tankhum acho que eu não conseguiria suportar essa dor que tem no meu peito por perder o amor da minha vida. Espero que um dia você volte pra mim meu anjo.

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