O quarto no qual Harry se refugiou estava fracamente iluminado pela luz de um abajur de canto, o ambiente cheirava a flores frescas e a decoração em nada lembrava ao de um quarto de um michê, pois apesar dos móveis serem claramente luxuosos, todo o conjunto que compunha o cenário transmitia uma áurea de sofisticada delicadeza.
Corri ansiosamente os olhos pelo cômodo e senti meu coração sendo esmagado pela angústia quando reparei que Harry se encontrava reclinado sobre um aparador, parecendo tão pequeno e frágil. Ele massageava o próprio peito com uma das mãos e com a outra secava as gotículas de suor da sua testa.
Me aproximei dele com cautela e passei um dos braços ao redor do seu ombro acariciando a pele por cima do tecido da sua camisa, na tentativa de confortá-lo. Seu corpo estava trêmulo e seu rosto assustadoramente pálido, o garoto respirava devagar com a boca entreaberta e, assim que sentiu meu toque, virou brevemente a cabeça e me encarou.
— Ah, é você! – exclamou com um suspiro e tentou sorrir. — Também está doente, Louis? Porque sinceramente penso que está mais pálido do que eu. – Obviamente minha palidez era resultado do choque que tomei ao perceber que ao lado do espelho havia uma bacia de prata na qual a água estava completamente suja de sangue.
— Não estou doente fisicamente, mas fiquei muito abalado ao te ver sofrendo assim – esclareci, e Harry pareceu surpreso com a revelação simples e sincera. — Está se sentindo um pouco melhor, mon chéri?
— Um pouco melhor, sim – disse secando os cantos dos olhos por onde algumas lágrimas, que foram causadas pela tosse, escorreram. — Já estou habituado com essas crises e não há muito o que se possa fazer contra a tuberculose – ele se afastou do meu toque e se aproximou do espelho examinando o próprio reflexo. — Eu pareço destruído, você deve estar me achando horrível agora. – Choramingou, passando os dedos pelos cachos desalinhados.
— Não Harry, isso nunca – neguei imediatamente o encarando através do espelho. — Você está cansado e doente, mas nem por isso menos bonito – ele meneou a cabeça parecendo não acreditar, e eu acrescentei: — Você é tão jovem e delicado, gostaria de poder cuidar de ti, gostaria de poder arrancar suas dores e te fazer feliz. – Confessei num ímpeto e infelizmente não consegui impedir que uma lágrima solitária deslizasse pelo meu rosto.
Vê-lo tão abatido partia meu coração e me custava crer que os mesmos lábios que a minutos atrás sorriam e contavam piadas, agora estavam manchados com resquícios de sangue. De cima do aparador peguei um lenço e suavemente deslizei pela boca dele a deixando limpa novamente, seus olhinhos observavam atentamente cada gesto meu e, quando mais uma lágrima escorreu dos meus olhos, ele passou os dedos gelados pela minha bochecha a secando.
— Ei, não chora – censurou me puxando para sentar ao seu lado em um divã. — Eu não mereço suas lágrimas Louis, você é um homem muito especial, não deveria se preocupar tanto com um simples michê, porque a verdade é que ninguém se importa comigo, a minha companhia só é desejada quando eu estou bem para diverti-los, e...
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Sunflower Field | l.s
RomantikEsse não é um conto de fadas. Nessa história também não existe mocinho e bandido, certo ou errado. Não é uma história engraçada, nem completamente trágica. Ela é a história de amor de um homem comum, que teve inúmeras vezes seu orgulho ferido. Que...