Huit

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Não me envergonho em dizer que quando cheguei em casa desabei em choro

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Não me envergonho em dizer que quando cheguei em casa desabei em choro. Somente um homem que já foi enganado por alguém que ama, sabe o quanto a traição dói.

Ainda me sentindo transtornado pelo que aconteceu, decidi que voltaria para minha cidade natal. Iria passar uma temporada com meu pai e minha irmã, pessoas nas quais eu confiava e sabia que jamais mentiriam para mim.

Eu precisava romper imediatamente com aquele relacionamento que se tornava tóxico e poderia destruir nossas vidas. Contudo, não queria partir sem que Harry soubesse exatamente o motivo pelo qual eu estava indo embora.

Naquela madrugada fiz e refiz no mínimo umas vinte cartas diferentes na minha cabeça, algumas o julgando pela mentira, outras me desculpando por não ser forte o suficiente para viver um amor pela metade. Em meu estado febril e com a desilusão borbulhando em meu peito, me perguntava como eu, que já havia tido alguns outros amantes e sabia como eles agiam, pude colocar Harry em um pedestal?

Na verdade, ele me tratou como se eu fosse um adolescente de escola, me enganou com uma artimanha simples, fingindo estar doente quando sabia perfeitamente da minha preocupação com sua saúde, e isso era ao meu ver, um golpe muito baixo.

Estava com o orgulho ferido e para ser sincero, eu pouco me importava se o machucaria, por isso foi com lágrimas nos olhos que escrevi:

"Harry, mon chéri.

Espero que sua indisposição de ontem tenha sido algo sem muita importância e que hoje você esteja se sentindo melhor.
Fui às 23h saber notícias suas e deixar um girassol, seu porteiro avisou que não havia ninguém em casa, porém pelo que vi o conde Marcel teve mais sorte do que eu, visto que chegou uns instantes depois e às 4 horas da madrugada ainda estava em sua companhia.
Infelizmente vou ter que recusar seu convite para nos encontrarmos ao meio-dia, pois pretendo voltar para a casa do meu pai.
Sinto muito mon petit, o melhor para nós dois é esquecermos um do outro. 
Devolvo-lhe a chave, que sequer cheguei a usar e que pode te ser útil se adoecer novamente como aconteceu ontem.

L.W.T."

Certamente deixei transparecer em minhas palavras irônicas que, apesar da tentativa de parecer indiferente, eu sofria com a separação.

Reli algumas vezes a carta e a ideia de que a mesma magoaria Harry me acalmou um pouco, já que naquele momento eu só queria que ele sofresse um terço do que eu sofria. Então tentei me convencer que o que estava fazendo era o certo e, quando às 8h meu criado entrou no quarto, pedi que fosse entregá-la imediatamente.

— Espero pela resposta, senhor? – Bernard perguntou.

— Se perguntarem se precisa de resposta diga que não sabe e espere. – Em meu íntimo me apegava a esperança de que Harry me responderia.

Abalado emocionalmente, confuso e com medo do futuro, era assim que eu estava.

Durante o tempo que meu criado esteve fora fui dominado por uma agitação extrema, torturado com as lembranças de como o garoto parecia tão vulnerável e entregue à mim nos momentos em que estivemos juntos.

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