Capítulo dois. - Clichê.

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O dia passou rápido, e para um primeiro dia de aula, hoje foi perfeito. Me despedi das meninas e fui atrás de Jake; afinal, ele tem que me levar de volta para casa.

Andei por toda a escola, mas nada de encontrá-lo. Onde será que esse menino se meteu? Se ele foi embora sem mim, eu literalmente vou abrir um barraco com a April. Depois de muito andar, decidi ir novamente ao estacionamento, e lá estava ele, encostado no carro com um cigarro na boca.

— Finalmente achei você! — disse, me aproximado.

— Eu estava resolvendo umas coisas — respondeu ele.

Ah... claro. E ele nem para me avisar. Que raiva! Tenho certeza de que ele só estava esperando as pessoas irem embora para não me verem entrando no carro dele.

Entrei no automóvel, e ele entrou em seguida. O odor da nicotina se espalhou pelo ar. Eu literalmente odeio esse cheiro.

— Você só estava esperando as pessoas irem embora, não é?

— Em parte... — ele disse, enquanto jogava a bituca de cigarro pela janela.

Eu podia começar a xingá-lo, mas resolvi deixar para lá. Tudo o que não preciso nesse momento é de inimigos, afinal, estou sozinha em um país desconhecido. E vai que ele seja um psicopata, me mate e jogue meu corpo pelo meio do caminho. Prefiro não arriscar.

O caminho até em casa foi em puro silêncio, e eu gostei disso. Quando chegamos em casa, subi direto para o meu quarto. Tomei um banho e fiquei lá pelo resto da tarde. No início da noite, April me chamou para jantar, e eu fui.

— Como foi o seu primeiro dia, querida? — perguntou April enquanto se servia.

— Foi bom, fiz amigas!

—  E você, meu filho, gostou das voltas às aulas?

— Achei normal.

Super normal engolir uma garota no meio do refeitório.
April puxou assunto durante todo o jantar, mas Jake só dava respostas curtas. Quando terminei de comer, coloquei meu prato na pia e subi para o quarto. Aproveitei que estava sem nada pra fazer e liguei para a minha mãe.

— Eu já ia ligar! — falou do outro lado da linha.

— Imaginei! — respondi, brincalhona.

— Como está sendo aí? Você está gostando?

— Estou sim, todo mundo é muito legal!

Todos são legais, exceto Jake.

— E como estão as coisas por aí? — perguntei.

— Estão bem, mas a casa fica um silêncio sem você!

— Devia ter tido mais filhos! — falei em um tom zombeteiro.

— Você é o bastante para mim, e sempre será o meu único bebê!

— Vou ter que lidar com isso — brinquei. — E como vai o papai?

— Ele está bem, passou o dia inteiro no plantão.

Meus pais são médicos e se conheceram na faculdade. Eles acabaram tendo apenas uma filha (no caso, sou eu) porque não tinham tempo para cuidar de duas crianças. Mas sempre disseram que eu era e sou a coisa mais importante da vida deles. O ruim de ter pais médicos é que tudo o que sinto, eles acham que é uma doença, e acabaram virando superprotetores por isso, me proibindo de várias coisas.

— E quando é o seu plantão?

— Amanhã à noite.

Nós continuamos a conversar por um tempo, mas depois finalizei a ligação porque precisava dormir, afinal, tenho que acordar cedo amanhã. Escovei os meu dentes, pûs meu pijama, e fui dormir.

Eu tive um pesadelo: sonhei que caía de um penhasco e acabava morrendo. Acordei assustada e com a garganta seca. Peguei meu celular e vi que eram duas e meia da madrugada. Calcei meus chinelos e desci para a cozinha. Peguei um copo e a garrafa de água, começando a enchê-lo.

— Acordada a essa hora? — uma voz surgiu atrás de mim, fazendo-me gritar de susto. Olhei para trás e lá estava ele, Jake. — Te assustei? — disse rindo.

— Você não tem mais o que fazer?!

— Nossa, que grosseria! — fingiu estar ofendido.

— Me erra, garoto!

— O que tem contra mim?

— Eu que deveria perguntar isso. Afinal, você vem agindo feito um babaca comigo.

— Eu só não queria ser alvo de fofoca.

— Claro... deve ser isso! — respondi com ironia.

— Eu saio com muitas garotas da escola e, às vezes, as levo no meu carro. As pessoas iriam pensar que você é uma delas!

— Own, você estava pensando na minha reputação, que fofo! — continuei com a ironia.

— Caramba, você é chata, hein!

— Só com quem merece!

— Nossa, eu não te entendo!

— Digo o mesmo a você!

Bebi minha água e coloquei o copo na pia. Quando me virei, Jake ainda estava ali.

— Você ainda está aqui?

— Eu também quero beber água, senhorita insuportável.

— Você que é!

Eu ia saindo, mas ele me encurralou na pia, apoiando as mãos no balcão. Encarei seu rosto e vi a profundidade de seus olhos castanhos.

— Você está querendo fazer o quê com esse seu joguinho? — ele disse, olhando no fundo dos meus olhos.

— Não estou com joguinho algum!

— Se acha que vai me conquistar, está muito enganada!

— Além de babaca, você se acha! Quem disse que quero te conquistar? Acha que toda garota vai cair aos seus pés? Pois está enganado!

Ele me encarou por mais alguns segundos e depois me soltou. Quando eu ia saindo, ouvi-o dizer:

— Tenha bons sonhos, senhorita insuportável!

Saí dali sem olhar para trás, sem dignar uma resposta ao seu comentário.  Adentrei o quarto, trancando a porta atrás de mim, e me joguei na cama. O que esse garoto pretende com essa atitude? E como ele pode ser tão bonito daquele jeito?! De perto, os seus olhos são ainda mais cativantes. Argh, mas que ódio!

Rolei de um lado a outro, mas o sono não vinha, tudo por culpa do idiota do Jake! Ele deve pensar que serei mais uma fã dele, só pode! Mas está muito enganado. Eu nunca ficaria com aquele cara, nem que ele fosse o último homem do mundo.

International Love (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora