25. Milagre

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Lyanna Stark ficou três dias a base de leite de papoula. Aemond decidiu que seria assim, para que ela não se lembrasse da parte mais traumática daquela perda gestacional. O Grande Meistre disse que os dois primeiros dias seriam os piores, já que ela sangraria como uma fonte.

Ele não teve coragem de visita-la nenhum dia, o príncipe estava se corroendo de vergonha e culpa e simplesmente não conseguia olhar nos olhos da esposa e ver o sofrimento que ele tinha causado. Sem pensar muito, o príncipe montou em seu dragão e sumiu por dias, após pedir a Olivia que não ficasse longe de Lyanna nem por um segundo.

Duas semanas após o ocorrido, Aemond estava de volta a Fortaleza Vermelha, quando ouviu passos atrás dele. Era Helaena.

—Você perdeu completamente o juízo? —Ela perguntou antes de o encarar. —Você sumiu por dias!

—Eu precisava. —Ele respondeu. —Tem notícias dela?

—Não está nada bem e você a abandonou! —Helaena o encarou. —Que vergonha de você!

—Ela não ia querer me ver. —Ele respondeu. —É culpa minha! Tudo culpa minha! Se ela está daquele jeito hoje, foi culpa minha! Como você ia querer que eu olhasse para ela?

—Fugir dela não vai colocar o bebê de volta na barriga dela. Sumir por dias não vai diminuir a dor dela. Você não olhar para sua esposa não vai mudar o que aconteceu. —Ela rebateu. —Então seja homem e fique com ela!

—Estou com medo de ela não me querer mais. —Aemond falou tão baixo que saiu como um sussurro.

—Ela te ama, Aemond. —Helaena respondeu. —E outra coisa, vocês dois perderam, não anule sua perda também.

—E se ela me mandar embora? —Ele perguntou.

—Ela não vai. —Helaena foi enfática. —Faça ela comer alguma coisa. Ela está pele e osso e eu não quero que ela adoeça.

A irmã de Aemond não esperou por uma resposta dele, apenas saiu e o deixou sozinho. O príncipe ficou alguns segundos parado antes de se encher de coragem e subir até o quarto dele e da esposa.

Ele abriu a porta e entrou no quarto, trancando-a logo em seguida. O local parecia o mesmo e ao mesmo tempo era completamente diferente. Talvez o motivo fosse que a pessoa que alegrava o ambiente estava triste. E Aemond se amaldiçoava por isso.

—Lya? —Ele a chamou e viu Storm e Nymeria chegarem na divisória entre a sala de estar e o quarto em si. —Lyanna?

—Você? —A voz dela estava fraca, mas mesmo assim Aemond a seguiu.

Lya estava sentada no chão abraçando as próprias pernas, encolhida como se não quisesse ser vista por ninguém. Ela estava muito magra e exibia olheiras escuras e profundas no rosto que não carregava mais o sorriso que iluminava a vida de Aemond.

—Posso ficar com você um pouco? —Ele perguntou e quando viu um mínimo aceno positivo vindo dela, se aproximou e se sentou próximo dela. —Quer conversar comigo?

Lyanna o encarou e ele notou quão triste e perdida ela estava.

—O que mudou? —Ela perguntou.

—Como assim? —Ele retribuiu a pergunta.

—Você sumiu por dias e do nada resolveu aparecer. —Ela sussurrou. Ele a conhecia o suficiente para saber que ela estava se controlando para não chorar.

—Eu não sabia como olhar outra vez para você. —Ele respondeu e Lyanna desabou e se encolheu ainda mais, coisa que ele considerava impossível.

"Porra, por que eu não sei escolher melhor as palavras?"

Fogo, Gelo, Sangue - Aemond Targaryen (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora