Lugar Seguro (MacauChay)

RIP para minha juventude (16)

🔴Alerta de gatilho: Pensamentos suicidas

Os meninos caminharam até a praia, sem se importar com o que o grupo estava fazendo naquele momento. Eles só queriam estar um com o outro. Resolveram sentar lado a lado com as ondas subindo a centímetros de seus pés descalços.

Macau não precisava, mas explicou ao menino que não fora criado em um lar amoroso. Chay sabia pelo menos isso, mas não sabia a extensão de tudo isso. Macau estava preocupado que, se Chay soubesse de todas as coisas que havia feito, Chay fugiria. Ainda assim, ele queria que o menino soubesse.

Quando Macau estava no ensino médio, em seu primeiro e último ano, Gun havia falado com ele sem o conhecimento de Vegas. Queria que o menino fizesse de tudo para se relacionar bem com os narcotraficantes com os quais Macau já mantinha contato. Isso significava fazer tudo e qualquer coisa que pedissem a ele.

Macau não iria tão longe quanto sexo, mas tinha que agradar os traficantes para conseguir o que Gun queria que eles fizessem. Macau sabia o que ele fazia Vegas fazer pelos grandes homens de negócios. Graças ao buraco na parede do escritório de Gun, Macau escutaria e ouviria horrorizado enquanto Gun enviava Vegas para fazer coisas indescritíveis com os homens adultos.

Macau esperava que o pai não lhe pedisse para fazer o mesmo, mas negava. Tudo desabou sobre ele quando Gun o mencionou pela primeira vez. Macau quase chorou na frente de Gun, mas se conteve quando o pai explicou que era pela família. Ele não podia acreditar que seu próprio pai pudesse pedir-lhe para fazer essas coisas. Ele não tinha um pai normal, porém, e sabia disso muito bem.

Por dentro, ele queria gritar. Ele queria dizer a Gun que estava pedindo demais e que não era justo com ele ou Vegas. Ele queria gritar com o homem e dizer que o odiava, mas era Gun. Esta era a pessoa que ele queria desesperadamente agradar. Ele pensou que, se fizesse essas coisas, Gun os trataria melhor e talvez retirasse mais tarde.

Gun nunca o pegou de volta. Ele nunca se importou com o que aconteceu com eles, ou o que eles tiveram que fazer por ele. Ele queria poder em todas as áreas que pudesse obter, mesmo correndo o risco de seus próprios filhos. Gun sabia que os dois fariam qualquer coisa que ele pedisse.

Macau era ingênuo e concordava com tudo porque queria que Gun visse como ele poderia ser o filho perfeito. Ele queria ser como Vegas e fazer o que fosse preciso pelo bem de Gun. Mesmo que isso significasse sua própria segurança e saúde mental.

Durante esses dois anos, Macau suicidou-se por dentro. Ele deixou os homens tatear e tocá-lo como quisessem. Ele fazia o que eles pediam e usava seu corpo para agradá-los quase todo fim de semana ou até mais às vezes. Ele se odiava por fazer tudo, mas fazia assim mesmo e sempre se desassociava.

Ele odiava a maneira como esses homens olhavam para ele e ficava enojado com as coisas que o obrigavam a fazer. Ele não gostava de ser tocado, nem mesmo olhado por homens mesmo fora desses traficantes, família incluída, além de Vegas. Ele atacaria qualquer um que ousasse julgá-lo, porque por dentro ele tinha o desejo de matar alguém por causa disso.

Macau tinha apenas 16 anos, mas sentia vontade de morrer. Houve momentos em que ele quis jogar sua vida fora, porque não parecia valer a pena viver. Toda vez que ele deixava a casa onde residiam os traficantes, ele queria morrer. Ele pensou em maneiras diferentes de se matar durante todo o caminho para casa.

Ele deveria pular da ponte? Ou usar uma das muitas armas na casa da família menor? Ele poderia usar uma navalha de seu conjunto de barbear, porque ele poderia facilmente ver além da dor física que nem chegava perto da dor que sentia por dentro. Ele poderia simplesmente sair na frente do trânsito, mas achou que não seria justo com as pessoas que iriam atropelá-lo. Eles não deveriam ter que viver com as consequências de suas ações.