Capítulo 11 - Carina

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Minha cabeça girava, girava como um carrossel infinito que nunca poderia ser parado ou impedido. Minha visão fica turva de vez em quando. As vezes eu sentia que estava morrendo. As vezes eu gostava da sensação, mas as vezes eu só queria poder voltar à realidade e não pensar em mais nada.

Nesse momento? A sensação era esquisita, mas nada de novo para mim. Já estive assim antes quando minha avó cometeu o mesmo erro que eu, mas diferente de mim, foi proposital.

Madame Pomfrey me disse que eu estava com doses demais de um remédio, e que eu precisaria de uns dias em repouso para voltar a ter meus pensamentos no lugar de volta, e não podia me esforçar muito.

Soube imediatamente o que houve. Eu me lembro de quase tudo estando bêbada. Eu peguei o remédio errado, mas não vi que era o errado na hora. Queria pegar o que me fazia dormir, e precisava de dois comprimidos grandes para isso, e acabei tomando quatro do que eu deveria tomar apenas um. Ela disse que eu não morri por muito pouco. Se eu tivesse chegado minutos mais tarde, eu talvez não tivesse chance de sobreviver.

Tudo porque eu não queria pensar enquanto dormia. Eu só queria dormir, mas parece que eu não sirvo nem para tomar um remédio sozinha.

Ninguém sabe dos remédios, e quero que continue assim. Leo sabe que eu já tive que tomar, mas acha que eu não os tomo mais porque estou melhor. Eu só tomo quando eu sinto que preciso, não sou viciada. Apenas tomo quando acho necessário.

Mas dessa vez... eu poderia ter morrido.

Não que eu achasse ruim, na verdade.

Mas ver como Ember veio correndo na minha direção quando Madame Pomfrey a deixou entrar, como Leo parecia estar à beira de um abismo, como Scarlett, Emma e Harper estavam completamente nervosas, me fez repensar como teria sido se eu realmente tivesse morrido.

Não queria deixá-las desse jeito, ou pior. Mas isso não significa que quero continuar vivendo. Eu só ando aguentando por eles e meus pais, se não fosse isso, eu não estaria mais aqui.

Estava jantando o que Madame Pomfrey trouxe para mim. Não é um banquete como o do Salão Principal, mas era gostoso. Aquilo ajuda a restaurar minhas energias. Ela tem evitado me dar remédios e coisas artificiais, me dando apenas coisas naturais.

Quando termino o jantar, ela retira a bandeja e me ajuda a me levantar para que eu pudesse tomar um banho. Sentia minhas pernas fracas, mas consigo me manter de pé com uma bengala que ela me oferece. Eu odiava essa sensação.

Mas não era a primeira vez.

Chego no banheiro, e ela me deixa lá dentro com uma troca de roupa. Havia um espelho de corpo todo, e aproveito para olhar para mim mesma. Eu faço isso com frequência, mas não tenho feito isso nos últimos dias, pelo menos não para me analisar.

E acabo me assustando com o que eu vejo.

Por baixo do uniforme de hospital, eu estava quase esquelética. Estava tão magra que eu não fazia ideia que poderia estar assim. Eu não percebi antes por causa do uniforme, que era mais largo. Eu andei pulando umas refeições sem que ninguém percebesse, sim, mas não achei que eu fosse ficar daquele jeito. Me viro de costas, e vejo minhas cicatrizes do dia em que meu avô me chicoteou. Não foi uma vez só, e ficou extremamente marcado. Mas pelo menos ninguém sabe sobre isso.

Imediatamente paro de me olhar. Era muito pior do que parecia. Apenas entro na banheira e relaxo, tentando não pensar em nada, o que é impossível.

Recebo ajuda de Madame Pomfrey para voltar à cama. Me deito ali e tento relaxar. Queria que alguém estivesse ali comigo. Até a companhia de Draco eu aceitaria, só queria alguém que eu conheço e gosto ali.

Marotinhas - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora