Show

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-Tem essa também: "Era como meu pai fazia. - Sinan fala.

-Tem a ver com modos. - Kerem fala de boca cheia. Será que ele consegue falar sem cuspir?

-Não, eu vejo como: "Sou um idiota. Não tenho minha própria opinião." - SInan fala antes de dá uma mordida no sanduiche.

-O há com você? - Kerem se vira pronto para atacar Sinan.

- Ei, casal, o flerte acabou. - Eu falo me metendo na frente de Kerem.

- Vamos só seguir o plano. - Osman fala tentando mudar de assunto.

-Já disse, não vou poder ir ao show. - Isik fala.

-Deixa comigo. - Eu falo. Todos me olham. - O que? Se eu bato de frente com o Kerem, consigo com a mãe da Isik. - Coloco mais uma avelã na boca.

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Se fosse usar uma palavra sobre a casa da Isik seria "Boneca". Me sinto presa naquelas casas de bonecas que minha mãe tinha na infância. Nunca vi tantos babados na minha vida. Bufo mais uma vez sentada no sofá. Já faz uns dez minutos que estamos sentados aqui esperando Isik e sua mãe.
O calor está me matando, não estava muito segura em qual roupa ir, até porque é um evento a qual sou obrigada a ir, então coloquei uma calça jeans e a camisa mais larga que achei no meu guarda roupa, não quero que ninguém perceba as curvas do meu corpo.

-Um reino encantado. - Sinan fala.

- Esse cheiro me dá ânsia de vomito. - Eu penso em voz alta. A casa de Isik cheira a perfume de vovó.

-Vomitar já deveria ser normal pra você. - Eda fala.

-Como ser uma intrometida é normal pra você, Eda. - Osman fala. Percebo que ele parou atras do sofá que estou sentada.

-Ah que bonitinho, o defensor da princesa. - Eda responde o comentário de Osman.

-Pelo menos ela tem. - Kerem fala.

-Vai defender ela agora? Viraram amiguinhos? - Eda pergunta

-Quem sabe, eu e Kerem somos mais que amigos. - Eu falo e dou uma piscadinha para Kerem.

-Não vamos brigar hoje. E ninguém se importa o tipo de relacionamentos que cada um tem. - Osman fala.

Sentimos um movimento vindo da cozinha. Isik e sua mãe voltando com duas bandejas com várias xicaras de café e pedaços do que parece ser bolo de chocolate. Osman senta na poltrona que por coincidência fica bem do meu lado. Sinto cheiro de hortelã com avelã.

- Obrigada. Queria ter ajudado. - Eda fala educadamente pegando um xicara logo em seguida.

-Tudo bem querida, eu e Isik damos conta. - A mãe de Isik fala.

Osman e Kerem pegam um pedaço de bolo para cada. A mãe de Isik oferece para mim, pego apenas a xicara de café para não ser mal educada.

-Obrigada, mas estou sem fome. - Eu falo calmamente.

-Tudo bem querida. Trabalhar como modelo deve ser cheia das dietas, não que você precise vi suas fotos da coleção do mês passado e você estava belíssima, até falei pra Isik: Sua amiga de escola é muito linda. - Ela fala de um jeito tão espontânea que me deixa sem jeito.

-Obrigada. - É a única coisa que consigo dizer.

-Alguém vai querer achocolatado? - A mãe de Isik pergunta.

Bebo meu café, e percebo Sinan tirando uma garrafinha da jaqueta. Não penso direito e acabo derramando café na minha camisa. Fazendo todos olharem para mim, e ignorarem um Kerem quase em cima de Sinan.

-Querida, está tudo bem? - A mãe de Isik pergunta.

-Tudo bem, só levei um susto. - Eu respondo.

- Isik empresta uma camisa pra ela. - A mãe de Isik fala.

-NÃO. - Falo, na verdade grito. - Quer dizer, tudo bem, é só uma manchinha, e eu e Isik não usamos o mesmo tamanho. - Completo, falando mais baixo. Isik é bem mais baixa que eu, suas roupas não vão servir.

-Tem certeza querida? - A mãe dela insiste.

-Pode ficar tranquila Senhora. - É Osman que responde por mim.

A mãe dela olha pra ele, e depois volta seu olhar para mim. E faz um aceno de cabeça sentando no sofá logo em seguida.

- A senhora deixaria Isik com a gente no cinema? - É Eda que muda de assunto.

-Só um filme? Tenho que perguntar para meu marido também. - A mãe de Isik fala.

-Senhora, garanto que é uma coisa decente...

-E vantajoso economicamente. - Interrompo Osman. De tanto escuta-lo dando o mesmo discurso para os alunos do colégio já decorei todas as falas. Ele deveria dá uma atualizada nessas palavras.

-Se a senhora quiser ir com a gen...

-Entendo a sua preocupação. - Interrompo Osman mais uma vez. - Minha mãe é super preocupada comigo, vejo ela muito na senhora. - Minto, a única coisa que minha mãe se preocupada é com ela mesma e com meu peso. Mas usar minha mãe faz um efeito, a mãe de Isik até muda a postura. - Prometo que é só um filme e depois voltamos para casa, eu posso trazer Isik de volta pra casa de carro. - Completo.

-Está bem. - A mãe de Isik concorda.

-E vai ter professores pra cuidar de nós. - Eda fala, acho que estamos com medo dela mudar de ideia.

-Respeitem seus professores crianças. - A mãe de Isik diz. - Nossos filhos são nossos bem mais precioso. - Completa.

Sinto Sinan ficar desconfortável ao meu lado. Seguro suas mãos, uma forma de mostrar apoio. Ele me dá um olhar de agradecimento. Dou-lhe um aceno discreto de cabeça, e olho para a outra pessoa que está do meu lado, Osman. Percebo que ele está olhando para minhas mãos, ainda segurando a de Sinan.

-Melhor a gente já indo. - Osman fala seco, nem parece ele. - Daqui a pouco fica muito tarde. - Completa se levantando.

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Como essa gente toda veio para um show desse? Se fosse uma orquestra eu até entenderia, mas rock? Estamos na fila de ingresso, esperando chegar nossa vez. Sinto um desconforto, não sei se é da fome ou da multidão que está ao meu redor. Desde pequena tenho enoclofobia, sinto ansiedade quando tem muita gente perto de mim. Calma Mia, respira fundo. Você só vai precisar ficar umas horinhas aqui, só isso.

-Será que o show já começou? - A senhorita Burcu pergunta me tirando dos meus pensamentos.

-Não, recém é a abertura. - Eda responde.

- Isik está com os ingressos? - Burcu pergunta.

- Aqui está. - Isik treme ao entregar o ingresso a Burcu, que pega rapidamente os ingressos. Acho que não sou a única desconfortável aqui.

-Tenta se acalmar. - Eda fala pra Isik baixo, para Burcu não escutar.

-Cadê eles? - Isik pergunta se virando pra procurar os meninos.

Através de várias cabeças percebo Kerem de longe acenando, mas não vejo Osman. Um medo de dentro de mim bate, não quero ficar sozinha.

-Osman está lá também? - Pergunto com um pouco de dificuldade, o ar está faltando.

Ninguém me responde. Legal. A senhorita Burcu puxa nos três para entrar. O que tem de multidão na entrada, não se compara a multidão que já está do lado de dentro. Conto até dez várias e várias vezes. Mas, parece que só piora. Elas começam a andar em círculos, o que me deixa mais nervosa. Cadê Osman? Me seguro numa parede, calma Mia, conta até dez. Um. Dois. Três. Quatro... Espera, eu conheço aquele uniforme de time, aquele é Simon? Por que ele está aqui e... Beijando uma garota?
Ando os passos lentos até ele, me batendo nas pessoas, quem me olha acha que estou bêbada. Ouço risadas, a risada de Simon, ele olha todo bobo pra garota, mas seu olhar se encontra com o meu. Ele dá um passo pra traz, a garota estranha e olha para a direção que Simon está tão hipnotizado e percebe minha presença.

-Simon. - Ela o cumprimento.

-Mia o que você está fazendo aqui? - Ele pergunta, sua fala sai meio errada.

-Sabe como é, eu adoro shows. - Respondo. - E quem é essa moça? - Olho em direção a moça. Ela é muito bonita. O corpo. Perfeito. Magra.

- Jéssica. - Ela responde. - Você e Simon são amigos? - Pergunta.

-Sou a Mia. Simon não falou de mim? - Pergunto.

-Mia. A amiga com transtorno alimentar. Você é sortuda, não é todo dia que aparece um amigo igual Simon, ele disse que vai nas terapias com você. Ele é um amor. - Jéssica fala.

Eu solto uma risada, mas sai mais como um bufo.

- Nossa. Como ele é um ótimo amigo. - Debocho. - Ele contou o segredo dele, Jéssica? - Pergunto inocentemente. Jéssica me olha sem entender. - Simon não pode fazer sexo, ele tem o pênis muito pequeno. - Completo. Os dois jovens me olham surpresos. - Bom, vou deixá-los a sós, até mais amiguinho. - Saiu, deixando os dois para traz, tento não cambalear, para não demonstrar fraqueza.

Ando mais um pouco pra longe da multidão, e vejo Burcu e o professor bonitão sentados juntos na grama. Não vou atrapalhar o casal, o pessoal me mataria. Sento longe, mas o suficiente perto para espiona-los. Os dois parece está se dando bem. Idiotas.

-Sabe, sua mãe não te ensinou que é feio espionar. - Um ser senta ao meu lado. Osman. Como não respondo, ele me olha preocupado. - Você está bem? Te procurei por toda parte. - Completa

-Estava preocupado comigo? - Pergunto, minha voz sai meio fraca.

-Não, só estava com medo de você e o Kerem terem entrado numa briga, ou você e o Sinan estarem podres de bêbados por aí jogados. - Ele fala como não se importasse.

- Talvez eu estava com algum deles. - Respondo.

Ele não diz nada, mas vejo que não gostou da minha resposta.

-Você tem um péssimo gosto pra homens. - Ele fala por fim.

-Eu sei. - Concordo com ele.

- Mia, você está bem? Está com fome? Ou é sua enoclofobia? - Ele pergunta.

-Não é isso... Espera, como você sabe da minha enoclofobia? - Pergunto surpresa.

-Você nunca participa de algum evento do colégio que tenha muitas multidões, e quando participa, fica o mais longe possível. Ou você é antissocial, ou tem medo de multidão. - Ele fala. - Cheguei na segunda conclusão.

-Você é bem observador. - Falo.

-Só quando algo me interessa. - Ele fala e bebe um pouco de refrigerante.

Eu sou interessante pra ele? Sinto uma brisa fria, e me estremeço toda. Osman se levanta e começa a tirar seu casaco, depois volta a se sentar do meu lado, e joga o casaco no meu colo.

-Veste. - Ele fala. - Uma princesa não deveria usar uma roupa suja de café, e também está ficando frio. - Completa.

Visto seu casaco, e sinto um conforto, não sei se é porque o frio foi embora, ou pelo cheiro familiar de hortelã e avelã.









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