TUA - Número Zero, último áudio

0-0: Rivers, a ex daquele Agente lá

Pov: M0H

    Em uma possibilidade remota e tão distante da atual linha temporal, eu e ele vivemos o que poderia ser nomeado como uma grande história de amor. Ou tragédia, se paramos para pensar no cenário atual.

   Como unha e carne, goiabada com queijo, chiclete e espaguete... o que você quiser pensar. Nós fomos um do outro, confiamos um no outro e acreditamos num futuro juntos.

   Em uma possibilidade remota e tão tão distante da atual linha temporal, eu era filha de Kate. Filha de verdade de Kate. Vivíamos sorrindo, brincando, nos divertindo demais junto com Jasper e Mia. Meu pai, minha gata. Era tudo o que uma criança como eu poderia querer.

   Mesmo precisando ficar enfurnada em casa por razões inesperadas — meu péssimo controle sobre meus poderes —, o amor dos três era o que me mantinha viva, sã e calma. E, se em alguma linha temporal eu tive um final feliz, posso averiguar que não fora nessa.

...

— M3rda! M3rda! M3rda! Falhamos! — ele reclama como se eu fosse a única culpada por tudo aquilo. Em primeiro lugar, nada disso estaria acontecendo se a teimosia do seu "eu garotinho" não tivesse tomado conta da sua vida.

— Eu avisei. — respondi com as expectativas dilaceradas. Eu realmente imaginava que o plano de Cinco poderia funcionar, mesmo que sempre acabassem com os de um certo personagem de quadrinhos que veste uma camiseta verde, sabe? Planos infalíveis ... que falhavam.

— Não me venha com lições de moral, Zero. Estou sem cabeça para isso.

— Quer que eu não reclame? Além de chegarem na mansão Hargreeves da linha errada, eles tiveram que encontrar os almofadinhas da Sparrow.

— Fala como se fosse um deles. — retruca.

— Talvez eu prefira. — Avancei mais um passo.

   Ele não vai parar de me irritar nunca? Já ouvi dizer muitas vezes que, com os anos, as pessoas param de ocupar o tempo que tem com as coisas que não importam, mas parece que o idoso do meu ex-noivo ainda não entendeu como a vida adulta funciona.

   Não poderia culpá-lo. A vida adulta faz isso com a gente.

   Nos enlouquece.

   Minhas pupilas raivosas passam pela sala de comando em que estamos escondidos enquanto o corpo de Cinco cai cansado em uma das cadeiras disponíveis. Havíamos unidos as cenas mais importantes das nossas viagens temporais e interligados os pontos a fim de obter uma única resposta na fórmula: a felicidade. Era por isso que ainda continuávamos fazendo o que havíamos proposto um para o outro. Arriscando nossas vidas para nos ver felizes... ou sermos felizes em outro lugar do espaço tempo.

   Era fato que a Comissão fora feita como uma maneira de controlar o que não podia — o tempo — e passar o tempo aniquilando as chances de algo estragar tudo... tudo sendo... o mundo. No entanto, eu também descobrira que o criador daquela base, era o mesmo cara que queria nos ver mortos e empalados por desviar o caminho de tantos agentes em tão pouco tempo.

   Tudo começou com um plano — maior — elaborado por mim, no qual alguns poucos agentes interrompiam missões de outros agentes de campo para que eu pudesse ter tempo para encontrar uma fórmula de isolar uma linha temporal em que todos pudessem viver sem brigas, sem Comissão. Felizes. Em paz.

   Porém, nem tudo são flores e, embora tenha tido poucas traições, a mais dolorida era foi a que eu tive que fingir não saber até o momento certo. A traição dele.