Pov: M0H
— M3rda, Zero! Nosso plano falhou. Estamos perdendo! Vamos perder! Acabou! — seu lamento era uma tortura para mim. Cinco acreditava que a nossa última esperança era aquela. Ele realmente acreditava que eu deixaria de pensar em um plano B a partir do momento que a Maya Hargreeves e seus irmãos pegassem uma maleta?
Ele era tão bobo. Idiota. Esperançoso.
— Cala a boca!
— Vem calar! — retrucou automaticamente.
O fervor das minhas últimas gotas de paciência evaporando era visível. E Cinco percebeu. Porque quando aproximei nossos rostos adultos e mentes idosas, ele estancou no lugar, prendeu a respiração e não ousou encarar meus olhos... ou meus lábios.
— Precisamos ser invisíveis nesse lugar. Não podemos nos dar o luxo de falhar. Entendeu? — encostei o dedo na gravata dele que eu mesma havia roubado. — Se quiser desistir, desista. Mas não me atrapalhe. Eu não vou perder mais.
Saí de perto e continuei encarando as cenas das nossas vidas. Em uma delas, estava o nosso pedido de casamento. Aquelas lembranças despertavam algo maior em mim... eu não sei se tinha coragem para revivê-las... faltava-me tempo.
— Já perdi o bastante. — resmunguei.
Meu plano — o maior — começou pequeno.
Havia sumido com a carta manchada de café que falava sobre Kate e dobrei as outras duas de volta. Fiz um teatro para minha supervisora, completamente arrependida, e prometendo que desastres como aquele nunca mais iriam acontecer. Ela me acalmou e foi gentil, apesar de eu saber que estava mais aliviada pela carta não estar aberta.
Depois, calma e cuidadosamente, fui adulterando os bilhetes a serem enviados. Eu havia me juntado aos rebeldes sem que eles soubessem. Mas eu descobrira quem eles eram. Suas atitudes eram cotidianas, seus movimentos eram sutis, suas falas eram normais. Porém, eu tinha uma ajudinha, meus poderes. Alguns chamariam de infortúnio. Mas telecinese e super audição eram úteis.
Na verdade, eu só tinha a telecinese mesmo. Desculpa a mentira, foi por impulso.
Eu havia coletado algumas cartas por meio dos meus poderes e utilizado da minha memória para repará-las e devolvê-las. As peças foram de encaixando e eu fui catalogando os possíveis rebeldes. Via as relações deles e começei a me encaixar em algumas conversas.
Meu intuito não era passar despercebida.
Mas passar como inocente.
Como boba.
Ingênua.
Esperançosa.
Aos poucos, minhas mudanças foram ganhando destaque. Comecei a me cuidar mais. Comecei a me dedicar mais ao trabalho. Comecei a desconfiar mais.
Os rebeldes queriam saber quem era o tal rebelde anônimo e as marionetes queriam descobrir quem era o culpado para receber as recompensas prometidas. Dentre elas, uma promoção.
No entanto, minha desconfiança não adiantou de nada. Minhas atitudes precavidas foram por água abaixo. Eu fui boba. Fui ingênua. Tive esperança.
E coloquei meu pior inimigo dentro do meu abraço.
Dei a ele minhas armas.
E fui atingida.
E por mais que me doa admitir.
Fiz o que achei ser certo. Segui meus instintos, meu coração.
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TUA - Número Zero, último áudio
FanficFinalização de The Umbrella Academy - Número Zero (+16) Após se aventurarem na década de 60 e impedirem um novo apocalipse, os Irmãos Hargreeves voltam ao presente, apenas para descobrirem que tudo mudou e que novos heróis foram recrutados por...