0-4: Maya encontra Cinco

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Pov: Maya Hargreeves

     Encarei as pessoas na minha frente com uma sensação hesitante no peito. Estávamos de volta ao presente, em 2019, e mesmo assim... tão longe de casa.

     Limpei o suor que se acumulava na minha têmpora e senti o aperto da mão de Cinco me alertar. Ambos sabíamos que as coisas ainda estavam erradas e que aquela era mesmo a nossa linha temporal. Só estávamos paralisados para absorver as consequências de nossos atos.

     Ben estava ali por acaso já que papai não fazia ideia de sua adoção na "família Hargreeves Original". E como ele poderia? Não era nenhum Agente da Comissão.

     A tal equipe Sparrow era formada por seis pessoas e um cubo flutuante? Eles nos encaravam tentando entender o que estava acontecendo e acredito que meus irmãos faziam o mesmo.

— Mas que m3r-

     Não ouvi o resto da reclamação de Diego. Cinco havia nos teletransportado para outro cômodo como se não suportasse ver o fracasso novamente. Não conhecia esse lado dele e devo ter parecida surpresa demais. A mão de Cinco acenou para meu rosto, me trazendo de volta.

     Ele não tinha saído de lá porque estava com medo.

     Ao longe, ouvia-se gritos e baques surdos, como se uma luta estivesse acontecendo no salão principal da mansão.

— Maya?

     A mandíbula contraída e a testa franzida indicava preocupação. Com os outros e comigo, respectivamente. Um afago em meus ombros me fez concentrar na realidade novamente.

     De novo, Cinco não estava lá porque estava com medo.

     E nem por conta da minha expressão surpresa.

     Só que...

     Eu que tinha continuado parada.

— Estou bem. — disse mais para mim do que para ele. — Vá ajudar os outros!

     Cinco me observou por mais uns segundos até ter certeza de que eu não iria fraquejar.

— Não saia daqui. — E sumiu.

     De repente, o cômodo diminuiu de tamanho. O quarto que eu estava era escuro e as paredes estavam se espremendo. Entrei no guarda-roupa.

     Ar entra, ar sai. Ar entra, ar sai.

      Me acalmei depois do que pareceu meia eternidade. Eu precisava ajudar os outros Hargreeves, mas Cinco havia dito para ficar lá. Eu não obedeceria ele, porém.

      Estava prestes a abrir a porta quando o contato com seco me lembrou do que carregava.

     O envelope que havia recebido de Diego antes de saltarmos no tempo estava preso à minha cintura e me chamava para lê-lo. Estava com medo de descobrir o que havia naquelas páginas restantes... Mas aquele parecia o momento certo.

     Ouvi barulhos do lado de fora antes que pudesse me mover.

     Diego atravessou a porta de supetão, caindo aos meus pés. Gemeu de dor e depois reparou em mim.

— Uma ajudinha?

     A carta teria que esperar. Precisava nos defender.

     Ela cuspia algo de aspecto gosmento e fedido. Nossa oponente tinha um pouco mais que a minha altura e tinha boas habilidades de luta, porém, o ponto mais crítico era o líquido que saía de sua boca. Ao desconhecido que Diego me aconselhou a ficar longe.

TUA - Número Zero, último áudioOnde histórias criam vida. Descubra agora