TUA - Número Zero, último áudio

EPÍLOGO

Aos pequenos passos que damos rumo aos

nossos sonhos e futuros incertos.

Espero que encontrem seus tesouros e vivam bem.

     Estava na estreia mais aguardada de todas.

     A obra era um sucesso e eu fazia parte daquilo.

     Estava orgulhoso de tudo aquilo. Estava orgulhoso do meu eu por ter corrido atrás dos sonhos, lutado, não ter desistido.

     Nem conseguia acreditar que estavam ali para prestigiar o meu trabalho. Uma das minhas maiores conquistas. E quando digo maiores, quero dizer maiores mesmo.

     Meu trabalho em telas de celulares e computadores pelo mundo! Dá para acreditar?

     Tudo por causa de um sonho estranho que tive. Uma aventura temporal cheia de reviravoltas e fortes emoções. Personagens imperfeitos que me lembravam velhos amigos. Tramas familiares e complexas. Um sistema de controle temporal e muito, muito mais!

     Sigo para o centro do palco a passos lentos ouvindo as palmas logo depois de Eliottt me anunciar. Ele faz parte do elenco da série que interpretou um dos irmãos Hargreeves, o sete - Viktor. Ao lado dele, os irmãos Hargreeves se reunem: Tomas interpreta 1 - Lutter, Davi o 2 - Diego, Emma a 3 - Allison, Roberto o 4 - Klaus, Justinn o seis - Ben, Maya a Zero que, surpreendentemente interpreta a Maya e, bem, eu apareço para completar.

     Eu interpreto o Cinco.

     Recolho o microfone da mão de Eliottt, agradeço o público pela presença e me viro para os roteiristas da série para agradecê-los também. Montar a história, os personagens e os arcos na minha cabeça era totalmente diferente de escrever, longe de desenhá-los em quadrinhos e desafiador de transformá-los em uma obra audiovisual. Todos fizemos um belíssimo trabalho.

     Sei que estou emocionado quando minhas pernas começam a tremer levemente mesmo que a voz e expressão permaneçam alegres. Quem diria que depois de tantos anos e trabalhos pequenos, The Umbrella Academy tomaria proporções tão gigantes?

     Saímos do palco para nos acomodarmos na primeira fileira do cinema que está acontecendo o evento. As poltronas púrpuras se iluminam quando a tela se acende e as luzes do local são apagadas. Todos fazem barulho quando a logo da série aparece e os burburinhos ao meu lado são aconchegantes, o elenco está ansioso para ver o resultado final e eu também.

     Os minutos se passam rapidamente e logo, o segundo episódio acaba deixando uma tela preta, a logo da série e vários questionamentos da mente dos convidados. Todos ficam de pé para ovacionar o resultado do trabalho duro. Saímos de nossos assentos para dar as mãos e inclinar o corpo agradecendo a atenção.

     As pessoas se cumprimentam e eu sorrio cada vez mais. O coração aquecido e batendo forte no peito.

     Saio da sala principal para ficar na frente de várias câmeras, sorrindo para as fotos e, logo atrás vem os convidados. Talvez me canse de sorrir.

     Sou encaminhado para uma banca e várias pessoas estão presentes ali com suas câmeras, cadernos e microfones nas mãos. Um dos entrevistadores me chama a atenção. Ele ajeita a postura quando digo que pode fazer a pergunta.

— De onde veio a ideia de adaptar The Umbrella Academy para uma série? — uma pergunta clichê.

— Sinceramente? — começo. — Essa não era uma ideia tão próxima de mim. Não achei que a história chegaria nessa proporção. No entanto, quando me fizeram a proposta, não pude recusar. Os quadrinhos representam muito para mim e as animações que os fãs fazem também são muito especiais. Com a série, estou podendo entregar ao mundo uma história mais contemporânea e mais palpável. Os atores, as cenas de luta, os efeitos especiais. Ficaram incríveis. — passo a palavra para outra entrevistadora.