TUA - Número Zero, último áudio

0-5: F I M

Pov: Maya Rivers (M0H)

     No fundo, Maya Hargreeves tinha entendido meu papel no meio daquela bagunça toda. Ela demorou um tempo para assimilar a existência de outro Cinco. Porém, aparentemente, a minha presença era algo simples.

     Se fosse possível, não envolveria ninguém nessa bagunça toda, no entanto, a única solução que eu encontrei foi a de mandar todos os Hargreeves para uma realidade que os poderes nem seriam uma possibilidade. Um mundo em que o extraordinário ficaria no mundo das ideias, esperando a criatividade humana e o avanço tecnológico para camuflar a realidade e fazê-los existir, mesmo que de mentirinha.

     Eu viveria num mundo assim se não precisasse me preocupar com os outros.

— Sei que deve estar confusa e não posso confortá-la, mas preciso que pense bem na decisão que tomar.

— Tomaremos uma decisão juntos. — respondeu a mini eu puxando a mão do mini Cinco para pertp.

— Certo. — Eu deveria saber.

     Independentemente do que eles escolhessem, precisava que fosse depressa. Tinham descoberto nosso esconderijo e eu não daria muito para que viessem atrás de nós nessa linha temporal.

— Podem nos deixar a sós? — o jovem Cinco Hargreeves perguntou hesitante. Encarei Cinco e neguei. Eu e meu noivo não podíamos sair dali.

     Então eles foram para outro cômodo.

     Quando a porta se fechou, a maleta em minha mão pesou mais e deixei ela no chão. Meu Cinco se aproximou de mim e afagou meus ombros enquanto suportava o peso do meu corpo.

     Estávamos quase conseguido e nossa missão acabava ali.

     Não tínhamos para onde ir.

     Era agora ou nunca.

     A questão é que nunca que os Hargreeves concordariam em ficar sem seus poderes.

— Amor... — Cinco começou exitante, talvez não quisesse correr aquele risco.

— Estou... — o encarei, embalada em seus braços. — com medo. — Confessei. — Se eles não quiserem ir. Se eles não acreditarem... Tudo vai ser em vão.

     A hesitação me pegou de surpresa. Cinco não disse nada sobre meus tormentos. Talvez ele estivesse pensando no que faríamos caso os Hargreeves negassem.

— Sabe que tem outra possibilidade. — sussurrou como se não quisesse que eu ouvisse.

— Temos? — temos? Temos.

— Iremos no lugar deles. Não precisamos ficar.

— Se eles não forem, não terão um final feliz nunca. Se não ficarmos, eles chegarão. Eles nos caçarão. — O desespero era palpável nos meus gestos. Agarrava os ombros de Cinco com os dedos trêmulos sentindo o mundo desmoronar. — Cinco. Precisamos derrotar a Comissão!

— Eu sei. — ele disse segurando firme meu rosto para que eu o encarasse e visse que o que dizia era verdade. — Sei disso. Sei que devemos. Mas é necessário? Temos amigos chefiando o lugar, gente que está do nosso lado.

— Não estão do nosso lado! — Empurrei seu corpo obrigando-o a desgrudar de mim — Estão do lado da anônima. Uma salvadora que no fundo tinha motivações egoístas. Você não vê? Ninguém está do meu lado. Nem você.

     Nem ele. Eu tinha perdido Cinco para o mundo. Ele queria que a Comissão continuasse existindo. Queria a existência de uma empresa que tinha o poder de vigiar o espaço tempo e interferir no que bem entendesse. Ele queria que as coisas ficassem como já estavam. Queria fugir e nunca mais dar notícias.