Se Vinícius de Moraes sempre disse que a vida é a arte do encontro, Armin também vai dizer que se encontrou nela.
O Grandioso-Senhor-das-Artes-Cênicas olhou para ele e disse "isso é uma adoção" no momento em que se sentou no banquinho da praça e assistiu uma peça de baixa qualidade, mas Broadway de primeira linha ao olhar infantil.
Aos cinco anos, pediu uma fantasia de mago de aniversário e passou o resto do dia mexendo em sabe se lá o quê dentro de uma vasilha. O pequeno Armin afirmou copiosamente que aquela gororoba era fertilizante mágico para a hortinha de seu avô, não macarrão com orégano dissolvido em água.
Aos doze, Armin percebeu que a arte (arma) de encenar é perigosa ao ser liberado mais cedo da aula de educação física após inventar uma dor de barriga. Continuou fingindo quando seu avô veio buscá-lo e, mesmo com peso na consciência, Armin gosta de pensar que pelo menos escapou de mais um jogo com os meninos da oitava série. Ele precisa ver as coisas de forma positiva.
Ser meio caçado por meninos mais velhos é realmente uma droga. Armin pensa que, se não fosse por Annie e Reiner, diria adeus ao mundo e o seu recorde em Sonic há muito tempo.
Do berço para a vida, os três parecem estar grudados com sapato-spray, de Flint Lockwood. Armin é primo de primeiro grau de Annie e Reiner, irmãos gato-e-rato, e puxam os cabelos desde as fraldas. Uma vez, em um dia quente, Armin os chamou de Tom e Jerry e não foi convidado para as noites de videogame durante uma semana. Apesar disso, seus primos são legais.
A infância de Armin Arlert poderia ter sido somente driblar meninos mais velhos, obrigar seus primos a brincar com fantasias que só cabiam nele e fingir dores de barriga, mas se há uma coisa que marcou a sua juventude, foi o teatro.
Então, Armin recebe um papel de instruções do trabalho semestral da faculdade de artes cênicas. Percorre cada linha atentamente porque já foi traumatizado o suficiente com uma DP no último semestre, mas quer acreditar que as coisas vão mudar.
Historia está na cadeira da frente e se vira com a mesma folha nas mãos. Armin não tem noção da cara estranha que ele está fazendo agora e, infelizmente, Hisu tem e é obrigada a perguntar.
— O que foi?
— Dá pra sentir?
— Sentir o quê?
É irritante como Armin não tira desgruda os olhos daquilo, contudo, se contenta em responder com o rosto embutido em confusão.
Armin fecha os olhos, abraça o roteiro suavemente e respira fundo.
— Dá pra sentir a beca na minha cabeça e o diploma na minha mão? Porque o veludo dele é azul e a beca é tão confortável... — Ele, enfim, abre os olhos. — Que se dane a ética, estou indo beijar a professora agora mesmo.
— Errado, eu beijo primeiro. — Historia vê o verso do papel. — Isso parece ser divertido, mas não entendo porque justamente você está feliz com isso.
Religiosamente, Armin pousa a folha de papel na mesa com cuidado e, em seguida, suas mãos estão nos ombros dela.
— Hisu, me escuta, nada importa quando é um trabalho diferente do semestre passado. Literalmente, qualquer coisa é melhor do que aquilo.
— Sabe, você é a minha motivação diária para não ser burra. — Ela apoia o queixo nas mãos, os olhos desinteressados. — Você é a pessoa mais genial que conheço aqui dentro, mas se até você não se salva de uma DP, tenho medo do que o futuro me reserva.
— Eu tenho justificativas.
— De qualquer forma — ergue o roteiro do trabalho bem na cara dele, cutucando o papel com as unhas médias —, eu espero que você tenha entendido que precisa usar suas habilidades sociais para alguma coisa.
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Luz, Câmera, ERICK! (Eremin)
FanfictionArmin Arlert está publicamente desesperado e precisa de um personagem para o projeto semestral da faculdade de artes cênicas. O tatuador Eren Jaeger é detestável, mas perfeito para o serviço. Atravessando o orgulho, Armin deve desfazer a rivalidade...