Senhor do São João

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Quando Eren o chamou para uma festa de São João, Armin pensou de tudo, menos que seria no estúdio de tatuagem.

Com os primos e Bertholdt no carro, olha para o local pela janela e tem certeza que será a festa junina mais bizarra que irá em toda sua existência.

— Gente? — Annie tenta ver pelo ombro dele. — Cadê a luz desse lugar?

— É por causa das persianas, mas tem lá dentro. É bonito — Armin responde. — Vai por mim.

Os quatro estão parados na porta, trazendo travessas de comida e vestidos da maneira mais caracterizada possível. Annie e Bertholdt têm pintinhas artificiais no rosto, Reiner um grande chapéu de palha e Armin calças jeans e cinto da terceira idade para compensar os inseparáveis All Star azuis com o nome "Eren" escrito na plataforma. Nenhum está fora do xadrez.

Eren também lhe disse que a empresa insistia em fazer o evento anualmente, e convidados sempre foram permitidos.

Armin, enviando uma mensagem a ele confirmando sua chegada, não demora a vê-lo abrindo a porta com o mesmo sorriso convencido de sempre.

Eren tem os cabelos soltos, um chapéu ao estilo cangaço, uma camiseta fechada de xadrez verde, jeans e aquele All Star preto de cano alto. O "loirinho" escrito com caneta azul na plataforma não passa despercebido. Parece que Armin não é o único que se esqueceu das botas. No entanto, é estonteante. Armin precisa voltar ao mundo real quando percebe que toda sua família já havia o cumprimentado e entraram no estúdio, menos ele.

— Nada mau, Jaeger.

Eren ri dele, enrolando o braço ao redor de seus ombros.

— Você também não está de se jogar fora, Arlert. — Olha para Armin calorosamente. — Vamos lá. Entra.

Armin desvia o olhar e finge não se chatear quando os braços de Eren não estão mais ao seu redor.

Ao invés disso, ele escuta a batida de "Vem Morena", de Luiz Gonzaga, um abafado de conversas, rostos conhecidos e as luzes, que costumavam ser verdes, agora estão todas amareladas e climatizadas à temática de São João.

Apesar da pegada meio gótica, a decoração se torna belíssima com algumas dúzias de varais de bandeiras coloridas, colagens nas paredes, brincadeiras típicas, barracas no piso superior e, claro, a mesa de comida (e parte favorita de Armin).

Preparou um pão de milho com cobertura de amendoim, e depois das instruções de Eren de onde poderia colocá-lo, que puxa não só ele, mas a família de alemães inteira para um canto com outro grupo de pessoas.

Armin repuxa na memória, mas reconhece o rosto de alguns deles. A cara da coluna de ferro está bem ali, tem cabelos pretos curtos, os braços fechados de tatuagem e é baixinho.

— Pessoal — Eren esfrega as mãos antes de gesticular para o grupo de pessoas. — Estes são os caras que trabalham comigo, meus veteranos e patrões favoritos, guardados no fundo do meu precioso coração.

O homem baixinho revira os olhos. O homem estrondosamente alto, loiro e cheio de piercings ao seu lado mantém um sorriso leve.

— Kenny, Erwin e Levi Ackerman — apresenta cada um, indicando com a mão esquerda, e repete o processo com a turma de Armin. — Como podem ver, eles são família, igual vocês.

— Ah, entendi. É um negócio de família? — Reiner sorri.

— Está na cara, filho — Kenny, um cara que parece estar com a boca ardendo de pimenta a todo momento, responde.

Luz, Câmera, ERICK! (Eremin)Onde histórias criam vida. Descubra agora