Senhor dos Resultados

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Desde que Armin o viu lhe dar as costas com palavras raivosas, genuinamente pensou que "estar com Eren" estivesse no dicionário em alguma definição da palavra "impossível".

Também pensou que o trabalho da faculdade seria um peso que teria de arrastar com dores para todo sempre, sem chance de repouso. Contudo, o Senhor-dos-Resultados olhou para Armin e disse "Estou te dando uma segunda chance" e, a partir desse momento, ele se desempenhou em não desperdiçá-la.

Depois de meia hora tomando chuva com beijos e os cabelos molhados, nada surpreendentemente, os dois ficaram doentes. Os olhos de Eren lacrimejavam e a garganta de Armin arranhava, no entanto, pareceu uma perfeita chance para um cuidar do outro.

Armin disse ao seu avô para não se preocupar, juntou uma pequena mala de roupas e saiu em rumo ao apartamento de Eren, andar número doze, rezando internamente para que a sua escova de dentes ainda estivesse lá.

Em sua mochila, trouxe cartelas quase sem remédios de tão usadas, máscaras descartáveis e Neosoro. Pareceu pagamento suficiente para que Eren o deixasse fazer um mochilão naquele apê por alguns dias.

Por alguma razão, depois daquela noite, estar longe um do outro virou uma espécie de missão impossível. Armin descobriu que ama secar os cabelos dele e que Eren faz uma sopa de repolho deliciosa, provando para Deus e o mundo que Armin não é o único que sabe se virar na cozinha.

O único detalhe é que as férias no apartamento de Eren não duraram somente até os dois melhorarem, porque, mesmo saudáveis, eles continuam lá. Armin até dividiu as contas da casa com ele no primeiro mês, mas claro, depois de pedir muito para colaborar também.

Deixou que Eren entrasse e dividisse o cobertor rosa velho sempre que precisasse, o que se tornou quase sempre. Seja vendo os últimos episódios de uma temporada, comendo pizza de frango e tomate ou, agora, esperando o resultado da aprovação do projeto "Luz, Câmera, ERICK!".

Para ser sincero, Armin nunca soube que aquele trabalho, que trouxe tanta dor de cabeça, pudesse ter a chance de se tornar uma piada.

Às vezes, Eren se auto intitulava Erick e competia com Armin para ver quem atuava melhor. Claro, ninguém ganhava porque rir depois de cinco linhas de fala é inevitável.

O gosto amargo do projeto semestral provou-se, aos poucos, passado. Armin entende que suas vidas desabaram, porém, sem Erick, não haveria Eren, e sem ele também não haveria Armin.

Então, os dois Bravos-Protegidos-Por-Cobertores-Rosa estão acordados às seis da manhã, olhando fixamente para o notebook de Eren e o sistema de notas de Armin, no qual apertava F5 de cinco em cinco segundos a espera de uma confirmação.

O motivo do trabalho é justamente conseguir o tão desejado lugar no elenco da peça mais famosa da USP, "O Auto da Compadecida". O lado profissional de Armin anseia uma experiência como essa por anos, e ainda sendo um estudante, seria muito bem recompensado futuramente.

— Você já atualizou isso aí umas sete mil vezes. — Eren deita a cabeça no ombro do namorado. — Quer que eu passe um café?

Armin balbucia que não enquanto roe as unhas curtas.

— Mano, eu não entendo. Os resultados deveriam sair exatamente às seis. Isso é uma tortura à toda raça universitária que jaz nesse lugar horrível que chamam de terra.

Os ombros de Eren tremem com a risada cansada que se segue.

— Eles vão estar lá, mas se você tomasse um café enquanto isso, seria melhor.

Luz, Câmera, ERICK! (Eremin)Onde histórias criam vida. Descubra agora