Senhor dos Bissexuais

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Reiner coloca a cabeça para dentro do quarto de Annie, que passa um rímel em Bertholdt. Armin está amarrando o mesmo All Star azul.

— Meu Deus — É a primeira vez que Reiner fala quando chega ali. — O que é isso colorido aí? Nunca vi tanto gay na minha vida.

Armin bufa com diversão.

— Isso é irrelevante comparado ao que te aguarda daqui uma hora, vi no Twitter que a fila pro show parece uma parada LGBT. — Cadarços amarrados, Armin olha para o primo com a cabeça escorada no pé da porta. — Você está pronto?

Reiner assente lentamente, assumindo uma expressão maliciosa. Armin levanta só para se sentar ao lado de Bertholdt e Annie, que interrompem sua sessão de maquiagem.

— Mostra — pede Annie.

— Tudo bem, fã, eu mostro. Só não se apaixone.

Reiner pigarreia em milésimos de segundos antes de revelar um top preto, uma manga longa brilhosa com nuances transparentes, calças prata metalizadas e, por fim, os olhos sombreados com as cores da bandeira bissexual. Armin não segura as palmas e Annie faz um bico impressionado.

— Dá uma viradinha aí, Reiner. Que orgulho.

— Literalmente — Armin aprova.

Bertholdt, com um único olho mergulhado em rímel, ainda está em completo silêncio. É suficiente para que Reiner entre no quarto coçando de ansiedade.

— Amor?

Bert tem uma expressão rígida.

— Reiner Braun Leonhart — ele diz —, você tem demaquilante aí?

Reiner pisca os olhos em confusão.

— Ah, seu rímel borrou? — Esperar uma resposta é desnecessário, ele continua: — Não tenho aqui, mas quer que eu traga? — Junta as sobrancelhas em desentendimento.

O silêncio é vago e duvidoso, Armin e Annie começam a olhar preocupados.

Bertholdt estufa o peito e diz:

— Então me deixa ser o seu demaquilante e borrar o seu batom, por favor. — Finge limpar uma lágrima e olha para Armin e Annie, o indicador apontando para Reiner. — Caras, eu escolhi bem, não é? Olha isso, pelo amor de Deus... Ah, e obrigado, Deus, muito obrigado.

Antes que Reiner exploda pelo surto, ele prefere deitar a cabeça no colo dele emburrado, no entanto, Bertholdt promete que foi uma brincadeira romântica e inofensiva.

— Sabe, Annie — sussurra Armin. — Eu sei que fazem seis anos que esses aí namoram, mas nossa, nunca vou me acostumar com isso.

— Nem eu — ela responde sem tirar o olho deles. — Fofos.

— Me sinto tão solteiro.

— Eu não, graças a Deus. — Annie sorri e diz baixinho para Armin com toda maldade do mundo. — Eu namoro.

Armin grunhe, abraça os joelhos e coloca a cabeça entre as pernas, projetando o corpo para frente e para trás.

— Vida solteira desgraçada!

— Calma, Armin, calma. — Annie dá tapinhas em suas costas. — Se dói tanto assim, te inscrevemos no Vai Dar Namoro. Sem crise.

— Some daqui. — Ele abana a mão pra ela raivosamente.

— Pelo menos você aparece no Casimiro — responde Bertholdt por entre os carinhos que ele está fazendo no cabelo de Reiner.

Armin levanta com uma postura rígida e olha para cada um ali presente, os olhos mergulhados em seriedade.

Luz, Câmera, ERICK! (Eremin)Onde histórias criam vida. Descubra agora