7 • | i would take the pain away

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O sol ainda está começando a nascer quando Liam dirige de volta para a mansão dos Tomlinson. Meus olhos estão pesados, ardendo por toda a luz e minha cabeça permanece apoiada no vidro o caminho todo, Louis dorme, pra variar, no meu peito, resmungando coisas como sermos Tom e Jerry e que ele quer muito comer ervilhas no desjejum. Não lhe dou muita atenção e nós adormecemos.

Consigo registrar pouquíssimas coisas e nenhumas delas me diz como eu acabei de pijamas na minha cama, confortavelmente enrolado nos edredons fofinhos onde eu pretendia ficar até a virada do século, no entanto quando meu estômago começa a roncar eu me arrasto para a cozinha com o plano de roubar algo pra comer e correr de volta para a cama, mas antes que eu atravesse a porta escuto o que não deveria, ou talvez fosse justamente o contrário.

— Eu percebi, Lottie. — Clare dizia, batendo alguma massa em uma tigela.

— Não, é? Ele até mesmo quis viajar. Já fazem anos desde que Louis saiu de Londres. Estes dias quando eu cheguei eles estavam sentados no jardim. Eu realmente gosto desse menino, o Harry é uma boa pessoa e tem feito bem ao Louis. — Sinto minha garganta fechar e me escoro na parede para não desmoronar. Merda, eu não preciso ouvir isso agora — Acho que ele é o amigo que meu irmão tanto precisava.

— Eu fico tão feliz por isso! Imagine a senhora.

Charlotte sorri tão largo e verdadeiro, que eu não consigo evitar de derramar algumas lágrimas pela alegria que transparece em seu rosto, tão cheio de esperanças, porque acredita que seu irmão possa estar melhorando. Confiando que eu estou fazendo bem para ele.

Suas palavras gritadas pra mim no sonho ecoam:

Assassino!

— Eu disse ao Tommy que poderíamos marcar a data do casamento. Acredito que posso confiar Louis ao Harry. Serão muitas responsabilidades, mas eu acredito que com o passar do tempo...

Tudo começa a girar diante dos meus olhos, a chuva de culpados caindo sobre mim, Lottie abrindo o próprio peito e o corpo morto e frio de Louis posto à mesa. Minhas mãos estão sujas de sangue, eu olho para elas e vejo o seu sangue vermelho as manchando. As memórias de todos os momentos que partilhamos pairando como uma assombração, um fantasma do meu crime.

Eu não posso fazer isso, não posso.

A morte de alguém é uma cruz grande demais para se carregar, principalmente se este alguém for Louis Tomlinson.

Procuro o remédio nos bolsos, não o encontrando, volto para o meu quarto e ele não está em lugar nenhum, e enfim uma lembrança útil da manhã me faz recordar que Louis havia vestido o meu paletó e ido para o seu quarto. O remédio está com ele, invado seu dormitório e ele ainda está se espreguiçando. Vasculho os bolsos do blazer abandonado na poltrona e encontro o vidrinho intocado.

— Hum, já está na hora do meu remédio. — Ele diz com a voz rouca sonolenta, sentando-se na cama com os cabelos para o alto — Vamos lá, Harold.

— Louis.

— Eu prefiro, Sr. Tomlinson, mas como é a última vez eu posso relevar. — Ele boceja, esfregando os olhos e abrindo um sorriso calmo — Não se preocupe, falei com o meu advogado há dois dias e ele já está organizando toda a papelada do testamento. Daqui a pouco eu estarei morto e você será rico.

— Eu não quero o seu dinheiro! — Declaro decidido e o sorriso em seu rosto vacila levemente.

— Claro que quer. — Nego novamente — Vai querer fazer isso de graça? Okay, então. — Louis se estica para pegar um copo e o estende para mim — Coloque o remédio.

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