8 • | search your heart, search your soul

1.1K 124 117
                                    


Podia se dizer que vivíamos em um período de paz. Dois dias depois do episódio na cozinha, Louis se mostrou menos hostil e Charlotte resolveu que seria uma boa ideia liberar o irmão de seu confinamento.

Os ânimos entre eles estavam abalados, mas Charlotte não parecia ser do tipo rancorosa e logo lá estava ela ao lado do irmão tagarelando sem parar sobre suas novas criações. Ela era realmente talentosa e suas joias eram lindas, e talvez eu tenha tido um ataque histérico quando ganhei um anel de rubi de Lottie como agradecimento por não ter deixado seu irmão cometer nenhuma loucura e ter continuado ao seu lado mesmo quando ele não me queria por perto.

Ao que tudo parecia eu iria manter meu emprego. O Sr. Tomlinson passava as suas manhãs com Liam, enquanto eu estava fora, ainda no colégio. Vez ou outra quando Liam ia me buscar me surpreendia ao ver Louis no carro, sentado no banco do carona, óculos escuros e fumando um cigarro com o braço esticado para fora da janela. Dando de dez a zero nos bad boys que ficavam por ali montados em suas Harley-Davidson com os cabelos oleosos arrumados em um topete alto e jaquetas de couro. Louis não precisava disso, ele era um bad boy naturalmente e arrancava suspiros de todas as garotas que passavam.

Era cômico, os sorrisinhos tímidos e os cochichos, olhares provocantes e toda a merda que elas tentavam para chamar sua atenção, sem nunca conseguir um olhar. Nem imagino o porquê, estranho, não?

— Harry, quem é aquele homem que vem te buscar às vezes? — Certa vez um grupo com umas quinze garotas veio até mim, cheia de perguntas.

— Hmm, é o meu tio, Louis.

— E porque ele nunca olha pra gente? — Uma baixinha de cabelos ruivos e sardas por todo o rosto perguntou, parecendo ofendida.

Porque ele é cego!

— Ele é tímido. — Foi o que disse, antes de sair quase correndo, para a sala.

Estávamos no Outono e eu não conseguia fazer muita coisa além de ficar enrolado em cobertores em frente a lareira — comendo e vomitando bastante, só pra não perder o costume — Louis, pelo contrário, ele se tornara ainda mais esportivo, jogava cricket comigo e Liam. Eu era péssimo e perdia sempre. Outras vezes era ping pong e adivinhe só quem levava um couro, Louis. Ele precisava ser ruim em algo, bem, não é que ele fosse ruim, ele apenas não sabia em que direção a bola estava vindo e isso tornava o jogo mais complicado do que deveria ser. Mas também havia a equitação e nessa ele era mestre, em alguns dias eu o acompanhei, observando do jardim ele cavalgando pelo campo aberto que fazia parte da residência. Louis possuía um cavalo branco, com a crina acinzentada com o nome de Átila. Era incrível vê-lo cavalgar, ele parecia um príncipe, com suas roupas escuras de montaria, o cabelo grande demais voando contra o vento e o rosto corado. Quando estava em cima de Átila ele sorria e gritava o tempo todo, era um escandaloso de marca maior, mas isso parecia divertir o animal que corria ainda mais rápido. Suas mãos se prendiam com força nas rédeas, veias grossas as marcavam e pensamentos deselegantes passavam pela minha cabeça sempre que eu me atentava a esse fato ou em como suas pernas ficavam bem marcadas nas calças de couro e ainda mais grossas quando cavalgava.

Eu voltei a ajudar Louis em seus banhos, ele não precisava de tanta ajuda como daquela vez, mas eu sempre precisava vesti-lo e vê-lo completamente nu, por algum motivo misterioso se tornava uma tarefa árdua, afinal meus dedos formigavam para tocá-lo.

Isso só podia ser efeito da gravidez tinha que ser, assim como o meu apetite voraz, seguido dos enjoos e os desejos sem sentido como bolo de vinagre e gelatina com grama. Mas eu não entendia muito bem como isso funcionava, por isso hoje, assim que cheguei do colégio me tranquei na biblioteca e fiz uma varredura, à procura de livros sobre gravidez. Não foi surpresa quando não encontrei nenhum sobre Mpreg. Apenas uma ou duas folhas sobre um artigo do começo da década falando sobre as monstruosidades saídas dos Campos de concentração e lá estava, um homem grávido esquartejado e enforcado.

PERFUMEOnde histórias criam vida. Descubra agora