Amor.

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Sentado no mesmo sofá de anos atrás, ele começou a divagar se havia sido uma boa ideia atravessar o país em seu carro.

- Aceita uma água? - Vestida em roupas engomadas e alinhadas, como uma boa dona de casa, ela perguntou.

- Eu vou ser breve, eu quero meus irmãos. - Repetiu pelo o que seria a quinta vez.

A mulher se aprumou e caminhou até a poltrona em frente à Arthur. Ela era a mesma de antes, apenas com algumas rugas e fios brancos a mais.

- Seu pai está quase para chegar e vocês poderão conversar. - Disse dura, olhando o relógio ao lado do crucifixo na parede.

- Ele não é meu pai! - Exaltou-se, retirando alguns fios de cabelo que caiam sobre o seu rosto. - Onde está Wednesday?

- Wednesday não está mais conosco.

A mulher parecia uma rainha de gelo, com seu coque perfeito e puxado. Isso irritava Arthur.

- Vocês mataram ela?! - Levantou-se, os punhos fechados. - Além de nos roubar de nossa mãe vocês ainda mataram ela?! - Gritou enfurecido.

A mulher suspirou e ajeitou a saia.

- Nós não sabemos se aquele pecado está viva ou morta. - Iniciou com seu olhar de gelo. - Ela fugiu já faz quase um ano, assim como você, ela deu as costas para a família amorosa que ela tinha.

Arthur riu descrente, se lembrava muito bem do tratamento que sua irmã recebia.

- Vocês batiam nela, e até estupravam a porra da garota! - Chutou a mesa de centro, completamente enraivecido. - Não me surpreende que ela tenha fugido!

Ele arfava com raiva no centro da sala, as mãos na nuca tentando se acalmar, enquanto a mulher continuava imparcial em sua pele de mulher fria.

- Mãe? - O garotinho estava assustado com aquele homem que gritava.

- Lucas, volte para o seu quarto, querido - Levantou-se, agora assustada.

- Lucas? - Arthur sorriu amigável, para o garotinho que parecia assustado. - Sou eu, o Arthur.

- Arthur? - Lucas se esgueirou entre os braços da mãe e correu até o irmão, pulando no rapaz.

- Você está bem? Eles te trataram mal? - Arthur analisava o pequeno corpo do menino, buscando marcas ou feridas, mas ele parecia limpo e impecável.

- Lucas é nosso milagre, Arthur. - Ajeitou o cabelo, novamente olhando para o relógio. - Ele nos acompanha até a igreja todos os domingos, e já até aprendeu a fazer suas orações sozinho.

Arthur abraçou com força seu irmão, pois o que ele mais temia era que Lucas também sofresse abusos.

- Nós iremos passear agora, Lu. - Ele falou ao caminhar até a porta da casa.

- Você não pode chegar aqui e levar o meu filho assim sem mais nem menos! - Ela gritou.

- Você não é a nossa mãe. - Ele rosnou indo até o seu carro e sendo seguido por aquela que se dizia ser sua mãe.

- Eu cuidei de você e daquela sua irmã imunda! - Gritou novamente. - Você não pode levar o meu Lucas assim!

- Eu posso. - Afivelou Lucas no banco de trás e fechou a porta, indo até a mulher que agora parecia arrasada. - E eu vou!

- Vamos ver se você vai ter essa coragem toda quando eu mandar a polícia atrás de você! - Rosnou, apontado o dedo para o rapaz.

- Manda, pode mandar, e eu conto tudo o que você e aquele verme fez com os meus pais e com a minha irmã! - Rosnou cara a cara com a mulher, que apenas engoliu em seco e observou enquanto Arthur entrava no carro e partia com seu irmão dali.

CORES - Wenclair version Onde histórias criam vida. Descubra agora