Eu serei a vilã

Segredos obscuros

O segundo filho de Martha desceu as escadarias com os seus passos apressados, fazendo assim o tão característico som de seu sapato colidir com o chão. Os estudantes que estudavam a mais tempo na escola, logo perceberam que o Morland estava com os ânimos a flor da pele e saíram do seu caminho o mais rápido possível.

Já aqueles estudantes que eram desavisados e não conheciam o temperamento tempestuoso do ruivo, acabavam esbarrando sem querer com aquela besta vermelha incontrolável e mal humorada andando pelos corredores do castelo era um perigo.

Os seus olhos estavam dilatados e uma veia estava saltando de sua testa, um claro sinal de perigo eminente, pois era nessas horas que a anomalia despertava e fazia acelerar aquela maldição que iria destruir a sua vida por completo.

A anomalia era sorrateira e lhe atacava do modo mais cruel possível, destruindo a humanidade por completo, até não lhe restar mais nada e se transformar em  um monstro demoníaco que destruiria tudo por completo.

Uma dor dilacerante atingiu os seus olhos esverdeados e tudo começou a girar ao seu redor, a anomalia da deusa da inveja sempre era ativada quando os seus sentimentos eram conflitantes.

Por um instante, pensou em ir para o dormitório Donum pra descansar, mas se lembrou que a essa hora da tarde o coven (sala de estar) deveria estar lotado de membros do dormitório fazendo as tarefas das aulas e jogando conversa fora sobre coisas bobas da vida. Sem sombra de dúvidas, ele não conseguiria tirar um cochilo para ver se passava a dor de seus olhos.

O lugar mais tranquilo nesse horário, seria a sala de poções que ficava na torre ao norte. De tarde a torre era sempre tranquila, pois nesse horário o professor Melker Landur estava preparando os seus caldeirões para as aulas de poções e feitiços que ocorreriam de noite.

Percorreu o belo jardim planejado que havia sido construído na época em que os fundadores de Maleficis Turrim ainda eram vivos e se dirigiu para a torre mais alta de todas, a torre dos sussurros.

Todos os estudantes que já se formaram ou aqueles que ainda estão no período de formação acadêmica, já especularam ao menos uma vez na vida o motivo daquela torre ter um nome tão peculiar e misterioso que atiçava suas curiosidades mundanas. A quem diga que aquele lugar tinha esse nome por conta dos espíritos de pessoas que tiveram suas vidas ceifadas durante a era da derrocada, período esse que foi marcado pelas perseguições do rei Philip Abelliano II contra a população mágica.

Já a outras pessoas, dizem que esse castelo foi construído pelos bruxos que se aliaram a Hunter Morland, Alessandra Janssen e Aurora Northwest para a derrubada de do rei devasso. Pelas especulações da época, as reuniões eram feitas na maior torre que ficava ao norte do castelo e sempre eram feitas durante as madrugadas de lua cheia.

Ao chegar no local desejado, abriu a porta de madeira sem muitas dificuldades e adentrou aquele lugar que eram tão familiar e nostálgico para ele. Fechou a porta para que não fosse atrapalhado e começou a subir com calma pela escadaria de pedra que era em formato de espiral.

Por um instante, parou de subir as escadas e começou a tossir, fazendo assim o sangue carmesim cair sobre um dos degraus.

Jorge: Maldição desgraçada -falou consigo mesmo e se sentou degraus acima, para que pudesse ver o sangue que saia de sua boca formar mancha. Abaixou a sua cabeça e pode sentir uma paz o atingir e a dor dilacerante se ir aos poucos ao ver aquela cor vibrante.

Após uns minutos, levantou a cabeça e se deparou com as chamas vermelhas crepitando na tocha e ilumando as paredes com a cor dourada que remetia a armadura da sua deusa mãe, Iustitia, mas ele nunca pode ver essa cor tão bela e radiante.