𓆟 | Imprevistos

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A última vez que olhei pela janela estava escurecendo, decidi que dormir um pouco não me faria mal

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A última vez que olhei pela janela estava escurecendo, decidi que dormir um pouco não me faria mal...mas que pensamento burro o meu.
Sonhei que estava num campo bonito, a grama estava tão verde que eu poderia confundir com um tapete falso. Estava sentada no tronco caído da colina do lago em que fui com Ajax. O vento soprava sereno fazendo meus cabelos dançarem uma música imaginaria. O ruivo logo chegou enchendo meu saco, acertou uma amora na minha cabeça para provocar. Ele riu, o sorriso mais doce que poderia me mostrar, era o paraíso em seu olhar.

- Então você vai mesmo para o exército? - Continuei a olhar para o céu limpo e azulado.

- "Exército". - Fez aspas. - Quer uma?

Ofereceu a fruta com os dedos manchados de roxo. Estava tão crescido, eu poderia negar o quanto quisesse mas era fato que ele havia mesmo mudado...me parecia familiar.

- Obrigada. - Peguei um pouco de sua mão.

- Não sei se vou voltar. Pode ser que eu nem sobreviva ao treinamento, Yeda...

- Não diga isso! Sei que você está mais forte, vai voltar sim! - Eu não queria acreditar.

- Eu espero que sim... - O vento ficou agressivo de repente, meu cabelo ricocheteava no meu rosto como se me castigasse, e em um piscar de olhos tudo desabou.

Lutei para tirar o cabelo que cobria meus olhos, e quando voltei a enxergar, Ajax havia desaparecido, o cenário mudou, a neve cobria toda a colina e o céu estava escuro.

- Ajax? Ajaaaaaax! - Levantei do tronco olhando ao redor a sua procura.

Era inconfundível, o cabelo ruivo era tudo o que poderia ver naquela neve, estava caído no chão próximo ao lago congelado. Corri até o fim da colina e a medida que me aproximava podia enxergar o sangue manchando a neve debaixo do seu corpo frio.

- NÃO! Ajax por favor, isso não pode estar acontecendo! - Não podia acreditar. - O que você fez? O que deu na sua cabeça? Por que não fugiu comigo?

Os soluços desesperados não podiam ser ouvidos, eram abafados pelo vento que gritava.

- Posso conserta-lo se quiser. - A voz veio de trás de mim. - Se me der o que almejo, posso trazê-lo de volta. Mas talvez...

O jovem, que parecia ter a mesma estatura que a minha, se inclinou até meu rosto tampando o céu com seu enorme chapéu redondo olhando fixamente para os meus olhos.

- ...você me queira mais do que ele. Deixe-o, venha comigo Yeda, sei que me quer tanto quanto qualquer outra coisa. - Era inconfundível, Scaramouche, o personagem o qual tanto procurava.

Estendeu sua mão para mim, que segurou-a quase que imediatamente, me levantou do chão e me abraçou. Era...estranho, não me sentia acolhida, só sentia que se eu o recusasse seria minha sentença.

Algo estava diferente, Scaramouche me apertou mais firme, e mais, e mais, e cada vez mais me sufocando em seu abraço, até que perdesse completamente meu ar, o andarilho cravou seus dedos nas minhas costas me causando uma dor a qual eu nunca havia sentido em toda minha existência.

- Está tudo bem, porque eu vou fazer de você cada vez mais tola, até que a única coisa que você possa gritar é o meu nome.

- S-Scaramouche...ARG!

- Isso... - Scaramouche gargalhou de uma forma sombria.

Quando me soltou, já estava sem forças, ele me olhou sádico e deixou que caísse para então...acordar.

Acordei com um estrondo na caixa em que estava. (por quando tempo dormi?)

- Vamos fechar antes que sobre pra nós!

- Será que foi algum passageiro que abriu?

- Não faço ideia, mas lembro de conferir tudo antes de deixarmos o Porto e estava fechada. - Eram os fiscais, estavam tentando lacrar o que Ajax havia aberto.

(não podem me fechar aqui ou não vou poder descer quando chegar no meu destino!)

O desespero tomou conta de mim, será que estava perto de Mondstadt? Será que seria mais inteligente barganhar com eles? Claro que não! Perderia tudo e poderia até me machucar conversando com eles.

( mas por que eles desceram aqui de repente?)

- ÚLTIMA CHAMADA PARA INAZUMA! - Ouvi os gritos que vinham do lado de fora.

(INAZUMA? Que se foda, é a minha chance!)

Não podia ficar presa ali e também não podia esperar até a próxima parada para tentar sair, era muito arriscado, se descer agora posso não me adaptar ao lugar mas pelo menos não estarei cercada de marinheiros estranhos e não vou correr o risco de ser lançada no meio do mar.

Encostei as costas no chão da caixa e coloquei os pés na tampa...(1, 2, 3!) chutei a tampa pra cima estourando na cara de alguém.

- ARG! QUE MERDA É ESSA? - O homem se afastou atordoado enquanto o outro cobriu o rosto com as mãos instintivamente.

Peguei minha bolsa rápido e saí da caixa correndo, uma luz incomum iluminava o subterrâneo, sua origem vinha da parede, havia se transformado numa ponte de carga que estava posta ligando o navio ao deque do Porto da tal Inazuma. Parece que navios eram projetados para ter isso como facilitação na hora de descarregar essas encomendas.

- EI! GAROTA, ONDE PENSA QUE VAI?! - Os homens vinham atrás de mim, sem pensar duas vezes, saí por ali mesmo atravessando a ponte improvisada.

Corri como nunca havia corrido na minha vida, não tinha ideia de onde estava indo mas precisava me afastar do Porto. Se me encontrassem poderiam me prender ou pior...

Inazuma...se me lembro bem, as pessoas não tinham fácil acesso à essa nação, a não ser que essa embarcação seja da Beidou.

Alguns guardas da região notaram minha fuga e começaram a me seguir também, o que é uma merda, sinto que se eu chamar mais atenção vou acabar na sarjeta. Virei em um beco e outro até me deparar com o que parecia ser o centro da vila, não tinha saída, os guardas cercavam o perímetro me encurralando.

Procurei por brechas...não, virei, não também.
(droga vamo lá Yeda...ali!) Um pequeno deslize dos guardas onde eu poderia passar se fosse rápida o suficiente. Tirei a mochila das costas para evitar o peso, teria que me virar sem isso a partir de agora, corri sem mais demora para o pequeno vazio naquele círculo de guardas que me cercava, mas quando estava quase livre...

- AUTCH! - Esbarrei em algo, ou alguém. Caí no chão imediatamente com o impacto.

Quando ergui o rosto para ver o que empacou minha fuga, vi um garoto alto de cabelos loiros e uma roupa característica, ele se aproximou lentamente com uma feição sem graça para os guardas. Tentei pegar minha faca de bolso mas o jovem percebeu e sem que os outros vissem fez com que eu não a tirasse. Deu dois toques na minha mão que foi o suficiente para que eu entendesse.

- Relaxem pessoal, abaixem as armas, é minha conhecida, veio de longe para me visitar.

- E porque ela saiu de uma caixa de carga? - Perguntou uma mulher de longos cabelos escuros que chegou de repente. Os guardas abriram espaço para ela passar, ela era linda.

- Ah, você fez isso sua danadinha? - O jovem gargalhou olhando para mim. - Ela nunca viajou antes, deve ter se perdido. Vamos, vou levá-la até um lugar seguro, desculpe Beidou, prometo que não irá causar mais problemas. - O garoto me apressou para que levantasse.

- Thoma, tem certeza disso? - Ela questionou calmamente com a mão na cintura.

- Deixa comigo! - Logo já estávamos saindo do centro das atenções seguindo caminho para onde quer que fosse.

Genshin Impact - A Fênix de TeyvatOnde histórias criam vida. Descubra agora