⚚ | Born Ready

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— HM HUM HMM MM!! — Tentei me comunicar com Albedo.
— Você teve sua chance.
— Hmm humm hm.
— Vou te dizer uma coisa Yeda, se gritar eu te mato aqui e agora. Estive observando sua chegada à Montanha Nevada já faz um tempo, sei que você sabe de algo, e por isso veio aqui. — Ele tirou sua mão me deixando falar.
— Reencarnação, vida após a morte, recolocação de almas, sabe algo sobre isso?
— Por que?
— Não posso te dizer.
— Não confia em mim? — Ele é idiota?
— Eu não ia contar isso nem pro Albedo, porque eu confiaria em você?! Mas acho que minha existência nesse mundo não é natural.
— O que você quer dizer?
— Eu não sou de Teyvat e não sei como vim pra cá!
— Como?
— É isso que vim descobrir.
— Bem...recolocação de almas é algo que custa muito caro na alquimia, a vida de alguém...mas alguém pode ter te trazido pra cá, talvez, te invocando.
— Peraí, isso significa que alguém pode ter me trazido pra esse mundo por vontade própria?
— Sim.
— Mas eu nunca conheci ninguém daqui como alguém poderia me invocar? — Uma sombra passou por cima de nós de forma que um pouco de neve caiu sobre o piso.
— Hmmmmmmmmm! — Albedo tapou minha boca novamente.
— Parada! — Ele me puxou pra debaixo das pedras se escondendo do outro Albedo. — Vou te usar como isca, então grite!

Ele me empurrou para o meio da rachadura onde o fraco sol brilhava, era minha única chance de clamar por ajuda então gritei o mais alto que pude.

— SCARAAAAAAA! SOCORRO! — Esse cara jamais me ouviria, mas Albedo ouviu, tanto que não demorou muito para que o garoto descesse no pulo até o buraco em que estávamos. — Cuidado!

O outro Albedo saiu das sombras por trás dele tentando atingi-lo com sua espada.

— Fica atrás de mim Yeda! — O verdadeiro Albedo, aquele que é gentil e clássico, manuseava sua espada de forma que o outro Albedo não conseguisse acompanhar.
— Você não pode vencer! — Gargalhou um deles.
— Qual de vocês é o verdadeiro Albedo? — Perguntei amedrontada, eu precisava ajudar o verdadeiro, mas não sabia como.
— Eu! — Ambos falaram ao mesmo tempo.
— Arg! Assim não dá! Quem foi o primeiro a nascer? — Suas espadas se chocavam freneticamente enquanto eu tentava acompanhar com os olhos.
— Quer saber? — Albedo, o qual me sequestrou, conseguiu chegar próximo de mim ameaçando me machucar. Ele me pegou pelo braço colocando sua lâmina no meu pescoço. — Vem aqui sua putinha. Vê? Eu sou o mais forte, o mais esperto e o mais promissor! Você queria entender sobre nós? Eu vou te dizer Yeda, somos humanos de laboratório, mas eu já te contei isso, só não contei que fui descartado como lixo e deixado pra morrer, mas eu disse não disse? Eu sou o mais forte, o criador não deveria ter me descartado.
— Você não vai conseguir nada fazendo essas coisas, é por isso que sua existência é um erro.
— Eu só queria viver como você! Eu não precisaria fazer isso se tivessem me aceitado desde o começo.
— Você não sabe se comportar em sociedade, você só quer machucar as pessoas, machucá-la não vai te fazer melhor que ninguém, solte-a!
— É o que veremos... — Senti a lâmina fria roçar no meu pescoço, o choque de realidade então me atingiu de repente, não queria morrer dessa forma.
— Não! — Albedo exasperou e uma sombra surgiu sobre nós tirando a atenção do 'Maubedo', rapidamente eu me abaixei dando espaço para Scaramouche.
— Tire suas mãos imundas da minha seguidora seu verme! — Scaramouche surgiu de repente de cima pulando direto em Albedo que caiu no chão desacordado. — Você vem comigo ratinha.

Meu herói...
Scaramouche me puxou pelo braço prestes a me levar.

— Espera! — Albedo chamou sua atenção. — Posso te ajudar com o que você queria ainda, ele te machucou?
— Tá tudo bem Albedo, não preciso mais de ajuda.
— Já chega. — Scaramouche me pegou no colo levitando para fora do local até chegarmos na floresta, longe da neve.
— Espera!

Pousamos na grama debaixo de uma árvore.

— Me solta! Me põe no chão agora Scaramouche!
— Espera sua idiota não tá vendo que tô te salvando? — Eu estava desesperada, ele não sabia de nada que havia acontecido anteriormente.
— Ugh! Que merda foi essa! — Sentei no chão sem que Scaramouche desconfiasse, meu corpo ainda estava quente e minhas pernas tremiam. — Cacete, e eu achava que Inazuma era barra pesada!

Ofeguei tentando recobrar a postura.

— Você não viu nada... — O garoto encarou o horizonte de braços cruzados. Seu cabelo se debatia conforme a brisa dançava a nossa volta.
— Como me encontrou? — Perguntei calmamente.
— Você me chamou. — Ele continuou a olhar para o horizonte.
— Mas você tava por perto?
— Sim, eu estava andando pelo templo do vento milenar.
— Oxi menino, onde isso é perto? O lugar é do outro lado!
— Pra uma lesma igual você deve ser mesmo. — Ele finalmente me encarou com aquela sobrancelha afiada que sempre me furava como uma adaga.
— Bem, obrigado de qualquer forma. — Desviei o olhar envergonhada.
— Obrigado nada, tá me devendo essa. — Ele se sentou no chão ao meu lado, o que me surpreendeu. — A propósito, o que estava fazendo na fucking Montanha Nevada? Pensei que você tivesse dito que ia visitar seus amigos.
— Eu fui, mas...bem, você não precisa saber.
— Essa história de novo...você é cheia de segredos, não tem como confiar em alguém assim.
— Bem vindo ao meu mundo, você também é cheio de segredos, mas escolhi acreditar em você. Assim como o outro Albedo, repleto de mistério, ainda assim não consigo pensar nele como um vilão.
— Estúpida, ele tentou te matar!
— Não é como se ele fosse fazer aquilo mesmo. Á julgar pelas coisas que ele disse, acho que Albedo só queria um lugar no mundo, assim como você... — Esbarrei meu cotovelo em seu braço na tentativa de brincar com ele.
— Você acha que me conhece? — Ele me olhou sanguinário.
— Você mesmo vasculhou minhas memórias Scara! Não estou mentindo pra você. — Ele não pareceu entender.
— Isso não quer dizer nada, você não estava no meu lugar, não sabe como me senti.
— Eu não estive no seu lugar, ninguém poderia, mas sei como se sente sim, você está sendo egoísta de pensar dessa forma.
— Há! Egoísta? Com quem você pensa que está falando garota?
— Por mais que negue Scaramouche, você não é um cara tão ruim, tudo o que você queria era ser aceito e eu posso mudar isso, todo seu passado doloroso, toda essa cautela e esse pesar no seu peito, você não precisa disso quando estiver comigo. Posso te mostrar o lado bom da vida, assim como eu imaginei que não existisse pra mim anos atrás.
— Você não me entende, você nem tá tentando me entender, você só quer me mudar! Lado bom da vida? Não existe lado bom da vida sua acéfala! São todos iguais, humanos burros e inúteis, de que vale um coração se não possui um pingo de humanidade?
— Do que você tá falando? É você quem está me afastando agora.
— Levanta! Vamos embora. — Ele se levantou apressadamente.
— Scaramouche! Espera! — Me levantei correndo até ele que se virou repentinamente me fazendo colidir com seu peito.
— Deixa eu te perguntar algo, já pensou alguma vez em mim como uma divindade?
— Divindade? — Ele continuou a caminhar na minha direção conforme eu me afastava.
— Você se curvaria para mim? Imploraria pela minha misericórdia e pelo meu perdão?
— Do que você tá falando? — A visão que tive no meu sonho parecia familiar agora.
— Você sequer entregaria sua vida a mim?
— Tropecei nos meus próprios pés caindo para trás na grama. Eu não entendo...
— Você vislumbrou meu passado, mas sequer me reconhece como um deus?! Você nunca entenderia, não somos iguais.

Scaramouche não entende nada do que eu falo, ele está cego por essa ideia de se tornar um deus, mas eu não posso aceitar isso, nem mesmo eu que passei por tudo o que passei mereço ser uma divindade, então por que ele está falando essas coisas?

Genshin Impact - A Fênix de TeyvatOnde histórias criam vida. Descubra agora