xxiv. chapter

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Capítulo 24. 

Elsa Harper A

Algo se acumula dentro do meu peito. Se acumula tanto que sinto o peso me sufocando, me fazendo engasgar. Eu não consigo segurar. Então eu solto. Quebro.

 Me estilhaço. Em mil e um pedaços. Talvez um pouco mais

Grito. Digo isso porque consigo sentir o tremor em minhas cordas vocais, mas não o som da minha voz ecoando e ecoando. Meu corpo convulsiona, me fazendo cair no chão. Eu ardo, algo está cortando a minha pele. Mas não me importo. Ela está aqui.

Ninguém queria matar meu pai, mas eles queriam me matar. Matar a mim. Ele morreu por minha causa. É minha culpa.

Meus olhos se abrem arregalados. Respiro fundo. Uma massa cinzenta de ar está ao meu redor, mas estou bem no meio, em um lugar de pacificidade absoluta e imutável. Percebo que estou no olho de um furacão. Não consigo ver nada em volta de mim além do cinza escuro. De repente, o furacão se desfaz.

Meu tio, Poppy e Kalel são as primeiras pessoas que vejo. Estou chorando muito. Meus braços e pernas tremendo em uma bagunça emotiva e complexa.

— Elsa. — Poppy é a primeira a me alcançar. Ela corre e se joga ao meu redor, abraçando meu corpo fervorosamente. Não consigo me parar, soluços e mais soluções saem da minha boca, jorrando. — Elsa.

Não consigo forçar meu corpo a reagir. Estou tão malditamente cansada. Pisco os olhos. Uma chuva de cacos de vidro toma o chão ao nosso redor. Cacos e mais cacos. Quando olho para cima, não há mais vidraças. Foi eu. Isso foi eu. Por isso meus braços e pernas estavam exibindo gotículas de sangue.

Por isso meu tio usou seu poder para me controlar. Meus olhos piscam, ansiosos para se fechar. Tomados por uma sensação de sonolência e profundo cansaço. 

— Elsa.

Estou tão cansada. Minha cabeça tomba para trás. Tão cansada.

— Ela está machucada. — A voz soa distante.

— Poppy.

— Não consigo curá-la. — Choro. Lágrimas. Poppy está chorando? — Papai, não consigo.

— Eu posso fazer isso. — Alguém diz, parecendo decidido. 

Meu corpo veleja, preso no limbo pacífico que me engolfa lentamente, lentamente, lentamente.

.

— Elsa.

Abro meus olhos. A luz é tão forte que os fecho novamente, sentindo a ardência e sensibilidade, antes de voltar a abri-los. A primeira coisa que percebo é meu corpo está dolorido. É engraçado como isso se tornou meu estado natural depois que me mudei para o Instituto. Dor e desmaios, colapsos emocionais. Sangue.

Minha mente é tomada pela enxurrada de pensamentos sobre tudo que aconteceu. Eu finalmente me lembrei. Agora, não há mais um espaço escuro na minha memória sobre o dia que meu pai morreu. Meu peito aperta ao pensar que esse espaço foi preenchido por uma imagem de seus olhos cinzentos sem vida.

Eu lembrei. E se, há semanas atrás, quando eu tivesse acordado na maca do hospital em Michigan, eu lembrasse de tudo isso, talvez eu teria surtado. Eu não iria aguentar. Mas a Elsa de hoje aguenta. A Elsa de hoje é diferente daquela. E de alguma forma esquisita isso me conforta como nunca.

— Elsa. — É Poppy.

Ela está pálida, desvanecida. Seus bonitos olhos castanhos estão inundados de lágrimas. Quero pedir que ela não chore, mas minha boca está seca demais e nada sai da minha garganta. Poppy se apressa a pegar um copo de água de algum lugar e colocá-lo perto dos meus lábios.

Kalel [Royal Vamp¹]Onde histórias criam vida. Descubra agora