xix. chapter

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Capítulo 19. 

Elsa Harper A.

Respiro fundo. O bafo translúcido sai da minha boca. A brisa leve no vento bate nos meus cabelos, mas não faz frio. O sol não apareceu no céu hoje, o que não é uma surpresa já que os dias têm sido cada vez menores no Alasca. O inverno está chegando no pico, de acordo com Poppy. Na verdade, grandes nuvens cinzas cheias de água são um lembrete que daqui a pouco a chuva vai descer pelo Instituto. Penso em voltar lá para dentro, mas depois de dois dias dentro do colégio, quero apenas respirar ar puro um pouco.

Ou eu enlouqueceria.

Hoje era domingo e amanhã as aulas recomeçariam normalmente. De acordo com minha prima, os elfos conseguiram replantar as árvores que foram perdidas no incêndio. Árvores enormes e com milhares de anos, importantíssimas para o colégio. Ficamos presos no castelo porque, aparentemente, elfos não era muito fãs de pessoas.

Então, na primeira chance, eu resolvi sair para caminhar um pouco. Eu fazia isso muito em Michigan. Apenas sair por aí para caminhar e correr, ver que o mundo ainda é mundo apesar de todas as coisas esquisitas e horrendas que acontecem dentro de nós.

Me trazia paz.

Assim como imagino que nadar faz com Kalel.

Droga.

Não quero nem pensar nele. Um dia e meio sem vê-lo, depois do episódio da piscina, e meu corpo apresenta os sinais claros de abstinência. Como uma droga. Ou pior que isso. A parte boa é que não tenho visto os outros membros do clube de cavaleiros também. Theodore, Aaron e Asher.

Mas eles podem apenas estar se mantendo mais sutis e não enforcando garotos na minha frente. Não sei. Eles são silenciosos e astutos, como predadores. E Kalel é o líder deles. Isso envia um arrepio pela minha espinha.

Não perguntei novamente a Poppy que tipo de criatura eles eram. Com tudo que aconteceu, eu aprendi que você só deve buscar uma resposta quando está pronta para ela e não estou nem um pouca pronta para ver mais naqueles quatro do que um grupo de garotos ricos presos em sua própria bolha. Não ainda.

Esfrego as mãos. Esqueci as luvas novamente. Não que eu realmente precise delas. Depois do feitiço maravilhoso de Poppy, tenho liberdade para vestir o que quiser sem necrosar alguns órgãos no processo. Hoje escolhi leggings e uma blusa para me movimentar melhor em uma pequena corrida.

Meu pulso dispara, subitamente animado pela onda de endorfina. Eu não corria desde quando sai do hospital. O que não é surpresa por conta de tudo que aconteceu. Tudo mudou. Isso me lembra do meu pai. Não consegui captar mais nenhuma lembrança. Mesmo que eu me force a dormir ou pensar, tudo que vejo é um enorme espaço em branco entre sete da noite e nove da noite, quando me disseram que a primeira ambulância chegou.

Quando minha dor de cabeça se tornou quase insuportável, Poppy me obrigou a parar, avisando que as lembranças provavelmente voltariam como todas as outras. Com um gatilho. O fogo, o Instituto, tudo isso foram gatilhos para desencadear as primeiras lembranças. Me pergunto o que preciso para a lembrança mais importante.

Ver muito sangue? Presenciar um assassinato? Meu estômago se revira. Não gosto nem um pouco disso. Esperar é uma virtude que não possuo, eu admito. Apenas uma coisa assusta mais do que saber o que aconteceu naquela noite: não saber o que aconteceu.

Um movimento me chama atenção. Pelo canto do olho, um ponto dourado se mexe perto da neve. É Juliet. Eu paro, afundando minhas mãos nos bolsos frontais da minha blusa. Eu a estava procurando desde o acidente para agradecê-la, mas não a achei em lugar algum. Ela salvou a minha vida.

Kalel [Royal Vamp¹]Onde histórias criam vida. Descubra agora