xvii. chapter

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Elsa harper A.

[No último capítulo...]

Arregalo os olhos. Miranda é irmã de Juliet.

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Observo as feições angelicais da menina em sua foto. Juliet parece muito parecida com Miranda, exceto pela idade, os olhos peculiares e os longos cabelos loiros dourados. Mas o resto...as duas tem traços tão parecidos que me pergunto como nunca consegui notar antes.

Sua voz ecoa na minha mente. "Os Deveroux te devem, e eu paguei." Ela disse quando me salvou. Era isso que ela queria dizer? Uma vida por uma vida ou algo do tipo? A irmã dela tirou a vida do meu pai e ela tentou, de alguma forma, pagar isso me salvando. Respiro fundo, um mal-estar súbito se instalando no meu estômago.

Poppy tem uma expressão petrificada no rosto como se nem mesmo ela conseguisse acreditar. — Acho que temos que falar com ela.

Assinto. Com toda certeza.

Minha mente cria mil e uma teorias conforme andamos pelo colégio. Juliet é irmã de Miranda. Tudo bem. Uma parte de mim quer pensar que ela não herdou o gênio psicótico da irmã mais velha. Ela parece inocente, triste. Mas, como eu disse, o rosto é um disfarce do que as pessoas escondem dentro de si mesmas. Eu já caí nessa uma vez, não cairia novamente. 

Juliet é uma especialista em não ser notada. Batemos na porta do seu dormitório, onde uma garota de cabelos azuis diz, mascando furiosamente seu chiclete, que a esquisita passava o dia fora e só chegava no quarto para dormir. Engulo a raiva dentro de mim e a vontade de fazê-la engolir esse maldito chiclete.

Engasgue-se com ele, vadia.

Ela não está no refeitório, ou na biblioteca, ou na sala de aula já que temos a tarde livre hoje. Ela parece ter simplesmente desaparecido no ar. E isso me assusta, a facilidade com que ela se camufla nos lugares por onde anda.

Então eu vejo. Eu poderia reconhecer aqueles cabelos dourados em qualquer lugar. Eles parecem ser únicos. Juliet está encolhida na orla da floresta parecendo malditamente solitária e desesperada. Troco um olhar com Poppy. Juliet está chorando.

Ela chora de soluçar em um desespero assustador que enche meus sentidos de tristeza. Andamos até lá. Os fundos do colégio estão silenciosos e vazios.

— Juliet. — Digo, suavemente, porque Poppy parece paralisada demais para abrir a boca.

A garota se encolhe ainda mais, desejando desaparecer contra o tronco. Ela parece tão malditamente jovem e perdida. Tão parecida comigo que meus olhos começam a arder automaticamente. Pisco.

— Eu não sei de nada. — Sua voz falha, quebrada. — Eu juro. Eles já me perguntaram tudo que podiam.

— Eles? — Franzo a testa.

Os garotos da ordem. — Ela funda. — Os cavaleiros.

Poppy não parece surpresa, mas eu estou. Kalel descobriu alguma coisa? Por que não me contou nada? O que está acontecendo?

— Juliet. — Me agacho a sua frente. Ela tem o rosto enfiado entre os joelhos, as mãos abraçando corpo com temor. — Preciso conversar com você. Preciso saber se você conhece alguma Miranda.

— Você já sabe. — Ela funga. — Você já sabe e por isso veio atrás de mim.

Me estico para pegar seu braço. Ela se encolhe, visivelmente assustada. — Preciso ouvir da sua boca, por favor.

Ela balança a cabeça em concordância. Penso que ela não vai falar nada, mas então ela levanta a cabeça lentamente. Seu rosto vermelho de choro e os olhos brilhantes fazem meu peito doer. Juliet passa as mãos no rosto, limpando as lágrimas. A semelhança com Miranda é notória agora. Resisto ao impulso de desviar meus olhos do seu rosto.

— Miranda é minha irmã. Meu pai, Richard, morreu, mas antes ele teve um caso extraconjugal com uma bruxa de linhagem forte do Leste deixando duas crianças para sua esposa cuidar. Uma delas era Miranda e outra era eu.

Ela passa as mãos pelas bochechas vermelhas. Seus olhos perdidos na neve.

— Meu pai era um vampiro conhecido, então ninguém podia saber. A madrasta disse a todos que éramos suas filhas e nos apresentou a sociedade vampiresca como herdeiras dos Leblanc Deveroux. Acho que eu tinha cinco anos quando Miranda começou a dar sinais de bruxaria, ela era dois anos mais velha que eu. Minha madrasta odiou e descontou em nós toda sua frustração. Miranda foi...Não sei, foi ficando obscura com o tempo.

Minha mente gira para entender a história.

— Nunca fomos próximas, mas ela começou a andar com vampiros para a alegria da minha madrasta. Vampiros frios. Nesse tempo, a ordem vampiresca estava passando por muitos conflitos, muitas guerras civis, foi então que Miranda conheceu Claire.

Vou vomitar.

— Elas viraram carne e unha. Claire era uma das adolescentes que participava dos movimentos de revolta contra a ordem dos vampiros. Miranda e Claire destilavam ódio contra uma das famílias mais poderosas, os Knight. A família de Kalel. Mas então, elas descobriram que Kalel tinha uma consorte. Uma consorte vulnerável e com o nome manchado pelo abandono da mãe do mundo sobrenatural.

Não consigo respirar.

— Foi quando elas decidiram que queriam você, Elsa. Miranda me chamou uma noite. Eu não via Claire há semanas, mas Miranda se aproximou de mim antes de dormir. Disse que estava indo viajar, ficaria um tempo fora. Ela estava animada. Eu nem mesmo pensei que poderia estar relacionado a você de alguma forma até que você veio para o Instituto e as histórias começaram.

— Mas você descobriu. — Digo, lentamente. — Como?

— Ela me contou. Uma noite depois que você chegou, ela veio me procurar no meu dormitório. Ela nunca me visitava, mas veio. E eu fiquei feliz, achei que podíamos, não sei, conversar e reviver nosso lanço. Mas ao invés disso, ela me perguntou sobre a garota nova, eu disse que não te conhecia. Ela insistiu, me pediu para ficar de olho em você, que você era perigosa.

— E você o fez.

Há vergonha no seu rosto quando ela admite.

— Por um tempo. — Juliet balança a cabeça. — Eu acreditei nela. Mas eu comecei a desconfiar, então fui conversar com ela e acabamos brigando. Foi quando ela me contou tudo que tinha acontecido nos Estados Unidos, com seu pai. Eu mal pude lidar com a culpa, meu Deus. Minha irmã havia virado uma assassina, ela parecia fora de si.

Passo as mãos pelo rosto. Minha cabeça dói.

— Desde então não a vi mais, eu juro. — Juliet murmura.

Franzo a testa, uma lembrança perpassando pela minha mente.

Ela me conhecia. — Digo lentamente. — Miranda disse que me conhecia quando criança. Ela disse que eu era boba e frágil.

— Elsa. — Poppy segura meu ombro.

— De onde ela me conhece? — Arqueio as sobrancelhas. — Vivi sempre com meu pai, trocando de cidade quase todo ano, não me lembro dela.

— O que? — Juliet pisca rapidamente. — Você não se lembra de tudo antes?

— Tudo o que? — Falo.

— Juliet. — Minha prima respira fundo.

— Você veio para cá ainda criança, Elsa. Eu lembro de você.

— Juliet, já chega. — Poppy me puxa para trás, afastando-me da garota mais jovem. 

A bruxa loira parece tão confusa quanto eu.

— Eu o que? — Murmuro sob minha respiração.

— Um mês atrás não foi o seu primeiro mês no Instituto Rosemary. — Juliet diz, com firmeza. — Você nos conhecia antes. A todos nós.

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[NOTA DA AUTORA]

EITA MEUS AMOOOOORES. Como estão? Estão vivos? Imaginavam que isso tinha acontecido? Aí como eu amo esse capítulo, cheinho de descobertas e mistérios nhac. Por que o Kalel escondeu isso da Elsa? 

BEIJOS, 

AILEEN

Kalel [Royal Vamp¹]Onde histórias criam vida. Descubra agora