Anahi.
Parece que estou vivendo a pior situação que imaginei. Conheci minha filha hoje por acidente, mas agora a única pessoa que talvez pudesse me levar até ela se tornou meu maior inimigo.Eu o odeio. Odeio o fato de tê-lo deixado me tocar ontem à noite. Odeio o
fato de que o tempinho que passamos juntos ontem já serviu de munição paraele me rotular de mentirosa, de vadia, de alcoólatra. Como se assassina jánão fosse o suficiente.Ele vai direto falar com Mariana e isaac reforçando o ódio que elessentem por mim. Vai ajudá-los a construir uma parede ainda mais robusta,grossa e alta entre mim e minha filha.Não tenho ninguém ao meu lado. Não tenho uma única pessoa.
— Oi.— Paro na metade da escada. No topo está sentada uma adolescente; ela tem
síndrome de Down e está me olhando com um sorriso encantador, como sehoje não fosse o pior dia da minha vida. Está com o mesmo tipo de camisaque dulce estava usando no mercado. Deve trabalhar lá. Dulce disse que eles empregam pessoas com necessidades especiais para empacotar as compras.Enxugo as lágrimas das minhas bochechas e murmuro:
— Oi.— Depois, passo por ela. Numa situação normal, eu me esforçaria mais paraser simpática, especialmente se for trabalhar com ela, mas neste momentotem mais lágrimas do que palavras na minha garganta.
Abro a porta do apartamento, e, depois de entrar, bato-a e me jogo de cara no colchão meio murcho.
Não dá nem para dizer que voltei à estaca zero. Parece mais que estou naestaca menos um.Minha porta é escancarada, e me sento imediatamente. A garota da escada
entra no meu apartamento sem ser convidada.— Por que está chorando? — Ela fecha a porta atrás de si e se encostanela, observando meu apartamento com olhos curiosos. — Por que você nãotem nada?
Embora ela tenha simplesmente invadido minha casa sem permissão,estou triste demais para me chatear com isso. Ela não tem limites. Bom saber.
— Acabei de me mudar — digo, me explicando.Ela vai até minha geladeira e a abre. Vê o pacote de bolachas salgadas
pela metade que deixei lá pela manhã e o pega.— Posso comer?— Pelo menos ela pediu permissão antes de comer.
— Pode, sim.— Ela dá uma mordida na bolacha, mas depois seus olhos se arregalam e elajoga o pacote no balcão.
— Meu Deus, você tem um gatinho, você tem dois gatinhos! — Ela vai até ele e o pega. — Minhamãe não me deixa ter um. Foi Ruth que te deu?— Em qualquer outro momento, ela seria bem-vinda aqui. Sério. Mas não
tenho forças para ser simpática durante um dos piores momentos da minhavida. Preciso sentir o meu colapso, e com ela aqui não consigo fazer isso.— Você pode ir embora? — digo com o máximo de gentileza, mas aspessoas sempre ficam um pouco magoadas quando você pede que elas tedeixem em paz.
— Uma vez, quando eu tinha cinco anos, hoje eu tenho 17, mas quando eutinha cinco anos, tive um gatinho, mas ele ficou com vermes e morreu.
— Sinto muito.— Ela ainda não fechou a geladeira.
— Qual é o nome deles?
— Ainda não escolhi.— Ela não escutou que eu pedi que ela fosse embora?
— Por que você é tão pobre?
— Por que acha que sou pobre?
— Você não tem comida, nem cama, nem nada.
— Eu estava presa.— Quem sabe assim ela não se assusta e vai embora?
— Meu pai está preso. Você o conhece?
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Uma Segunda Chance Para Amar
Roman d'amourSerá que todos merecem uma segunda chance para amar? É o que mais deseja anahi portilla, na luta para recuperar os pedaços estilhaçados de sua antiga vida após um trágico crime ter colocado tudo a perder. Depois de passar cinco anos na prisão após...