O Pirata e a Princesa

Capítulo 9

Isso não estava nos meus planos, o plano era vir para o reino na canoa, sozinha. O navio de Samir seguiria seu rumo. Apesar de no início ter sentido muita raiva de Felipe, não quero levar ele e os tripulantes para a masmorra, ou coisa pior, tortura.

Fui direto falar com meus pais, rei Cleiton e rainha Zaíra. Se eu explicar com gentileza eles vão entender. Eles correram me abraçaram e beijaram minha testa, um de cada vez.

- "Que bom que está viva filha! O que faríamos sem você? "- Minha mãe disse chorosa.

- "Esses ladrões imprestáveis serão punidos severamente!"- Meu pai falou, mostrando o punho cerrado.

- "Peço com todo meu coração a vocês... por favor vamos assinar um acordo. Cada um segue seu rumo. São tantas pessoas, já se perguntaram por que eles precisam recorrer a isso?"- Falei reflexiva.

-"Fizeram uma lavagem cerebral na nossa Astrid".- Minha mãe disse. Ambos estavam assombrados.

-"Não é isso! Acreditem em mim! Vamos fazer esse acordo para que eles não roubem o reino. Assim, não terá guerra alguma, eles podem receber trabalhos dign--"

-"E as coisas que foram roubadas? Saqueadas! Como vou permitir isso?!".- O rei começou a se estressar cada vez mais. As linhas de estresse do seu rosto ficaram evidentes.

-"Vou me casar logo com um rico pretendente, sei que tenho vários e poderemos reverter todo o prejuízo. Nunca mais os piratas pisam aqui".- Afirmei.

Minha mãe estava considerando.

-"São marginais! têm que morrer, eles tiram os bens das pessoas!".- Meu pai estava chegando no limite.

-"E o dinheiro dos impostos? Também não tiramos dinheiro das pessoas? Vai dizer que isso é diferente de roubar?"- Respondi firme.

-"O MAL PRECISA SER CORTADO PELA RAÍZ ASTRID NINAA!!"- Meu pai gritou feroz.

-"Calma os dois! Por que não vamos passear pelo castelo só nós duas? Seu pai vai esfriar a cabeça".- Rainha Zaíra apaziguou mudando de assunto.

-"Tem razão. Enquanto isso pense nas responsabilidades que você tem com o reino como uma princesa de verdade". - O rei finalizou.

Minha mãe foi comigo para a biblioteca real de Apásia, se afastou e foi procurar um livro em outra estante, fiquei procurando um livro pensando na masmorra, como será que ele está? De repente encontro um papel solto e diferente, antigo, no meio de um livro vermelho. Puxo o livro, retiro o papel com delicadeza para não quebrar. Nele dizia:

" Procuramos pela cidade e não achamos meninos parecidos com o rei ou com a rainha. Então decidimos fazer esse documento que certifique uma bela filha apasiana, ser adotada pelos Rei e Rainha afim de selar um casamento próspero no futuro e contribuir com todo o apoio que a família real exerce no reino. O valor poderá ser negociado. Em preferência, uma criança linda e saudável, cabelos castanhos escuros como os do rei e rainha.

Ass. Secretário Real.

Caros Rei e Rainha de Apásia, é com enorme pesar, que concordamos com sua proposta de levar nossa filha, temos mais cinco filhos para criar e só iremos conseguir com a vossa ajuda financeira. Esperamos que cuidem bem de nossa menina, temos certeza de que ela será feliz em um castelo. Como único presente, deixamos a ela um anel azul, como herança. Em relação ao valor, um pacote de mil Cents deve ser deixado na joalheria da família, amanhã ao pôr do sol.

Ass. Natanael e Maria. "

Não pode ser. Desacreditei até ver o símbolo real na comprovação. E o carimbo da joalheria. Fui enganada. Traída. Tudo começou a fazer sentido, a insistência em um casamento luxuoso, as aulas para eu aprender a me comportar "perfeitamente" para um homem, a postura, o espartilho, a responsabilidade de princesa, os castigos de me trancar na torre, muitas vezes para "me proteger". Meus dedos apertaram a ponta do papel, ouvi repentinamente os passos da rainha Zaíra, que dizia ser minha mãe. Dobrei a certidão e guardei no vestido, abaixo do decote.