Ameer havia tomado de crianças aos seus cuidados quando estagiou na área da pediatria. Os responsáveis admiravam sua forma delicada de dedicação em cuidar dos pequenos, o gracejo com que se comunicava com eles e o domínio da medicina por ser uma jovem muito nova a trabalhar no ramo.
Na ocasião, sentia falta do trabalho, algo que houvesse um padrão estabelecido nos teus dias, que ocupasse a mente e que ela pudesse receber café em sua sala enquanto criava teorias de onde sua mãe pudesse estar. Ela nunca imaginou viver uma aventura com os irmãos Winchester, nem se passar por uma oficial de tamanha importância, agora que estava acompanhada de Dean, desta vez no orfanato em que o menino desapareceu.
Estavam em um edifício de estrutura comprida, antiga e que era visível a mobília não atual e os pedaços por cair no assoalho de madeira enfraquecida pelas dobradiças do chamado tempo. Ameer trajava roupas de cor verde esmeralda, com os cabelos ondulados por debruçarem-se no blazer. Era comum Dean usar o mesmo terno nestes momentos comuns em teus casos, por isso não deu-se o trabalho de procurar por algo novo.
Irmã Cecília, a governanta do lugar, os guiava mostrando-lhes um pouco da rotina das crianças, e em como precisavam de ajuda para poderem se manter nos próximos dias. Na sala, o maior cômodo ali, meninos e meninas brincavam uns com os outros.
— E aqui estão as crianças. — Disse a irmã, estendendo-lhes o braço para que vissem. — Como eu disse a vocês, um menino comum como todos que saiu na rua para brincar. A irmã Dolores entrou para dentro para pegar a chave que esqueceu do lado de dentro da porta e quando se virou, vendo as outras crianças saírem, ele não estava mais lá. — Ela apertava seu crucifixo no pescoço. — Ah, e uma coisa não dita pelos policiais, é que mais crianças desapareceram antes do garoto, no mínimo três seguidas, o intervalo era de uma semana. Isso não foi divulgado para não causar alvoroço entre as famílias de bem.
— E onde está a irmã Dolores? — Ameer lhe perguntou pensativa.
— Ela deve estar voltando da delegacia no momento, não recomendo falarem com ela, está muito em choque pelo ocorrido. Mas ela estava presente no desaparecimento de pelo menos duas dessas crianças.
— A senhora percebeu um comportamento que fose estranho vindo do Miles antes da data do desaparecimento? — Perguntou Dean, referindo-se ao menino.
— Ah, não. Miles sempre foi uma criança muito doce, se dava bem com todos aqui, sejam seus mais próximos ou não. Mas vejam, ele passou a desenhar mais do que o normal três dias antes de sumir. — Ela lhes entregou algumas folhas. — Não sei se ajuda.
— Obrigado, irmã. — Dean assentiu a ela. — Se importa de ficarmos um pouco mais e conversarmos com algumas das crianças?
— De forma alguma, oficiais. Ficarei feliz se alguma das crianças chamarem a atenção de vocês. Nós não temos muito tempo aqui, seria bom se algumas fossem adotadas, e eu acredito que um casal jovem como vocês já pensem em filhos, não é?
Ameer tossiu com a saliva que seguiu rápido quando esta tentou buscar o ar que lhe faltava. Algumas folhas na mão da mesma amassaram e Dean inspirou pesado. A visão de como seriam seus filhos já havia lhes passado a mente, em sintonia decadente.
— Nós não somos um casal, irmã Cecília. — Ameer lhe ditou.
— Ah, santo Deus! Que vergonha, eu sinto muito! — Desculpou-se. — Mas se o senhor aqui quiser fazer uma comigo, estarei na minha sala, há duas portas naquela direção.
A senhora, que Ameer julgou ter seus setenta e alguns anos, passou as mãos pelo braço de Dean, que sorriu sem saber como reagir. Ameer estava boquiaberta, fechou seus lábios para segurar o riso, enquanto a irmã saía ajeitando a vestimenta que a cobria dos fios da cabeça aos seus pés com sapatilhas.
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A Cirurgiã da Morte (DW)
ФанфикSam está doente. Ameer, uma médica conhecida pelo acaso, pode ajudar. Dean desgosta da ideia, mas fará o que puder para salvar a vida do irmão. Juntos, Ameer e Dean irão atrás da cura. As personalidades podem não se combinar, mas a cirurgiã da morte...