Capítulo IV - Aquele com o colar misterioso

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    — Serafine Stilles, sou o agente Wayne do FBI e essa é a agente Kyle, minha parceira.

    Ao apresentarem os distintivos, tirados dos bolsos dentro dos ternos, Dean teve de ajeitar o de Ameer que estava de cabeça para baixo.

    — Ela é nova. — Riu sem jeito. — Bom, nós gostaríamos de fazer algumas perguntas sobre o dia em que foi atacada, para passar a limpo tudo o que já temos, sabe?

    — Por favor, peço que entrem.

   A casa, por dentro, era condecorada com lustres de luzes amareladas, estes cobertos de pedras tão lisas e finas que Ameer julgaria terem sido feitas a mãos nuas, espalhados por todos os lados, iluminando de várias formas.

    O primeiro cômodo possuía uma escada larga, com corrimões dourados. Achegaram-se a sala de estar, onde lhes foram servidos café.

    — Então, senhorita Stilles, como aconteceu o ataque? — Dean bebericou da xícara admirando-a, já que era feita de pura prataria.

    — Eu e Bryan sempre tivemos uma boa relação, até mesmo antes de começarmos a namorar. Na noite da festa estava tudo bem, nós rimos, bebemos, mas de repente ele sumiu. Quando voltou estava alterado, no começo achei que era por causa da bebida, mas ele começou a falar das minhas jóias de novo e logo em seguida me bateu, fugindo.

    — Desculpe, mas o que ele queria com as suas jóias? — Ameer comparou o detalhe da conversa com o que viu pela casa. — Algum interesse financeiro envolvido?

    — Eu não sei, mas foi no mesmo dia. Ele pareceu interessado nas jóias que eu uso, perguntando o valor, inclusive, e outras coisas. Ele discutiu comigo por isso e me bateu quando disse que havia vendido um colar antigo da mamãe.

    — Pode nos dar uma foto? — Pediu Dean.

    No alojamento de terceiros, o "Beijo Doce", após dar entrada, o Winchester mais velho junto de Ameer, pesquisava, da forma e com a ajuda que podia, acerca do misterioso colar.

    Dean, impaciente, saiu para comprar algo que pudessem comer. Ainda que não demonstrasse, estava aflito. Preocupava-se por demais com seu irmão, seria capaz de tudo, em um estado literal de significado. Ao pensar no que compraria para Ameer, pensou na possibilidade do que Sam comeria.

    Ele suspirou cansado. Não apenas pensava em seu Sammy, mas o desaparecimento repentino de um anjo, em especial, o fazia temer até mesmo as unhas de seus pés.

    — Trouxe comida. — Disse entrando. — E cerveja.

    Quando os pés de Dean achegaram-se a mesa em que Ameer teclava em seu notebook, a moça pareceu animada em lhe mostrar algo. Ela virou o aparelho para ele, que sentou em sua frente, vendo as pinturas em preto e branco que mostravam-se aparentes.

    — Acho que vai gostar do que descobri. Aquele não era um colar comum, de fato. Trata-se da data de 1829, quando um alquimista, aliado a uma bruxa, trouxe a imortalidade para quem usasse esse artefato, mas o efeito dura apenas quando está em uso.

    — Ou seja, se tirar já era? — Dean desembrulhava um enrome hambúrguer.

    — Exato. O alquimista matou a bruxa depois do artefato ficar pronto e morreu depois de uma convenção de várias bruxas iradas irem atrás dele, provavelmente por vingança. — Virou o aparelho novamente para si. — O colar ficou com a mais velha delas e desde então vem sendo passado de geração a geração.

    — Acha que a Serafine sabia e por isso vendeu o colar da mãe? Acha que ela pode ter praticado algum tipo de magia? — Ameer o olhou com nojo ao ver os lábios do rapaz sujos. — Que foi? Você quer um pedaço?

    — Não, é... Eu também liguei para a prisão em que o Bryan morreu e disseram ter sido acidental, então eu acredito que a Serafine possa o ter induzido a isso, já que ele provavelmente sabia e ela não conseguiu matar o metamorfo que assumiu o seu lugar.

    — Espera aí, como conseguiu que eles passassem essa informação pra você pelo telefone? — Perguntou ele abrindo a cerveja.

    — Meu diploma em medicina serve pra muita coisa útil, se quer saber. Bryan se enforcou com o lençol enquanto dormia. O legista encontrou um saco pequeno no bolso dele, tinham coisas estranhas dentro. A polícia acha que ele conseguiu entre os presos.

    — Bruxa. — Disse o homem convicto.

    Ameer assentiu com a cabeça, alcançando o outro hambúrguer dentro da sacola trazida por Dean, enquanto suspirava satisfeita por sua pesquisa ter os dado informações valiosas.

    O loiro a sua frente encarou os gestos feitos por ela, admitindo que era uma moça inteligente e que havia subestimado suas capacidades. Um fato que tornou-se óbvio, mas não diria isso a ela.

    — Qual é, Dean, um X-Salada? — O olhou indignada. — Isso é sério?

    — Que é? O Sam sempre pede essas coisas de pessoas com fígado bom. — Amassou o papel, finalizando seu lanche. — Você não é médica? Deveria comer coisas saudáveis.

    — Até o mais puro dos anjos têm seus pecados, loiro bobo. E limpa essa boca, está toda suja de molho.

    — Você me chamou de que? — Limpou os lábios na roupa. — Melhor assim, morena invocada? — Ele riu quando ela não o respondeu. — Termine de comer, vamos voltar a casa de Serafine e perguntar sobre o colar.

    O impala, agora, percorria a estrada. O dia que pareceu ser de um sol estável até o seu fim, cumpriu da forma como havia prometido.

    A luz da lua surgindo no início da noite, ainda com céu claro, era um detalhe adorável, esta sendo despejada sobre o veículo, que com cautela achegava-se mais e mais.

    Ameer, de repente, teve a sensação de ver nuvens negras sobre a casa e que estas debatiam-se selvagens. Quando Dean parou o carro, ela desceu às pressas passando pelas faixas amarelas que cercavam-na, repleto de policiais armados ao seu entorno.

    Qualquer céu com o cheiro de morte torna-se um inferno na impura terra.

    — Ameer, espera! Droga! — Ele a seguiu ao vê-la passar por um policial que desgostou da mesma. — FBI, ela está comigo na investigação.

    Ao adentrar, os mesmos depararam-se com o corpo da mulher ensanguentado, já sem vida, sobre a mesa de vidro entre os sofás da sala em que estiveram presentes mais cedo.

    Ameer apontou para os pulsos cortados e o pentagrama desenhado logo abaixo do corpo. Não suportou ver os olhos azuis da mulher loira ainda abertos, passando seus dedos de forma lenta por eles, fechando-os.

    Em destaque, Ameer coletou o cartaz de cores roxas e vermelhas, pelo sangue, abaixo do braço canhoto, próximo ao cotovelo.

    — É um leilão, veja. — Aproximou-se de Dean. — Uma festa a fantasia que irá leiloar artefatos antigos, e olhe essa foto.

    — O colar da mãe de Serafine. — Analisou. — Talvez Serafine tenha vendido para que não fosse pego tão facilmente, e esse ritual foi um jeito de tentar avisar que o colar corre risco.

    — Mas avisar quem? Para a pessoa que ela vendeu? Pode ser alguém da confiança dela.

    — Eu não sei, mas se fosse de tamanha confiança não estaria fazendo um leilão com isso. — De sombrancelhas arqueadas, ele assentiu convencido. — Nós vamos precisar de fantasias.

A Cirurgiã da Morte (DW)Onde histórias criam vida. Descubra agora