Capítulo XII - Aquele com que Ameer não se deixará mais abalar

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    Os pneus do Impala riscaram o chão de concreto, e pedras na forma pequena, quase como grãos, entraram no motor. Dean afastou o carro, saindo do beco, e em instantes apareceu veloz. O loiro segurava firme o volante, sequer piscava. Ao vê-lo vir, Ameer fechou seus olhos como se fosse deleitar-se em profundo, um sono que a faria não despertar mais.

    Surpreendendo os dois, Aurus segurou Ameer pelo pescoço, jogando-a no chão, movimento que não permitiu Dean os atingir, seguindo com o carro para a rua seguinte, desaparecendo. A morena gruniu com o impacto que atingiu seu cotovelo, apoiando a mão destra no chão para se reerguer. O irmão seguiu em sua direção outra vez e Madelyn ameaçou caminhar. Aurus seguraria o corpo de Ameer, mas ela desferiu um chute em seu estômago, o fazendo cambalear para trás. Seus pais continuavam parados como marionetes.

    Aqueles que a perseguiam pararam ao ouvir o Impala retornar ainda mais rápido. O Winchester fez uma curva perigosa pelo mesmo lado que se achegou com a morena. Ameer correu na direção de Dean, fechando seus olhos para sentir o impacto que se converteu em uma falta de ar absurda assim que despertou no mundo real. Ela se encontrava em uma espécie de suporte que drenava seu sangue pelos pulsos para sacos plásticos grandes. Ao seu lado, Steve, o menino desaparecido, este no mesmo estado que o seu.

    — Dean! Eu estou aqui! — A voz era falha pela garganta seca. — Dean, Dean!

    Ameer tentou debater-se no ar, mas as agulhas pareciam ser grossas em seus braços e por isso entendeu que lhe causaria mais dores tentar se mover. Percebeu Steve completamente apagado, desejando, com as forças que lhe restava, que ele ainda estivesse vivo, afinal, ainda que fosse mais velho, era apenas um menino. A porta rubra a sua frente rangeu o aço, até que com um empurrão mais forte Dean entrou.

    — Ah, droga, Ameer. — Ele correu e a soltou, derrubando alguns utensílios da mesa ao lado, na procura de algo para estancar o sangue que escorria dela.

    — Me esqueça, a criança primeiro. — Ela ofegava.

    Dean apoiou o corpo do menino em seu ombro, soltando-o, e com a canhota protegeu a cabeça e o colocou no chão.

    — Ei, garoto, acorda! — Desferiu tapas leves em seu rosto. — Ele ainda respira.

    — Eu cuido disso, vá atrás do outro djinn.

    Mesmo que Dean tenha percebido o estado dela, seguiu o que lhe dissera, haja vista que se uma das criaturas permanecesse viva, as chances de outra criança desaparecer eram certas. Os sons das botas de Dean se esvaíram rapidamente e Ameer se forçou a ficar em pé para olhar o que havia de ferramentas no lugar, achegando-se a uma pia em tons verdes e marrons de sujeira. Ela abriu a torneira enferrujada, colocando as mãos na água e levando um pouco para molhar o rosto de Steven, que resmungou na tentativa de formular alguma coisa.

    — Foi a irmã Dolores... Ela quem me trouxe aqui. Ela quem trouxe os meus irmãos aqui! Não me leva de volta!

    — Ah, querido... Tente não falar por enquanto.  Ela pagará pelo que fez, está bem? Apenas descanse agora que eu cuidarei de você, você vai ficar bem.

    — Ele fez eu sonhar com meus pais, eu sabia que não era real. Ei... você é a minha noiva do futuro, né? — Dizia ele com dificuldades. — Quando eu sarar, ainda vou pedir você em casamento, tá bom, moça?

    A garganta de Ameer se enlaçou como uma corda. As lágrimas que segurou desde que o pesadelo começara ao entrarem naquele lugar, escorreram em suas bochechas como uma nascente calma. Ameer levantou-se, tomando um pedaço de pano azul que estava enrolado em um frasco qualquer, rasgando-o no meio para estancar o líquido que não cessava  escorrer dos pulsos do menino.

A Cirurgiã da Morte (DW)Onde histórias criam vida. Descubra agora