Enquanto Júlio e Barnabé conversavam a respeito do contrato, não se sentindo muito bem pelo ambiente pesado que estava na casa, Juliana saiu, e ficou do lado de fora da propriedade, próximo à rua que estava na frente da mata. Então viu uma senhora simpática aproximar-se, pedalando uma bicicleta antiga. Quando se aproximou, cumprimentou:
Doralice: Bom dia Juliana!
Juliana estranhou a mulher chamar-lhe pelo nome, como se a conhecesse, bem como a bicicleta, que era antiga e estava em perfeito funcionamento. Gentilmente Juliana respondeu:
- Bom dia! Qual é o seu nome?
Doralice: Sou conhecida como Doralice! Ah! Antes que pergunte, sim, resido nas proximidades dessa região, há muito tempo.
Juliana: Ah! Então a senhora conhece todos os moradores que residem aqui nessa região, inclusive o Sr. Barnabé...
Doralice: Sim! Eu ando por todas as casas, mas por essa aí não.
Juliana: Como assim? Não gosta do Sr. Barnabé?
Doralice: Eu o conheço e ele é perturbado! Muitos acontecimentos estranhos estão ligados a esta casa. A casa e essa mata têm uma ligação forte, por isso, acontecem os eventos estranhos que ele conta.
Juliana, sem saber ao certo quem era a senhora, não querendo entrar nos eventos sobrenaturais e sobre a sensibilidade, prolonga a conversa questionando:
- Ah! Então você já ouviu as histórias que ele conta. Mas, por qual motivo você acha que os eventos relacionados a esse imóvel têm com essa mata? Não seria apenas situações naturais?
Doralice: Existe um grupo de almas vagantes das trevas que rondam a casa, que se apresentam para as crianças, no início como sorridentes palhaços, para ganhar a confiança e ao final, tornam-se assombrosos assumindo diversas formas.
Juliana: Não seria isso uma lenda local? O Sr. Barnabé falou disso a pouco, mas como senti o ambiente pesado, pois, não gosto desse tipo de conversas, preferi sair para tomar ar fresco enquanto eles acertam os últimos detalhes. A senhora acredita em almas que ficam vagando e consigam promover esses tipos de eventos? A senhora acredita que uma alma pode se mostrar a outras pessoas e conversar pessoalmente com elas?
Doralice: Nós acreditamos e sabemos que as almas que não compreendem a própria morte física e se sentem presas a visa carnal, ou ainda, que não completaram o entendimento, permanecem presas nesse plano vagando e são capazes de se permitir serem vistas, desde que a pessoa seja sensitiva. Você fez bem em sair, pois, você se incomoda com a presença daqueles que são carregados com "energias" negativas. Você chama sexto sentido, não seria isso? Por isso, pelo que falou, considero que você é bem sensitiva, a ponto de sentir e conseguir ver os... essas almas que vagam entre os planos carnal e espiritual. Você as viu lá na casa?
Juliana: Não vi nada, apenas não me senti bem e por isso saí de lá. Mas acredito que poderia ser por causa do morfo que me incomodou. Você também é sensitiva e consegue ver eles?
Doralice: Não sou sensitiva como você entende, é diferente, porém, não saberia como te explicar sem te assustar. Mas, eu os vejo por toda a parte, mas não quero ser vista por eles, pois, eles são maus e me incomodam. Você estava ouvindo o Barnabé falar dos moradores que foram amedrontados, e sabe que são verdadeiros os relatos e inclusive o que narraram sobre as suas crianças, que as almas não as deixavam dormir, sendo isso o que mais incomodavam eles. Amanheciam cansados e aborrecidos, o que complicava mais ainda e facilitava na estratégia dessas almas perdidas nas trevas. Se você tem filhos pequenos, não os traga para cá.
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A ENCANTADORA BRUXINHA ENCANTADA
Teen FictionLivro aborda a história de Julia Bentez, praticante da bruxaria branca, ensinada por sua mãe Juliana. O seu pai, Júlio Bentez, é praticante da magia negra, sendo o conhecimento herdado do avô de Julia, conhecido como Chiquinho do tambor. Julia tem d...