Essa sou eu tentando.

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"Você tem refrigerante?"

"Não, só tenho suco", respondo, enquanto coloco uma porção considerável de macarrão com queijo no prato dela. "Que careta é essa? Como é que você consegue manter esse corpo comendo tanta besteira?"

Adalyn caminha até a pia, abre a torneira e começa a lavar as mãos. Eu me sento à mesa e fico encarando ela mais do que gostaria, sem esconder a minha curiosidade de saber como ela consegue se manter em forma. Ninguém consegue ter um corpo tão cheio de curvas e uma barriga chapada comendo besteira.

"Eu malho quando posso", ela fecha a torneira, seca as mãos no pano de prato na pia e olha para mim. "E quando a preguiça deixa. Fica espantada não, mas eu trocaria qualquer bebida por refrigerante. É sério. Até a água."

"Não pode estar falando sério."

"Eu tô, pode acreditar."

Adalyn me encara como se tivesse dito a coisa mais normal do mundo, uma coisa da qual ela sente orgulho de dizer, porque talvez não seja tão pior do que trocar um prato com verduras e legumes por um hambúrguer ou pizza. Para mim dá no mesmo, não que eu seja uma chata de carteirinha que odeia lanches, mas levo muito a sério a palavra moderação.

"Então, Carolina", diz ela, saboreando o meu nome e indo até a geladeira. Adalyn abre a porta e pega a jarra de suco, depois vai até o armário e pega dois copos. "Já estou me sentindo em casa, né? Revirando suas coisas como se tivesse direito. Fica à vontade para me mandar para a puta que pariu."

Adalyn puxa uma cadeira e senta, enquanto me serve com um copo de suco sinto o cheiro do seu perfume vir até mim, é doce e suave, bem levinho. Tem um cheiro espetacular, meio de rosas com alguma outra coisa que não consigo identificar. "Tá tudo bem?"

"Hã?"

"Você. Calada. Tá tudo bem?", insiste.

Faço que sim.

"Certo", ela me encara, recostando na cadeira. "Falei algo de errado? Você não gostou que eu revirei suas coisas, né? Olha, me desculpa."

"Quê? Não. Não tem nada a ver com isso, eu só estava pensando."

"Em quê?", ela pergunta.

"Ah, você não vai querer saber."

"Eu quero sim, foi por isso que perguntei."

Engulo em seco antes de pronunciar uma resposta. Eu nem devia ter dado brecha para uma pergunta dessa ser feita, mas sou uma completa idiota. "Gostei do seu perfume."

Adalyn não esboça nenhuma reação. Na verdade, a única coisa que indica que ela me ouviu é a coloração avermelhada nas suas bochechas. Ficamos nos encarando por um tempinho, quero quebrar o silêncio, mudar de assunto, mas do que eu vou falar? Não faço ideia do que conversar com alguém que está doida para me levar para a cama.

Para minha sorte é ela quem quebra o silêncio. Antes, coloca uma mecha do cabelo platinado atrás da orelha.

"Aqui", ela levanta da cadeira, se agacha no chão ao meu lado e exibe o pescoço para mim. "Vê se é bom mesmo."

Eu me inclino e cheiro o pescoço dela, Adalyn se inclina mais um pouquinho para a frente e fecho os olhos para absorver o seu perfume, o seu cheiro. É tão bom. É tão... ela. Até o aroma da comida se dissipa com o perfume e o cheiro de Adalyn.

Abro os olhos quando ela se afasta, seus olhos me encaram de um jeito que eu não faço ideia se ela pretende me beijar ou não, então Adalyn faz aquela coisa do olhar triângulo. Sei que Laura me falou alguma coisa a respeito do que isso significa, mas eu não lembro porque estava bêbada demais no dia para prestar atenção.

Mandou bem, Carrie. É isso aí! (Romance sáfico)Onde histórias criam vida. Descubra agora