Amor, perda e legado.

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Estou sentada atrás do balcão de atendimento do Adam Point, olhando fixamente para o meu celular, esperando uma mensagem de Laura depois de eu ter contado a ela tudo o que aconteceu entre mim e Adalyn no mês passado. Eu estava tentando correr dos detalhes, mas Laura não parava de me perguntar a respeito, então meio que fui obrigada a contar como a coisa toda aconteceu com uma riqueza extrema de detalhes.

As meninas da Butterfly estão jogando, o que significa que Adalyn está lá dentro disputando com uma equipe de outra cidade. Estou começando a achar que minha sogra — mãe do Adam — tem razão, já está na hora de eu contratar uma pessoa para assumir meu lugar na recepção do estabelecimento. Querendo ou não, tem dias que passo mais tempo aqui do que em casa e nem sempre tenho a disponibilidade de ir visitar os pais de Adam por conta dos clientes.

Talvez fazer o anúncio no Facebook não seja uma má ideia, no entanto, Laura já tinha me dito que o Facebook é uma rede social meio ultrapassada, que as coisas agora ficam bem mais acessíveis quando são divulgadas no Instagram. Criei uma conta no mês passado e nunca mais entrei, então aproveito meu tempinho livre e de silêncio para acessar e descobrir que, em trinta dias, ganhei mais de dois mil seguidores.

Uau. Caramba. Mando uma mensagem para um dos meninos da Patronos, Moisés é quem manja tudo de computador, ele consegue fazer qualquer coisa com um mouse e um teclado. Peço para ele criar o anúncio para mim, como ele costuma fazer quando está vendendo celulares ou motos, e em meia hora recebo a imagem perfeita para postar no feed e divulgar que estou a procura de um funcionário.

"Você devia ter trocado aquela runa", a voz de Ingrid se eleva atrás de mim. "A gente avisou para você mudar."

"Como é que é?", Adalyn sai furiosa da sala, seguindo Ingrid e o restante das meninas. "Se vocês não ficassem o tempo todo querendo mostrar quem faz mais kill, aquele barão teria sido nosso. Então nem vem colocar a culpa em mim, porque eu chamei vocês e ninguém veio."

Jazmyn se afasta um pouco das duas, fica só parada olhando elas discutirem. Devem ter perdido a partida e uma boa grana também, o pessoal daqui só costuma jogar apostando. Fernanda me dá um sorriso complacente, quase um pedido de desculpas por eu estar presenciando a discussão.

"Nosso ADC estava indo até você, Adalyn", Ingrid argumenta. "O resto do time ia logo em seguida. Perdemos uma partida porque você não roubou a porra do barão."

"Pois é", diz Adalyn, dando de ombros. "É sempre mais fácil colocar a culpa toda no jungle. Eu fui para cima, tentei fazer a minha parte."

Dou uma encarada em todas elas. "Eu geralmente não me meto na discussão de equipes, mas vão para casa, relaxem, durmam e conversem amanhã. No momento, vocês só vão querer jogar a culpa uma na outra e isso não vai levar a lugar nenhum."

"Sim, isso mesmo", Fernanda confirma. "Carrie tem razão, gente. Não adianta nada ficar discutindo, já perdemos, bola pra frente."

"Quando o time perde, não existe culpado. Adalyn jogou bem pra caralho, Ingrid. E você também. Todas nós. Derrotas acontecem o tempo todo, foi só a nossa primeira, ainda temos mais uma antes de sermos desclassificadas", Rebeca intervém.

"Só que a grana...", a voz de Ingrid falha.

Adalyn coloca a mão no ombro dela. "Eu sinto muito. Mas a gente vai se recuperar, vamos treinar um pouco mais. Não dá para negar, a equipe adversária era muito boa, a troca de rotas deles confundiu um pouco a gente, mas agora que conhecemos a estratégia deles podemos jogar melhor da próxima vez."

Ingrid balança a cabeça. "Tá, vamos fazer isso. Desculpa ter te mandado tomar no cu."

Adalyn cai na risada, jogando a cabeça para trás. "É, bom, eu te chamei de puta, então acho que estamos quites, né?"

Mandou bem, Carrie. É isso aí! (Romance sáfico)Onde histórias criam vida. Descubra agora