CAPÍTULO QUATRO

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— Mãe! Acorda, acorda, acorda! — ouço a voz de Kiraz soando bem longe de mim.

Fui dormir tarde. E, pela primeira vez depois de semanas indo dormir tarde sem escrever nada, hoje ao menos eu posso acordar um pouco feliz sabendo que escrevi pontos aleatórios de uma história ainda sem base.

— Só mais dez minutinhos — eu peço, virando de lado e tentando voltar a dormir.

— É melhor você levantar — ela avisa. — Está uma zona lá fora, Fifi e Melo estão enlouquecendo.

Enlouquecendo?
Elas brigaram?

— O que aconteceu? — pergunto ainda sem me mexer da cama.

Talvez nem seja tão urgente assim, já que Kiraz permanece alguns segundos calada antes de voltar a falar.

— Olha eu não sei como contar isso, mas estácheiodejornalistasláforaeseunomeestácirculandoportodosjornaisdopaís — Kiraz se atrapalha com as palavras, despejando tudo de uma única vez.

Aspecto esse que eu acho fofo, mas que só acontece quando ela está realmente nervosa.

— Querida, por favor, fale pausadamente.

— Eu acho melhor a senhora ver com seus próprios olhos — ela pega minha mão e me puxa, me fazendo acompanhá-la até a janela do quarto.

Puta que me pariu!

O gramado do jardim está tomado por jornalistas. Homens e mulheres com celulares nas mãos, fotógrafos firmemente posicionadas enquanto Fifi está na porta da frente gritando para que todos dêem o fora dali.

— Kiraz, o que... — eu não consigo nem terminar a frase.

Loucura.
Isso é loucura demais.
Eu devo estar sonhando ainda...

— Acordei com Can, meu amigo da escola, me mandando mensagem perguntando se não era minha mãe na foto — ela explica. — Foi quando vi que a senhora estava estampando a capa do jornal.

Ela pega o celular e me mostra.

E lá está eu.
Sorrindo olhando para Serkan, enquanto segurava uma xícara de café nas mãos. Nas outras mostra o momento da chamada de vídeo, quando ele ficou ao meu lado para conversar com Kiraz, e bem, merda, as últimas fotos são uma sequência de quando ele comprava a rosa e me entregava.

— Isso não pode estar acontecendo — é a única coisa que sai da minha boca repetidas vezes.

— Uh... eles conseguiram nosso endereço, descobriram seu nome, sua profissão — Kiraz continua a me informar.

Jesus Cristo, me ajude, por favor!

— E piora — tem como piorar? — Tudo está nos sites de fofoca, eles agora só querem saber se vocês estão namorando — ela explica. — Mas alguns sites já falam que vocês estão praticamente noivos e que uma fonte que estava no café disse que vocês pareciam muito apaixonados, que Serkan te tocava toda hora.

— É mentira! — eu quero gritar.

— Eu vou matá-los! — Fifi entra no quarto.

— Nós sequer conseguimos sair para trabalhar porque eles estacionaram os carros fechando nossa passagem — Melo também se junta a nós, parecendo frustrada.

Não é possível que isso esteja acontecendo.
É um pesadelo.

— Aliás, Ceren já ligou para mim milhares de vezes, disse que tem tentado ligar para você mas seu celular não chama.

Que inferno, com tudo que aconteceu ontem eu acabei esquecendo de colocá-lo para carregar.

Pego minha bolsa e tiro o celular de dentro, correndo até uma tomada para colocá-lo para carregar. Quando o visor liga, vejo as inúmeras ligações perdidas e uma mensagem de Ceren: "Posso saber porque a nossa agenciada está estampando as capas dos jornais de fofoca de todo o país? Me ligue, com urgência!"

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