CAPÍTULO NOVE

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Ao entrar em casa Fifi está sentada no sofá da sala, mas finge não me ver entrar quando a porta se fecha. Vejo que o sapato de Kiraz está ali, então ela provavelmente já chegou da escola e deve estar no quarto.

O clima ainda é estranho pelo desentendimento que tive com as meninas, mas assim como ela ignorou minha entrada eu também vou fingir que não há esse enorme elefante da discórdia entre nós.

— Kiraz? — Eu chamo por ela no corredor do primeiro andar.

— Aqui! — sua voz vem do quarto.

Entro e a vejo no computador. Suas coisas já estão arrumadas, ela está de banho tomado e ao que parece está conversando com suas amigas online.

— Como foi a aula?

— Normal.

Ela é monossilábica na resposta, coisa que tem se tornado comum com sua passagem para a pré adolescência. Sinto falta da minha bebezinha...

— Faz tempo que você e suas tias chegaram?

— Eu cheguei primeiro — ela avisa, pausando o computador. — Aliás, tive que ficar na porta esperando alguém chegar. Onde você estava?

Ela é observadora e sabia que eu não tinha compromissos e deveria estar em casa.

— Eu quero conversar com você sobre isso.

— Iiihhh... porque você está tão estranha? Eu sei que vocês brigaram, mas vocês sempre se resolvem, não precisa tanto drama com isso.

Então surge um bip do computador, fazendo ela voltar a atenção para ele.

— Eu bem que desconfiava!

— O que foi?

Ela mostra a mensagem da amiga dela contando que as gravações do reality show com Serkan começarão nos próximos dias. Há um link para a notícia também.

— Ah, é isso...

— Você não parece surpresa — ela cruza os braços. — Você já sabia?

— Eu? Não, não, não... — eu minto rápido demais.

— Você sabia! — ela me acusa. — Puta merda, você estava com ele, não estava?

Deus, porque tu me destes uma filha tão inteligente?

— Cuidado com essa língua, Kiraz Yıldız! Eu te dei bons modos.

— Desculpa — ela fica com vergonha pelo descuido com os palavrões. — Você estava com ele? Ele ainda te manda mensagens?

— Eu estava com ele hoje, mas foi por razões.... uh... comerciais. É sobre isso que eu quero falar com você.

Kiraz me olha desconfiada, mas não diz nada, esperando que eu dê continuidade ao assunto.

— Você quer... mudar de casa... morar em outro lugar?

— Mãe...

— Eu sei que é repentino, mas você sabe que estou buscando isso há um tempo. Não está nada certo ainda, apenas surgiu uma boa oportunidade, queria que você conhecesse o lugar também.

Ela suspira.

— Eu vou estar aonde você estiver, mãe — ela é carinhosa ao dizer —, mas acho que essa conversa você precisa ter com as minhas tias.

E Kiraz está certa.

— Ok, ok, senhorita sabichona, você está certa. Vou apenas tomar um banho e então eu desço para conversar com elas. Você me ajuda?

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