CAPÍTULO CINCO

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A casa que divido com Fifi e Melo é pequena. No primeiro andar nós temos os dois quartos, um que eu divido com Kiraz e o outro de casal que minhas amigas ficam, no andar de baixo nós temos uma cozinha, uma pequena biblioteca no corredor e uma sala de estar razoavelmente maior, porém nesse momento parece que não há espaço suficiente e eu sinto que estou hiperventilando porque Serkan Bolat acabou de entrar.

Eu tento me convencer que essa reação é unicamente por ele ser um cara famoso e não pelo fato de que ele é... bem, uma delícia para os olhos.

— Sua casa é bonita — ele elogia, suas mãos bem postas no bolso da calça, enquanto ele olha ao redor e parece estar com vergonha pela presença das minhas amigas e Kiraz.

— Obrigada, a casa é minha e das minhas amigas — aponto para elas. — Kiraz eu já não preciso apresentar, mas estas são Fifi e Melo.

— É Figen para você — Fifi diz, aceitando o aperto de mão. — Ainda não decidi se você merece me chamar pelo apelido.

Fifi sendo Fifi...

— E você está certa, senhorita Figen — ele sempre aceitando as críticas.

— É senhora — Melo corrige. — Nós somos casadas.

Elas não são, ao menos não no sentido burocrático da palavra, mas encaro Melo porque não é algo que combine com ela tentar uma abordagem passiva agressiva com alguém. Mas eu sei que, no fundo, as duas devem estar apenas o testando para saber se podem confiar no que ele diz.

— C-claro, desculpe, eu não sabia — ele gagueja um pouco, tornando tudo ainda mais engraçado pra mim. — Vocês formam um casal lindo.

Serkan fica tão vermelho que até suas orelhas parecem pequenos tomates e eu não consigo segurar a gargalhada, sendo acompanhada pelo sorriso de Kiraz também.

— Elas estão brincando com você — minha filha diz entre arfadas.

— Acostume-se com isso, nossa família é assim.

Melo e Fifi sorriem também, e Serkan nos acompanha ainda parecendo um pouco assustado.

— Eu vou me acostumar — ele diz olhando pra mim.

Intenso demais.
Ele não pode me olhar que eu já sinto coisas que há muito tempo estavam adormecidas dentro de mim.

— Mas então, café?

— Claro, estou aqui por isso, não estou?

— Não sei — respondo. — Achava que você estava mais interessado pelos xingamentos pecaminosos que viriam.

O olhar dele muda.
Há algo mais ali... algo diferente, pronto para entrar em ebulição.

— Ok, ok — Fifi intervém na conversa. — Adoraríamos participar da sessão de xingamentos gratuitos, mas amanhã precisamos acordar cedo.

Oh, certo, eu havia esquecido novamente que nós tínhamos plateia.

— Já está tarde — Melo complementa. — E você mocinha — ela aponta para Kiraz — Pode ir escovar os dentes e passar direto para a cama.

— Mas tia... — ela tenta contestar e me olha — Mãe... por favor...

— Já está na sua hora — eu não posso dar meu braço a torcer mesmo quando ela faz esse rostinho fofo que sempre me ganha. — Amanhã você tem aula cedo, obedeça suas tias e seja uma boa garota na frente da visita.

— Boa noite, Serkan — ela diz meio a contra gosto, o rosto emburrado e caminha em direção as escadas.

— E meu beijo? — eu peço.

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