TABLE SIX

CAPÍTULO DEZ

Acordo cedo, faço o café da manhã e espero que minha filha e minhas amigas venham até a mesa.

— Vou ter um encontro com a corretora de imóveis hoje às onze horas da manhã, vocês irão comigo?

Pergunto assim que todas se organizam na mesa. Depois da nossa noite o clima estranho que estava na casa foi dissolvido, então não preciso ser devagar em abordar o assunto.

— Já hoje?

— Sim, recebi a mensagem ontem antes de dormir — oculto Serkan da história de novo.

— Infelizmente não vai dar, tenho reuniões importantes no trabalho — Melo diz.

— Desculpa Eda, hoje é dia do meu plantão — Fifi se desculpa. — Até meu horário para o almoço será inexistente.

Bem, isso é uma merda.
Eu realmente queria que elas opinassem.

— E você, Kiraz? Eu deixo você faltar a aula, converso com a sua professora depois.

— Ah, mãe... — ela fala com a boca cheia de maçã. — Hoje vão nos apresentar um novo projeto de teatro, a senhora sabe o quanto é importante para mim, não quero faltar.

Kiraz sempre gostou de assistir filmes. Enquanto bebês normais ouviam músicas infantis para se acalmar, Kiraz sempre preferiu ver filmes animados, às vezes só parava de chorar dessa maneira. Então foi quase natural para ela crescer interessada pelo mundo do teatro, por isso a matriculei em uma escola que tivesse aplicação em artes.

— Ah, eu... uh... tudo bem, eu tento marcar outro dia que todas vocês possam ir — não é como se eu fosse realmente ficar com o apartamento, ainda há muita coisa pela frente, penso.

Todas elas saem para seus afazeres enquanto eu permaneço em casa. Tento escrever enquanto as horas não passam, mas a ansiedade para que eu não me atrase acaba vencendo minha criatividade e eu não faço nada de realmente útil até estar de frente para o prédio onde a corretora está me esperando.

Antes de sair de casa Serkan avisou brevemente que ela estaria na porta do apartamento e que a portaria já estava ciente que eu entraria para encontrá-la. Então foi fácil demais entrar no lugar e me apresentar a corretora.

— Bom dia! — ela olha o relógio para conferir se a hora estava correta para seus cumprimentos. — Prazer em conhecê-la senhorita Eda Yıldız, eu me chamo Aydan Özcan.

Olhar para essa mulher me traz uma sensação de déjà vu, como se eu já a conhecesse de algum lugar.

— Então, está pronta para rever o apartamento e discutir as propostas do dono?

— Claro! Eu esperei a manhã toda por isso, não consegui me concentrar em mais nada até estar aqui.

Ela sorri e me acompanha.
Nada mudou desde que estive aqui com Serkan, então tudo que ela apontava sobre o apartamento eram pequenos defeitos que com uma breve pintura seriam facilmente resolvidos.

— Devido a esses pequenos defeitos, o proprietário disse que ofereceria uma proposta mais baixa ao valor do mercado — ela termina de dizer quando estamos finalizando nossa tour pelo local. — Ele tem pressa em fechar o negócio, o apartamento já não significa nada para ele.

— Um lugar com uma vista tão linda assim... Eu nunca iria me desfazer daqui.

Mas bem, sorte minha que ele não quer mais ser o dono.

— Às vezes precisamos nos desfazer de algo para que outras pessoas construam novas memórias — ela sorri. — É o que eu costumava dizer para os meus clientes.