CAPÍTULO QUINZE

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— Entre, por favor — eu digo a ele. Segurando sua mão e o puxando para dentro, pegando a tulipa e fechando a porta em seguida, dando adeus a chuva que cai lá fora.

Aqui dentro eu penso no duplo sentido das minhas palavras... Entender que Serkan é alguém que eu estou me apaixonando e que isso é inevitável deveria ser assustador. Mas agora eu percebo que minhas palavras estão dando autorização para que ele entre em minha vida. Definitivamente.

Serkan, entre no meu coração. Mas, por favor, seja gentil porque ele não está acostumado a receber visitas inesperadas... Fique comigo. Me escolha. 

— Oi — ele sussurra, está muito escuro e eu mal consigo enxergar seu rosto, mas posso sentir o sorriso na voz dele.

— Oi — eu respondo como uma idiota. — Melo e Kiraz já estão dormindo, por isso todas as luzes estão apagadas.

— Tudo bem — nós estamos tão próximos que eu consigo perceber que os dentes dele batem de frio. 

— Meu Deus, você está congelando! — eu toco o rosto dele e sinto como a pele está molhada ali. — Serkan, você não deveria ter vindo, você pode adoecer e...

Ele leva a própria mão aos meus lábios, me silenciando. 

— Eu estou onde eu queria estar — ele diz, sua voz grave fazendo minha pele arrepiar, mas eu não estou com frio, pelo contrário, eu me sinto quente. — E estou melhor do que bem.

Ele sussurra a última parte bem ao lado do meu ouvido, deixando um roçar de lábio no meu pescoço, mas seus lábios frios são como uma descarga elétrica no meu corpo. 

— Não é um horário de visitas amigáveis... — a parte chata da minha consciência sussurra pra ele. 

— Eu sei — ele deixa mais um beijo, dessa vez no meu ombro. 

— Se eu permitir que você fique, isso vai mudar tudo... — eu tento me concentrar, mas os lábios dele continuam a passear na minha pele. 

— Uhumm... — ele meio diz, meio geme. Me fazendo estremecer com o som grave da sua garganta. 

— Na verdade você também não pode ficar porque eu não tenho um quarto a oferecer... — a parte prática do meu cérebro percebe esse detalhe e eu me vejo pensando em mudar minhas coisas para o meu apartamento ainda hoje. 

Ele ri. 
E esse som preenche o meu mundo.

— Eu sei — ele fala contra a minha pele.

A alça da minha roupa de dormir desliza ficando presa ao meu braço e ele aproveita para beijar esse novo espaço, eu posso sentir ele provar minha pele com a língua.

— Eda Yıldız... — ele chama meu nome na escuridão, sussurrando enquanto sua mão fria segura minha cintura e me prende ao próprio corpo. E eu amo a forma que meu nome desliza pela língua dele — Eu posso te beijar? 

Já li o suficiente da literatura para saber que esse momento estava chegando. Mesmo se a vontade de Serkan não tivesse sido verbalizada, mesmo se ele não estivesse pedindo para me beijar, eu sabia que ele não iria atravessar a cidade tarde da noite para apenas me ver, e mesmo se esse fosse o caso, eu não deixaria de me apaixonar por ele. 

Mas ouvir ele pedir para me beijar, pedir autorização para que pudesse definitivamente juntar nossos lábios, fez aquela parte de mim, a romântica adormecida, despertar e dominar cada pedaço da minha matéria. A forma que meu nome deslizou pela língua dele me fez querer rodopiar e explodir no céu como pequenas estrelas saltitantes. 

Muito se fala sobre o encontro dos lábios, o envolver de línguas e o prazer da química corporal entre duas pessoas, mas pouco se fala do momento que antecede ao beijo... A mão dele cada vez mais firme segurando minha cintura, sua respiração próxima a minha, a corrente elétrica que nos aproxima e me faz torcer os dedos dos pés para que eu possa ficar na mesma altura dos lábios dele... E então o ápice final, quando o ambiente é preenchido pelo som da nossa vontade sendo consumada. 

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