prólogo.

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El alem allah ad eih,

Só Deus sabe o quanto,

Alby we rohy dabo feek.

É profundo meu amor por ela.

El Alem Alah - Amr Diab

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Era uma vez, um jovem e poderoso sultão.

Assim como os seus ossos, o seu nome foi perdido em meio às dunas ingratas a tenebrosas do tempo, que assopraram os vestígios de sua vida com o mesmo coração duro com que tratou os resquícios do seu corpo e do seu castelo quando morto.

Além da história que vou lhes contar, nada mais restou do seu império - os montantes de ouro e diamantes que acumulou ao longo de sua amarga e triste vida não foram o suficiente para o povo lembrar de seu nome ou do seu rosto, pois a história de sua derrocada suplantou-lhe um apelido: o Azarado.

Pois bem... Nem sempre o sultão, o Azarado, foi azarado, amargo e triste. Havia em seu caminho muitos motivos para que fosse feliz e vivesse com plenitude, pois, além das ricas moedas em seus cofres, o sultão também recebeu uma rica educação em filosofia e política, o que o tornaram um homem poderoso e instruído com pouca idade. Poderoso o suficiente para que se tornasse o sucessor do seu pai quando este veio a falecer em meio a uma guerra qualquer nos confins da Pérsia, em meio a um período em que os homens não viviam o suficiente para ver os seus filhos tendo filhos.

O jovem sultão, herdeiro único do vasto império resguardado e temido desde os primórdios de sua linhagem sanguínea, herdou não apenas a terra e o ouro de seu pai: entre os tesouros, estava um vasto harém, com dezenas de concubinas ansiosas por fazer-lhe feliz

Entre elas, a sua mãe, ainda rejuvenescida, atraía-lhe com favos de mel e pedaços saborosos de ambrosia os encantos das outras mulheres, mães de suas irmãs, nunca de irmãos, que poderiam ser invejosas da sua fortuna masculina e tenderiam a envenená-lo com a mesma facilidade com que sorriam para as suas traquinagens.

Logo, o jovem e vigoroso solteiro ruivo de 25 anos se viu responsável por centenas de mulheres que tentavam atraí-lo para as suas camas, as mesmas onde havia dormido antes mesmo de ter a sua primeira polução noturna, o que o fazia rir.

Entre elas, entretanto, sem ser uma das inúmeras amas de leite que compartilhou com as irmãs ao longo de sua infância úmida, ou então entre as próprias irmãs que aprendiam as artes do amor e da beleza com a suas tias, havia um pequeno tesouro acobreado que o homem descobriu ao firmar a sua aliança de noivado com uma noiva estrangeira, das áridas e inférteis terras geladas do Norte, uma princesa nórdica de cabelos dourados e olhos de turquesa que não lhe despertava nada, quando comparado com o brilho de sua concubina entre os lençóis amarelados de seda que guardavam as suas pudicências.

A jovem garota havia florescido havia pouco tempo, sendo preservada longe dos olhares dos homens em uma óbvia tentativa de preservar a sua inocência, que escorria pelos seus olhos castanhos esverdeados de corça.

Uma presa perfeita, oculta dos prazeres humanos a menos que o jovem sultão a escolhesse para presenteá-la com a sua turgidez, com o seu peso de homem.

No dia do seu casamento, com os inúmeros homens nórdicos de olhos de gelo encarando-o com expressões rígidas, já congeladas pelo frio enfrentado pelo caminho para a entrega da tão aguardada noiva, o jovem sultão aceitou a mão da mulher loira, tornando-a sua esposa, enquanto ainda poderia sentir o aperto das entranhas da sua concubina em seu membro, o seu cheiro ainda dentro das suas narinas, o sabor da sua pequena boca rosada na sua língua, doce e almiscarado, nunca sobrepujado pelo beijo frio e pálido da sua esposa amarelada, nunca dourada - pois a bicou com rigidez nas bochechas, evitando os seus lábios como o próprio Diabo que se sentia.

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